Capixaba realiza sonho de passar em concurso da PRF, mas morre de covid-19 sem saber o resultado
Ser agente da Polícia Rodoviária Federal era o sonho de infância de Juliano Ribeiro Peruchi, que deixa um filho de 9 anos e tinha planos de se casar no final do ano; agentes da PRF fizeram homenagem em enterro
O capixaba Juliano Ribeiro Peruchi conseguiu realizar um sonho acalentado desde a infância, mas não ficou sabendo de sua conquista.
Em sua terceira tentativa, ele foi aprovado no concurso para agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), realizado em maio, mas estava inconsciente, intubado num hospital em São Paulo, lutando contra a covid-19.
Juliano não resistiu e faleceu aos 38 anos na última sexta-feira (11) sendo sepultado no domingo (13), na Serra. Ele deixa um filho de nove anos do primeiro casamento. Além disso, estava noivo e tinha planos de casar no final de 2021.
Segundo o irmão, João Carlos Peruchi, ele atualmente morava em Sorocaba, São Paulo, onde trabalhava como representante comercial de uma empresa de fabricação de caixas d'água.
Em maio, Juliano esteve no Espírito Santo, acompanhado da noiva, e propôs que a família se encontrasse para uma confraternização, a fim de matar as saudades, já que não se viam desde o ano passado devido ao isolamento social.
"Somos em cinco irmãos. Nossos pais já estavam devidamente vacinados com as duas doses. Nós nos encontramos, ao todo 12 pessoas. Três dias depois, todos começaram a desenvolver sintomas como febre e dores no corpo. Juliano e a noiva já haviam voltado para Sorocaba e estavam sintomáticos também", relembra João Carlos.
Diante dos sintomas, todos fizeram testes e positivaram para covid-19. Juliano, no entanto, passou mal e precisou ser internado.
"Após três dias ele foi intubado e assim ficou por 15 dias. Acabou falecendo. Nesse meio tempo saiu o resultado do concurso e ficamos sabendo que ele foi aprovado. Mas, não deu tempo dele saber, pois já estava inconsciente”, contou, emocionado.
Homenagem da PRF
Peruchi conta que o irmão estava muito focado para o concurso da Polícia Rodoviária Federal. Desde criança, ele queria ser patrulheiro das estradas, sempre assumindo o papel do policial que fiscalizava as vias federais nas brincadeiras.
"Com a pandemia, ele passou a se dedicar ainda mais aos estudos e deixou de vir ao Espírito Santo. O menor tempo livre que tinha ele trocava pela companhia dos livros", relembra.
Veja o vídeo da homenagem:
Ao sair o resultado da aprovação, Juliano não estava mais consciente, falecendo logo depois. "Quando soubemos da triste notícia, entramos em contato com conhecidos da PRF, que fizeram uma homenagem a ele durante o sepultamento. Gostaria, inclusive, de agradecer a PRF e José Hott que ajudaram na homenagem e os agentes Wandir Soares e Bia Tomasi. Agradeço", destacou.
O futuro agente rodoviário queria se casar e voltar para o Espírito Santo. "Fica para nós a lembrança de alguém batalhador, que nunca desanimou em correr atrás de seus sonhos", finaliza.