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Relatos emocionantes marcam evento sobre autismo em Vitória

O encontro contou com a presença de diretores das unidades de ensino e profissionais da rede, familiares e envolvidos na mobilização pelos direitos dos autistas

Foto: Prefeitura de Vitória/ Leonardo Silveira

Para encerrar o mês de abril e as ações de conscientização sobre o autismo na rede municipal de ensino de Vitória, a Secretaria de Educação (Seme) organizou o evento "Autismo: conhecer para melhor acolher", com palestras e mesas de diálogo.

O evento contou com a presença de diretores das unidades de ensino e profissionais da rede. Durante a roda de conversa, os familiares e envolvidos na mobilização pelos direitos de pessoas com transtorno do espectro autista puderam falar e contar suas experiências.

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Atualmente, a rede municipal de ensino de Vitória tem 2.444 crianças e estudantes  da educação especial. Do total, 1.306 são autistas de diversos níveis.

"O que a gente mais quer é que os nossos estudantes estejam em todos os espaços. Eu não acredito que haja uma boa educação se ela não for boa para todos. Não tem que ser o trabalho de uma escola, tem que ser o trabalho de uma rede", enfatizou a coordenadora da Educação Especial, Carla Gagno.

Neurodiversidade

A terapeuta ocupacional Lívia Hosken, que também é mãe de Heitor, matriculado no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Cecília Meireles, em Monte Belo, fez uma apresentação sobre "Neurodiversidade, autismo, interdisciplinaridade".

"Cada ser humano, em sua composição cerebral, é único, independente de ser típico ou atípico. Não existe um padrão de normalidade. A diversidade caracteriza a composição de cada cérebro humano. A maioria dos autistas tem algum grau de disfunção sensorial. Algumas teorias nos ajudam a validar o indivíduo como um ser complexo", explicou.

Educação inclusiva 

Envolvida com a produção literária na Emef Rita de Cássia Oliveira, a diretora Elaine Cristina Vieira falou um pouco sobre os processos envolvendo a construção da educação inclusiva.

"Quando eu me tornei coordenadora do tempo integral, entendi que a palavra inclusão é muito complexa. A gente só passa a enxergar quando a gente está dentro. Não podem existir grupos transparentes na escola, os estudantes da educação especial são estudantes da escola, são estudantes da turma. Sim, são muitos desafios. Mas tem que ser todo mundo junto e misturado, ninguém pra trás. Acreditamos que a cada dia nos tornamos mais inclusivos, uma vez que a inclusão é um processo, um princípio ético que norteia a ação pedagógica da escola. A gente quer que todos os nossos estudantes voem muito alto", afirmou a gestora escolar.

A experiência das famílias

Paula Pazolini, promotora de Justiça Criminal do Município de Serra, apresentou casos, relatos a respeito do autismo, lembrando que cada etapa que a família passa na rede de ensino é um novo desafio.

"A gente não transforma o mundo sozinho. A inclusão é um desafio para as escolas. Só vamos conseguir incluir quando os direitos e garantias forem para todos. A rede pública é garantidora de direitos enquanto as crianças e estudantes estão na escola", destacou.

Entre os apontamentos feitos, a relação família-unidade de ensino foi destaque. A Empreendedora e mãe de autista, Viviana Monteiro emocionou a plateia com seu depoimento, fazendo um relato que as pessoas não acolhem o que não conhecem e que isso pode acontecer dentro das famílias também.

Além disso, ela pontuou que a maneira que as escolas se relacionam com as famílias das crianças autistas faz toda a diferença.

"O maior pesadelo de uma mãe solo de uma criança autista é a escola ligar e dizer 'Vem buscar seu filho'. E isso não aconteceu aqui em Vitória. O meu filho foi acolhido na escola. E eu entendi que eu só conseguiria cuidar dos meus filhos se eu fosse parceira da escola. Eu não conhecia o autismo, eu precisei conhecer, entender, para acolher os meus filhos. Hoje, eu trabalho e sei que tem uma equipe de professores, pedagogos, coordenadores que mudaram a história da minha vida, que mudaram a história dos meus filhos", afirmou.

Os filhos da empreendedora estão matriculados na rede municipal de Vitória, eles estudam na Emef Adão Benezath, localizada no bairro Antonio Honório.

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