Acampados na Ufes, alunos pedem diálogo com reitoria: "Sem conversa, não vamos sair"
Ao longo da manhã desta terça-feira (30), alunos e até mesmo professores que tentaram acessar o campus de Goiabeiras, foram impedidos de entrar
Continuam fechados os portões de acesso à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Desde a noite de segunda-feira (30), estudantes fazem protestos por conta das mudanças nas roletas de acesso ao Restaurante Universitário (RU).
O grupo é formado por universitários de diversos cursos. A estudante de Serviço Social, Yasmim Rodrigues, falou em nome do grupo e explicou que o protesto é pacífico, mas que o grupo busca um diálogo com a reitoria da universidade.
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"Estamos ocupando a universidade e impossibilitando mesmo que a universidade funcione e produza, por conta das decisões arbitrárias da reitoria ontem, quando fizemos uma manifestação pacífica por conta da precariedade do RU, do aumento exorbitante do preço, da qualidade, que está baixíssima cada vez mais. Numa decisão arbitrária, o reitor decidiu, como punição para os estudantes, fechar o RU ontem no jantar e hoje o dia inteiro", destacou.
Na tarde de segunda-feira (29), a Ufes comunicou o fechamento do restaurante, destacando que "a suspensão das atividades é uma medida necessária para que se restabeleçam as condições de segurança, de trabalho e de organização adequada para o fluxo de fornecimento das refeições, comprometidas por uma manifestação de estudantes no RU de Goiabeiras."
Para a estudante, o funcionamento do Restaurante Universitário é imprescindível para a permanência dos alunos no local, especialmente os de baixa renda.
"O RU é caracterizado como uma política de permanência estudantil. Um espaço fundamental, principalmente para os estudantes pretos, periféricos e transsexuais da nossa universidade, que já têm muita dificuldade de se manter aqui dentro. Por conta dessa decisão, estamos aqui hoje para dizer que não vamos deixar barato, que enquanto a gente não tiver acesso a todos os direitos de forma plena, nós por direito não vamos arredar o pé daqui", disse.
"A gente só vai fazer um movimento de acabar quando o reitor se colocar para conversar com a gente. Até o momento não foi realidade. Se colocou para conversar com a gente, mas deu uma resposta extremamente autoritária e não é bem assim que funciona".
Protesto ao longo do dia
Ao longo da manhã, alunos e até mesmo professores que tentaram acessar o campus de Goiabeiras, foram impedidos por um grupo que está acampado na universidade desde a noite de segunda-feira (29).
"Sou professor do Departamento de Ciências Sociais e vim para uma reunião. Eles estão protestando contra o RU, sobre a dificuldade de negociar com o reitor. Há anos a universidade sofre com subfinanciamento e as condições do RU também são deploráveis. Recentemente, por exemplo, teve um caso público de comida estragada", afirmou um professor.
O que diz a Ufes?
Por meio de nota, a Administração Central da Ufes destacou que respeita o direito de manifestação e defende que o diálogo é o melhor caminho para a solução dos problemas. Coerente com esse posicionamento, realizou na tarde desta segunda-feira (29) uma reunião com lideranças estudantis para entender melhor as demandas dos estudantes e construir soluções comuns.
A Administração Central reforça que está comprometida em promover melhorias nos RUs que valorizem ainda mais o seu papel na política de permanência estudantil, dentro das condições orçamentárias que dispõe.
Por essa razão, foi nomeado um grupo de trabalho para estudar soluções para a melhoria no acesso e no atendimento dos restaurantes universitários. Os resultados serão apresentados e discutidos com representantes estudantis assim que as atividades forem concluídas.
Sobre os estudantes que pulam a roleta do RU, a Ufes afirma que mantém um Programa de Assistência Estudantil (Proaes/Ufes) que assegura aos estudantes participantes a isenção total da refeição nos Restaurantes Universitários (RUs).