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Pesquisadores da Ufes criam xadrez com monumentos históricos do ES

O projeto pretende estabelecer uma aproximação com os estudantes da educação básica no que diz respeito à educação patrimonial, sociocultural e étnico-racial

Carlos Raul Rodrigues Santos *Estagiário

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O mais recente projeto desenvolvido pelo Laboratório de Extensão e Pesquisa de Arte da Universidade Federal do Espírito Santo (Lenna-Ufes) é um tabuleiro de xadrez tendo como temática os monumentos históricos públicos do Espírito Santo.

O projeto, que foi apresentado na última edição da Espírito Santo Innovation Experience (ESX 2024), tem como objetivo estabelecer uma aproximação com os estudantes da educação básica no que diz respeito à educação patrimonial, sociocultural e étnico-racial.

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O jogo vem sendo desenvolvido há dois anos pelos pesquisadores do laboratório sob o comando do professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação e Mestrado em Artes(PPGA), José Cirillo, também com o apoio da Fundação de Apoio a Pesquisa no Espírito Santo (Fapes). 

O professor José Cirillo contou que desde 2011, o Lenna começou a fazer levantamentos sobre os monumentos públicos no Estado.

Na época, a proposta inicial do projeto era trabalhar com a modelagem e impressão 3D, com objetivo de proporcionar acessibilidade para pessoas com deficiência visual ou baixa visão, e elas pudessem conhecer os monumentos históricos.

"É uma estratégia educacional lúdica para promover a memória, a história e a identidade capixabas. Acreditamos que por meio desse jogo seja possível desenvolver relações de afeto e reforçar os conhecimentos sobre nossa identidade", disse Cirillo.

Mas durante o desenvolvimento do trabalho, o projeto foi se estendendo, e além do xadrez, vários outros jogos foram criados.

Em 2021, o Lenna teve a ideia de criar um jogo sobre defesa de territórios, e o xadrez foi o formato escolhido. Cada peça definida para o jogo conta um pouco da história do Espírito Santo, por meio da memória afetiva e da cultura. 

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

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"Nesse jogo, o território é a identidade capixaba, nosso solo, nossa cultura. O tabuleiro recompõe parte dos diferentes grupos étnicos que nos formam, representa um pouco dos povos pilares da nossa sociedade: os povos originários; os portugueses, os afrobrasileiros, os italianos, os espanhóis. Claro que, como o jogo de xadrez tem uma limitação de peças, alguns grupos étnicos serão trabalhados em outros games do projeto ou em outras versões desse tabuleiro", disse Cirillo.

O professor ainda compartilhou o desejo de levar o xadrez com monumentos históricos para as salas de aulas do Espírito Santo, por meio de uma parceria com a Secretaria de Educação. 

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Conheça alguns dos personagens presentes no jogo: 

Thiago Soares/Folha Vitória
Thiago Soares/Folha Vitória
Thiago Soares/Folha Vitória
Thiago Soares/Folha Vitória
Thiago Soares/Folha Vitória
Thiago Soares/Folha Vitória

O Rei é uma representação dos botocudos; é parte de um grupo escultórico em Linhares (3 etnias, de Nilson Camisão), atualmente em fase de restauração no ateliê do artista.

A Rainha, Dona Domingas é a única mulher negra representada em um monumento no Estado. De autoria de Carlo Crepaz, essa obra ainda é carregada de mistérios que estão sendo desvelados pelas nossas pesquisas.

O Bispo, Padre Alonso, de Baixo Guandu. Um homem que dedicou sua vida a serviço da igreja; representa uma homenagem à imigração italiana na região, sendo uma referência às esculturas de temática religiosa.

A Torre reproduz o Monumento à Colonização Espanhola, em Alegre; uma homenagem da cidade aos cerca de 220 espanhóis que chegaram no final do século XIX e se dirigiram para aquela região, corroborando o desenvolvimento do sul capixaba.

A Cavalaria é uma escultura espontânea, cavalos em uma pamonharia na Rodovia BR-101, em Linhares; um objeto característico da intervenção/apropriação popular do território – a exemplo do conjunto escultórico da Parada Gobeti ou do próprio Tigrão de Guarapari.

A Infantaria é formada pelo Cabo Aldomário. O peão deu sua vida defendendo o solo capixaba das linhas mineiras que queriam parte do nosso Noroeste. Devemos também a ele a cidade de Baixo Guandu ser parte do nosso território. 

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Veja o professor explicando o tabuleiro:

*Texto sob supervisão da editora Erika Santos