Censo do IBGE: entenda por que 23 cidades do ES "encolheram"
Dos municípios que mais registraram queda no número de habitantes, Cachoeiro de Itapemirim está no topo da lista, apresentando uma redução de 2%
Na quarta-feira (28), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números do Censo Demográfico 2022. Dados gerais apontaram um crescimento da população que reside no Espírito Santo, porém, 23 cidades seguiram o fluxo contrário e apresentaram uma redução de habitantes.
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Para entender os motivos desse fenômeno, que vai na contramão até mesmo do crescimento nacional, a reportagem do Folha Vitória conversou com especialistas para descobrir algumas razões.
Das cidades que mais registraram queda no número de habitantes, Cachoeiro de Itapemirim, na região Sul do Espírito Santo, está no topo da lista, apresentando uma redução de 2% no crescimento populacional, ou seja, a cidade perdeu 3.762 moradores.
Segundo explica o doutor em Geografia e diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, existe uma lógica de distribuição regional da população.
Mesmo que Cachoeiro seja um município-polo, no que diz respeito à economia, existem áreas próximas que se tornaram mais atrativas para a população, o que resultou em uma migração.
"Por mais que Cachoeiro de Itapemirim seja um município importante economicamente no Estado, a gente teve uma região concentrando um dinamismo um pouco maior do que Cachoeiro, que foi a porção litorânea do Sul do Estado", apontou Lira.
Ao contrário de Cachoeiro, cidades situadas no lado litorâneo do Sul capixaba como Presidente Kennedy e Anchieta, por exemplo, apresentaram crescimento populacional.
"Atividades econômicas acabam influenciando nos fluxos migratórios da região interior para a parte litorânea", disse.
O diretor-presidente do IJSN também lembra que apesar do território cachoeirense contar com áreas para crescimento urbano, a região não dispõe de tantas áreas livres como as cidades próximas de Anchieta, Presidente Kennedy e Guarapari, presentes no litoral e que conseguem atrair um maior fluxo.
"Por conta dessa conjuntura econômica e demográfica, a gente entende porque Cachoeiro, município-polo do Sul do Estado, apresentou uma redução na população de 2010, para 2022."
Desenvolvimento da região metropolitana também pode impactar
Em conversa com a reportagem, o economista, mestre em Administração Estratégica e professor universitário, Antônio Marcus Machado, ressalta que o desenvolvimento da região metropolitana capixaba também pode ter contribuído para a redução populacional em Cachoeiro de Itapemirim.
"No caso do Espírito Santo, ocorreu o fortalecimento da Grande Vitória, em termos de economia de serviços, o que tem atraído muito a migração de pessoas é o setor de serviços, bares, restaurantes, consultórios, toda essa parte de programação visual. Tudo isso aumentou muito na Grande Vitória e isso atrai gente para cá", explicou.
Outro fator que pode corroborar para esse cenário, segundo aponta o professor, é a falta de estrutura de cidades do interior, contra a estrutura presente na porção metropolitana.
"O número de pessoas ajuda muito na atividade econômica. Tem escolas, restaurantes, várias atividades que precisam de trabalhadores, mas para isso é preciso levar infraestrutura, estrada, saneamento, água, energia, para você poder manter e atrair pessoas para a parte metropolitana."