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Com quase 100 anos, Mercado da Capixaba remodelado deve gerar 200 empregos

Conheça a história do local que foi, por muitos anos, o principal ponto comercial da cidade de Vitória e está em fase final de obras

Carol Poleze

Redação Folha Vitória
Foto: Carol Poleze/Folha Vitória

Quem passa apressado pelas ruas mais movimentadas do Centro de Vitória, a Avenida Jerônimo Monteiro ou a Avenida Princesa Isabel, pode não perceber que ali, entre o barulho dos carros e prédios comerciais, uma estrutura antiga luta contra as marcas do tempo.

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Inaugurado em 1926, o quase centenário Mercado da Capixaba deve voltar a funcionar no mês de julho, marcando um novo capítulo na história do Centro de Vitória e estreitando a relação com as novas gerações que não tiveram a experiência de ir a um mercado municipal.

O espaço sofreu um incêndio em 2002 e, desde então, foi se deteriorando até ficar inativo. Foram cerca de 20 anos sem atividade no local. 

Com a reforma, poderão ser instalados restaurantes, lojas de artesanato, bares, cafés, livrarias e outros empreendimentos para o fomento de cultura e gastronomia locais. Serão 16 lojas, além de uma área de 200 metros quadrados no mezanino, onde ficarão duas grandes salas. 

O secretário de obras de Vitória, Gustavo Perin, fala da necessidade de recuperar o funcionamento do mercado e de manter os detalhes históricos da edificação.

Foto: Reprodução TV Vitória
Gustavo Perin
"Era o ponto de encontro e para o comércio e de quem morava na região. Vamos criar ferramentas para reproduzir os adornos em volta do prédio. O desafio é voltar a originalidade arquitetônica. Já estamos fazendo o acabamento para entregarmos a Vitória este equipamento tão importante para a cidade", contou.

Apesar de ser um espaço público, a gestão do estabelecimento será feita por uma empresa, por meio de concessão. A empresa, então, será responsável por administrar os interessados em alugar um espaço no local. O processo de licitação está em andamento.

Com 1600 metros quadrados, o aluguel pelo Mercado será de, no mínimo, R$ 54 mil. O contrato é de 5 anos, podendo ser prorrogado pelo mesmo período. A perspectiva com a reabertura é de gerar cerca de 200 vagas de emprego.

Foto: Arte/Folha Vitória

Mercado da Capixaba é símbolo de crescimento econômico e urbano de Vitória

O Mercado da Capixaba foi inaugurado em 1926 quando, na época, Vitória experimentava um auge econômico e perspectivas de expansões territoriais. 

Boa parte da ilha sequer tinha sido aterrada e, com o desenvolvimento das cidades vizinhas, o Centro era o ponto logisticamente acessível para o comércio.

O historiador e poeta Fernando Achiamé, que também é membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, explicou ao Folha Vitória como o Mercado da Capixaba funcionava nos anos 20.

Foto: Divulgação/ Prefeitura de Vitória
Fernando Achiamé
“Houve expansão da população em alguns bairros, mas a cidade se concentrava mesmo onde hoje é o Centro Histórico de Vitória. Era isso: o centro de tudo, inclusive, dos municípios vizinhos que vinham fazer compras. Poucos anos depois, foi criada a Vila Rubim. A proposta seria que o Mercado da Capixaba atendesse a região norte de Vitória e a Vila Rubim, a parte sul”, explicou.

O nome do estabelecimento, inclusive, faz referência ao nome da avenida na época chamada de Capixaba, que hoje é a Avenida Princesa Isabel. Era a última rua antes do mar, ou seja, o mercado tinha saída para a Baía de Vitória, antes da região ser aterrada e dar espaço ao que, hoje, é a Avenida Beira-Mar. 

"Ele tinha essa importância porque a cidade de Vitória se abastecia ali. Para o lado do mar, tinham as bancas de peixes, por exemplo, a logística era fácil para o pessoal dos armazéns do porto. Também tinha bancas de carnes e pelo mercado se espalhavam as lojas e os comerciantes", completou.
Foto: Acervo / Fábio Pirajá
Mercado da Capixaba e a Baía de Vitória

Então, a ideia do mercado era justamente funcionar no abastecimento de secos e molhados, carnes, frutas e outros alimentos. Além do comércio, já abrigou o Hotel Avenida e, alguns anos depois, foi o auditório da Rádio Espírito Santo.

No entanto, a vida na cidade foi se modificando e, junto ao surgimento da Vila Rubim, o Mercado da Capixaba foi, aos poucos, deixando de exercer a função original. Em 2002, o edifício sofreu um incêndio e, desde então, foi se deteriorando até não ser mais utilizado.

Vinte anos depois, uma reforma foi iniciada no estabelecimento, preservando os detalhes históricos, para devolver a funcionalidade do mercado que foi marco da evolução urbana e econômica da capital.

Moradores estão ansiosos para a reinauguração

A reforma já causa impactos na vida em torno do Mercado da Capixaba. Thiago Cristian mora em frente ao estabelecimento. Em entrevista à TV Vitória/Record, ele, que mora há cinco anos no local, falou da valorização do espaço.

Foto: Reprodução TV Vitória
"Os moradores aqui do Centro estão com uma grande expectativa com o novo mercado, para impulsionar a economia local. Antes, tinham muitos apartamentos vazios para alugar ou comprar. Hoje só você anunciar não precisa esperar muito, alguém já aparece interessado", contou.

Além do restauro das fachadas externa e interna e do telhado, o Mercado da Capixaba, também terá elevador, ar-condicionado e iluminação pública. 

Também passa por reformas a Rua Araribóia, ao lado do mercado, com reurbanização destinada a pedestres e serviços de drenagem, pavimentação e paisagismo. O investimento é de aproximadamente R$ 9 milhões

Foto: Reprodução TV Vitória
Carmem Alice Mayworm

Carmem Alice Mayworm também escolheu o Centro da Capital para morar e a reinauguração do Mercado traz uma nova esperança de movimentação no local.

"O Mercado da Capixaba é pujante. É uma força que fomenta o comércio local, a economia e o turismo. Aqui tem muita coisa bacana e as pessoas estão perdendo", contou.

Para quem frequentou, a reabertura do Mercado da Capixaba será sinônimo de nostalgia de um passado onde a cidade de Vitória estava caminhando para o desenvolvimento urbano.

Para os mais novos, mais uma possibilidade de conhecer e usufruir dos frutos da história da ilha, quando ainda era pequena. 


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