Centro de Vitória é celeiro cultural para antigos e novos empreendedores
Novas obras de revitalização e empreendimentos na região têm colocado o Centro de Vitória no radar de possíveis moradores, consumidores e apreciadores da cultura
Não só de carnaval de rua e bate-papo nas cadeiras dos tradicionais botequins vive a cultura no Centro de Vitória. Na região, é possível encontrar museu, teatro e música.
Os roteiros são diversos e as distâncias são curtas. Em uma única manhã, há tempo suficiente para visitar museus, igrejas e, ainda, saborear um almoço refinado e tranquilo em algum bistrô da região.
Durante a tarde, ir ao teatro ou fazer um piquenique com a criançada no Parque Moscoso podem ser ótimas opções.
À noite, tem samba, jazz, rock, até para quem não quer escutar nada, é só dar uma caminhada pelas ruas e escolher onde ficar.
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Por muitos anos e com o desenvolvimento de outros bairros de Vitória, o Centro vivenciou uma perda de movimento e, consequentemente, de interesses sociais e econômicos no local.
“Foi abandonado”, é, provavelmente, a frase mais escutada ao perguntar para os moradores da capital sobre o que aconteceu com o Centro em um passado recente.
No entanto, agora, o movimento é outro. Novas obras de revitalização e empreendimentos na região têm colocado o Centro de Vitória no radar de possíveis moradores, consumidores e apreciadores da cultura.
Foi o caso de Fabrício Costa, sócio proprietário do A Oca, localizado na Rua do Rosário, fundado há cinco anos. A proposta é de unir gastronomia e cultura, isto porque, além de restaurante, o local é uma galeria de arte.
“Nós escolhemos o Centro de Vitória e temos uma paixão muito grande por aqui, porque tem uma vocação natural à cultura, arte e economia criativa. Vimos potencial. Na época, eram poucos bares e nada parecido com a nossa proposta. As pessoas disseram que o Centro estava esquecido e que nada daria certo, mas passamos por cima disso tudo”, contou.
O lugar é cheio de plantas, cores e música. O estabelecimento dá vida para um imóvel antigo da capital que estava em desuso.
Os pratos apetitosos, drinks diferenciados e uma proposta aconchegante cativam também as pessoas de fora do Espírito Santo.
“Eu tenho uma luta muito grande pela revitalização do Centro, restauração dos imóveis históricos, de despoluição visual e trazer cultura, arte e gastronomia. Temos que criar um espaço forte e bonito para atrair os capixabas e turistas. Já recebi famosos no nosso restaurante e muitas pessoas de fora do estado”, contou.
Loja de discos faz sucesso na Rua Gama Rosa
Não só os novos empreendimentos no Centro de Vitória, mas os que estão há mais tempo também fazem questão de manter viva a cultura na cidade. É o caso do Tarbus Coco de Paula, dono da loja de discos Arte Rock.
"Estou no centro há 12 anos, passei pela rua do Rosário, pelo Mercado da Capixaba e nos últimos anos estou aqui, na Rua Gama Rosa. Sempre trabalhando com vinil, CDs, quadros, camisas e trabalho com eventos. Recebo bandas na porta da loja, com foco no blues, jazz e rock. A gente faz uma festa ", contou.
A Rua Gama Rosa, assim como a Rua Sete de Setembro, estão incluídas nos projetos futuros de revitalização, para permanecerem como centros de cultura e comércio.
De acordo com a Prefeitura de Vitória, serão contemplados, neste pacote, a Escadaria da Piedade, Rua Maria Saraiva, Praça Ubaldo Ramalhete, parte da Rua Professor Baltazar, Rua Treze de Maio e proximidades da Praça Costa Pereira
"Há uma movimentação maior, as pessoas estão vindo ao Centro. Tem gente que adora aqui. No meu caso, o mercado de vinil está em alta, tem uma garotada mais nova buscando a loja e também o público mais velho. Tem, até mesmo, pessoas vindo atrás de CDs. Por aqui, estamos sempre movimentados", concluiu.
Museu Capixaba do Negro
Com 31 anos de história, o Museu Capixaba do Negro (Mucane) foi restaurado e reaberto ao público em setembro de 2023., com um investimento de quase R$ 1 milhão.
Localizado na Avenida República, está a poucos metros do Parque Moscoso, do Palácio Anchieta e, até mesmo, da loja Arte Rock, mostrada nesta reportagem.
O espaço foi o primeiro museu dedicado ao povo afrodescendente no Brasil. Desde então, se tornou um centro de referência para a cultura e visibilidade de artistas e produtores negros, bem como a população negra capixaba.
O subsecretário de cultura de Vitória, Alison Costa Joaquim, fala da importância do centro cultural para a história da Capital.
"O Mucane é um dos equipamentos mais potentes de valorização da cultura negra. Estar presente no Centro Histórico potencializa, ainda mais, a sua atuação. O Centro é o fio condutor das emoções e da identidade cultural da cidade", explicou o secretário.
O edifício possui auditório, biblioteca, área de eventos, museu e mezaninos. Entre os objetivos da revitalização está o de propiciar meios para o desenvolvimento de ações educativas que promovam a conscientização sobre a importância da preservação do patrimônio.
"Os investimentos realizados no Centro, em qualquer área, mas principalmente na área cultural, impactam muito a economia. É trazer a população para o Centro para consumir e utilizar os serviços no local. Isso garante uma movimentação da cidade, uma energia positiva e a movimentação financeira e social", completou.
Atualmente, está aberta ao público a exposição "Espelhos: identidades e representações através de bonecas artesanais".
O museu funciona terça a sexta, de 8h às 12h e das 13h às 17h, e aos sábados de 10h às 14h.
Pontos culturais do Centro de Vitória são revitalizados
Além do Mucane, outros pontos que fomentam a cultura e a história no Centro de Vitória passam por revitalização.
O Viaduto Caramuru, por exemplo, foi reformado e reinaugurado em setembro de 2023, mesmo período de reabertura do museu.
O Mercado da Capixaba está em reforma desde 2022 e tem previsão para ser reaberto em julho deste ano.
Já as Ruas Sete de Setembro e Gama Rosa, que concentram muitos bares e lojas, também vão passar por obras de requalificação, com edital lançado em fevereiro deste ano.
Ao todo, ainda segundo a Prefeitura de Vitória, são cerca de R$ 75 milhões de investimentos em obras de revitalização, englobando ruas, escadarias, centros culturais e edificações antigas, no Centro Histórico de Vitória.