Direito reconhecido: cresce procura de pessoas trans pela retificação dos documentos no ES
Pesquisa realizada pela Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais mostra que o número de retificações realizadas no Estado dobrou entre 2021 e 2022
Um levantamento mostra que cresceu a procura de pessoas trans pela retificação no nome e na identidade de gênero. Esse é um dado positivo no avanço do reconhecimento de direitos para a comunidade LGBTQIA+.
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A gerente de publicidade Rafaela Sguerçoni faz parte do grupo que tem buscado mudar o documento. Nesta semana, ela esteve em um cartório em Vitória para fazer a tão esperada retificação.
"Faz bastante tempo que estou esperando para isso. No ano passado eu tentei fazer a mudança, mas era muita burocracia", disse.
Para alcançar o sonho de ter a nova certidão de nascimento em mãos, com o nome e o gênero que ela se identifica, Rafaela teve ajuda de uma ONG.
A técnica de projetos da Gold, Hayla Brito, celebra a mudança na documentação da jovem, já que ela é a primeira atendida pelo projeto da entidade.
"A Rafaela foi a primeira retificada do nosso projeto "Respeita Minha Identidade". Não é um documento que vai definir quem somos. Mas é muito importante para termos uma identificação que legitime nosso nome e identidade de gênero", disse.
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Pesquisas apontam crescimento na busca de pessoas trans pela retificação dos documentos
Um levantamento da Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais no Espírito Santo mostra que dobrou o número de registros para mudança de nome e gênero no Estado. Em 2021, foram nove registros e, em 2022, o número saltou para 18.
Na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), um mutirão ajudou estudantes a organizar e dar entrada em toda a documentação necessária. Uma pesquisa realizada na instituição, referente ao Censo Universitário de 2022, mostra que mais de 300 pessoas se declararam trans.
"É extremamente importante esse tipo de ação, principalmente quando a gente percebe que dentro de uma população na universidade de 309 pessoas trans, menos de 20% teve acesso à retificação de documentos", argumenta a secretária executiva da Diretoria de Ações Afirmativas, Viviana Corrêa.
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Pierre Guaraci é um dos estudantes que foi atendido. Ele tem 18 anos e uma vontade imensa de exercer o direito de se identificar como deseja.
"Eu estou muito nervoso. Estou muito animado. Meu coração está batendo de animação. Espero por isso desde quando tinha 11 anos. Situações assim são muito significativas para as pessoas trans. É algo que tem um peso muito grande para nós. É muito importante quando temos apoio para fazer isso", destacou.
A mudança é necessária não somente em nomes e gêneros, mas também na sociedade.
"Acredito que hoje em dia a gente traz essa questão da transsexualidade e da mulher travesti como uma mazela, como algo na marginalidade e não com outras perspectivas. Sempre à margem da sociedade e nunca em um lugar de poder", disse Rafaela.
*Com informações do repórter Paulo Rogério, da TV Vitória/Record TV.