Cultura e negócios: saiba o que está sendo feito para mudar a cara do Centro de Vitória
Projetos de revitalização das edificações e aberturas de novas empresas retomam a movimentação na região central da Capital
Qual a principal memória dos capixabas ao pensarem no Centro de Vitória? Pode vir o Theatro Carlos Gomes, a Vila Rubim, a Catedral Metropolitana, o Forte São João, o Viaduto Caramuru, a Escadaria Maria Ortiz…
É difícil não morar na Grande Vitória e não ter uma lembrança, nem que seja distante, de alguma vivência no Centro da Capital.
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Por muito tempo, o Centro foi o coração de Vitória, onde se resolvia tudo: tinha mais opções para compras, transportes, hospitais, clínicas, prédios comerciais e as sedes da administração pública.
Precisa tirar um documento? Vai ao Centro. Pegar um ônibus para outra cidade ou então apreciar uma peça teatral? É no Centro.
A aposentada Carmen Déa Fraga Melo, de 73 anos, mora há cerca de 40 anos na região do Parque Moscoso, onde criou os filhos e nunca mais saiu. Saudosa, ela lembra: “tudo era fácil por aqui”.
No entanto, o crescimento da Capital e também das cidades vizinhas fez com que a região se tornasse cada vez menos frequentada.
As novas possibilidades de negócios, moradias e de lazer extrapolavam as barreiras do lugar onde, por muito tempo, foi referência dos capixabas.
“O Parque Moscoso bombava, o comércio era bom, tinham muitos moradores. Mas, com a valorização da região da Praia do Canto e Santa Lúcia, as pessoas migraram para lá e os comércios também mudaram-se daqui. Então, a gente ficou meio que abandonado. Foi um abandono gradual”, contou Carmen Déa.
Mas algumas ações em andamento no bairro pretendem trazer o Centro de volta às suas origens e ser um lugar onde as pessoas podem morar, apreciar cultura, marcar compromissos e empreender.
Novas políticas para empreender no Centro de Vitória
Segundo dados da Prefeitura de Vitória, do ano de 2021 até o período atual, em maio de 2024, foram abertas 3,2 mil novas empresas na região.
A partir do ano de 2023, as empresas e também os moradores que se instalassem no Centro de Vitória teriam redução no valor do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial (IPTU).
Para os negócios, por meio do Programa Giro Retrofit, foram criados incentivos como linhas de crédito e investimentos fixos para quem empreender no Centro.
O ano de criação do programa, para se ter uma ideia, foi também o ano com maior abertura de empresas, veja:
Marco Aurélio de Oliveira é comerciante do Centro de Vitória há 23 anos, onde tem uma relojoaria. Além de ter escolhido empreender, ele também é morador desde criança da região, onde cresceu e fez amizades que estão firmes até hoje.
“Eu comecei no Parque Moscoso e depois me mudei para a Vila Rubim. O comércio por aqui era muito bom, depois nunca mais foi o mesmo. Acho, também, que a saída de alguns órgãos daqui atrapalhou a movimentação. Mas temos a esperança que volte a melhorar. Trazer gente para o Centro é sempre bom”, contou.
O presidente da Câmara de Dirigentes Logistas de Vitória (CDL), Rogério Alcântara, explica que uma situação leva a outra: mais comércio, mais possibilidades.
“Nós temos aqui empresas com 30, 40, 50 e até 200 pessoas que já se alocaram no Centro de Vitória. Com isso, você tem a maior quantidade de pessoas transitando e necessitando de restaurantes, bares e compra de utensílios pessoais”, disse.
Revitalizar o Centro de Vitória é a aposta da vez
E é seguindo essa lógica que o Centro de Vitória, recentemente, tornou-se alvo de políticas de desenvolvimento e revitalização. A região foi contemplada com 92 projetos urbanos que somam R$ 75 milhões.
O secretário de Desenvolvimento da Cidade e Habitação de Vitória, Luciano Forrechi, informou sobre o Giro Retrofit, afirmando que em um ano já foram 1,3 mil unidades entre apartamentos, residências e escritórios que conseguiram alcançar o benefício.
Com a Lei do Retrofit, aprovada pela administração municipal, instalações antigas da região passam por uma transformação arquitetônica, para manter a funcionalidade e, também, a história, como aconteceu com o Viaduto Caramuru.
Além disso, o secretário destacou alguns projetos que estão na mira de revitalização e que já foram reformados.
"O Viaduto Caramuru, por ser tradicional, precisava de uma intervenção, uma restauração, como também o Museu Capixaba do Negro (Mucane). Além disso, podemos destacar outros projetos, como o Mercado da Capixaba", informou.
O Mercado da Capixaba passa por obras de revitalização e tem prazo para ser concluída em julho deste ano.
No local estarão 16 lojas, além de uma área de 200 metros quadrados no mezanino, onde ficarão duas grandes salas. Os estabelecimentos, no entanto, precisam estar vinculadas à cultura e a gastronomia capixaba.
Já o Museu Capixaba do Negro (Mucane) passou por uma restauração e foi reaberto ao público em setembro de 2023.
Problemas como infiltrações, desplacamento do revestimento e trincas nas paredes foram reformados, resultando na recuperação completa da edificação.
Além disso, estão incluídas nos projetos futuros de revitalização as ruas Sete de Setembro e Gama Rosa, para permanecerem como centros de cultura e comércio.
De acordo com a Prefeitura de Vitória, serão contemplados, neste pacote, a Escadaria da Piedade, Rua Maria Saraiva, Praça Ubaldo Ramalhete, parte da Rua Professor Baltazar, Rua Treze de Maio e proximidades da Praça Costa Pereira.
“A gente se sente feliz de ver esse desenvolvimento no Centro, revitalizando… as pessoas que se mudaram daqui estão voltando. Isso para mim não tem preço, eu gosto muito deste lugar. É um resgate da história com uma nova roupagem”, disse Carmen Déa.