Conheça a história de Zacimba Gaba, princesa guerreira que libertou escravos no Norte do ES
Com a ajuda dos negros da fazenda onde vivia, a princesa pacientemente, envenenou seu dono aos poucos, durantes anos, com "pó pra amansar sinhô".
Você já ouviu falar de Zacimba Gaba, a princesa guerreira? A história do Brasil é marcada por guerreiros negros e negras que resistiram contra escravidão, por isso, não é raro nos surpreendermos uma vez ou outra ao saber da existência de novos heróis e heroínas nesta luta.
Zacimba Gaba, princesa da nação africana de Cabinda, em Angola, em 1960 foi comprada por José Trancoso na região norte do Espírito Santo, mais precisamente em São Mateus.
Logo que chegou, o barão não tinha ideia da popularidade de Zacimba em Angola, mas logo percebeu a forma como os negros a tratavam. Após tomar conhecimento, José Trancoso proibiu sua saída da Casa Grande e submeteu a princesa à castigos físicos e psicológicos, o que gerou revolta entre os escravos, resultando mais tarde na fuga da princesa e na morte de seu fazendeiro.
Com a ajuda dos negros da fazenda onde vivia, a princesa pacientemente, envenenou seu dono aos poucos, durantes anos, com "pó pra amansar sinhô". De acordo com a história, o veneno foi feito a partir da cabeça da cobra jararaca, que cortada, torrada e moída, foi sendo servida em pequenas doses na comida do barão português.
Para a pedagoga e quilombola Olindina Serafim Nascimento, a luta de Zacimba significava, além da busca pela liberdade, a busca pela sua dignidade humana. "Foi um sistema escravista que tirava do povo negro a sua humanidade e era isso que Zacimba Gaba não permitia: que tirasse dela sua humanidade. Durante todo o tempo que ela viveu escravizada, o pensamento dela era de que ela era um ser livre e precisava libertar os seus. Guerra para liberdade, guerra para resistência, é isso que Zacimba Gaba é", conta Olindina.
Depois deste episódio, Zacimba liderou a fuga do seu povo e juntos fundaram um quilombo, onde hoje está localizado o município de Itaúnas, que na época foi um refúgio para os negros da região. Como se não bastasse toda essa persistência, a guerreira ainda passou a comandar resgastes do seu povo que chegava em São Mateus para servir como escravos.