Geral

Produtor rural flagra ataque de onça-pintada em Santa Leopoldina

Com felino à solta, moradores do distrito rural de Boqueirão do Thomas estão preocupados com a segurança das crianças

Iures Wagmaker , Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

Uma onça-pintada de grande porte atacou um porco e assustou moradores da localidade de Boqueirão do Thomas, em Santa Leopoldina, na região Serrana do Espírito Santo. Eles agora estão preocupados com a segurança das crianças na região.

O caso aconteceu na noite de domingo (4), repentinamente, em um chiqueiro próximo a uma das residências.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

O porco pertencia ao produtor orgânico Willian Volkers Thomas, 37 anos. Ele já estava dormindo quando acordou com os guinchos do porco no cercado. Imediatamente, foi ver o que estava acontecendo. Ao chegar, ele avistou o felino por cima do animal. 

"Gritou tanto, nervoso. Com isso, a onça acabou saindo e correu. Às vezes, a onça está andando por ali, mas ela nunca tinha chegado perto antes".

O cunhado de Wiliam, Antonio Paulo Pimentel Bonjestab, relatou que o porco saiu muito machucado. "Havia fissuras grandes na pele do porco e o crânio foi destruído com a mordida que a onça deu", descreveu. O animal teve que ser sacrificado.

Foto: Reprodução

Não foi o único ataque de animal silvestre em criações domésticas. Segundo os moradores, há relatos de sumiço de galinhas das propriedades, além de indícios de circulação do felino pelas redondezas. A preocupação maior, no entanto, é com a segurança das crianças.

"Isso aconteceu a cinco metros de uma casa. Nosso medo é que tem crianças por aqui. Um animal desse porte não pode ficar solto por aí", disse Antônio Paulo.

Em busca de auxílio, por se tratar de animal silvestre, os moradores acionaram o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a  Polícia Militar Ambiental. 

LEIA TAMBÉM: VÍDEO | Piloto de parapente é resgatado após cair durante salto no ES

Os agentes policiais responderam à reportagem que ocorrências envolvendo animais silvestres deste porte são realizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

O que diz o Ibama

Procurado, o Ibama informou que não foi oficialmente notificado sobre o caso e que mantém um canal de comunicação pelo 0800 61 8080 (ligação gratuita) ou pela internet, no Fala BR.

A caça a esses felinos é proibida por lei. O instituto também divulgou algumas orientações para moradores que se depararem com uma onça:

-Mantenha a calma e dê espaço para o animal escapar. Se ela não correr, não se aproxime e não dê as costas ao animal. Nunca corra de uma onça, pois isso pode estimular seu instinto natural de caça;
-Sem tirar os olhos da onça, fale alto (não gritando) e firme. Faça o que puder para parecer grande. Levante os braços ou abra seu casaco, porém sem movimentos bruscos. Caminhe para trás lentamente, até chegar a uma certa distância em que você possa seguir seu caminho. A onça provavelmente fará o mesmo;
-Se estiver acompanhado de criança, pegue-a no colo para evitar que a mesma saia correndo, ou coloque-a atrás de você.

Biológo diz que ataques de onça tendem a aumentar

O biólogo e mestrando em Biologia Animal pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Daniel Gosser Motta, analisa que ataques de felinos de grande porte, como de onças, tendem a se tornar frequentes no Estado. Os motivos: desmatamento e caça desenfreada de animais que servem de alimento para a espécie. 

"As onças são animais territorialistas e precisam de uma grande área de floresta e mata como habitat para se abrigar e caçar. Com o avanço do desmatamento e o aumento da caça do que seriam as suas presas, as onças vão procurar se alimentar cada vez mais próximo de nós seres humanos, e por isso que os casos como o de Santa Leopoldina têm grande chance de aumentar em nosso Estado", aponta.

Motta acrescenta que, geralmente, onças não atacam seres humanos. "Não fazemos parte da dieta delas, mas tudo é possível quando se trata de animais silvestres. Para isso, todo cuidado é pouco quando for realizar trilhas: evite andar sozinho e utilize lanternas ou algo que possa fazer uma tocha", recomenda.

Para quem mora próximo a áreas de mata, uma forma de prevenir invasão e ataques aos animais domésticos é contar com a presença de cachorros e manter iluminação externa no período noturno.