Saiba quem são as 14 pessoas que a CPI de Brumadinho quer indiciar
No texto de 389 páginas, o relator pede indiciamento por homicídio culposo, crime ambiental e omissão de 14 pessoas
O relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de Brumadinho, no Senado, foi entregue nesta terça-feira (2) pelo relator do colegiado, senador Carlos Viana (PHS-MG).
No texto de 389 páginas, o relator pede indiciamento por homicídio culposo, crime ambiental e omissão de 14 pessoas, entre diretores e funcionários da Vale, responsável pela barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, e da Tüv Süd, empresa alemã contratada pela mineradora para atestar a estabilidade da estrutura.
A partir de agora, os senadores que integram o colegiado tem uma semana para sugerir alterações no texto. O relatório deve ser votado na próxima terça-feira (9).
Saiba quem são os indiciados pela CPI:
1 - Fábio Schvartsman - ex-presidente da Vale
Presidente da Vale à época do rompimento da barragem, Fábio Schvartsman foi afastado do cargo depois de pedido da força-tarefa formada pela Polícia Federal, Polícia Civil, Ministério Público Federal e Ministério Público de Minas Gerais. Em depoimento à CPI, Schvartsman afirmou que não sabia do risco de queda da barragem. Ele também foi autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a não comparecer a outras audiências e teve uma quebra de sigilo derrubada pelo ministro Gilmar Mendes.
2 - Gerd Peter Poppinga - ex-diretor executivo de Ferrosos e Carvão
O executivo também teve seu afastamento pedido pela força-tarefa de Brumadinho. Poppinga disse já ter sido penalizado pela própria mineradora por não ter cumprido metas relativas à segurança. Ele responde a processo criminal pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015, que deixou 19 vítimas e causou grande dano ambiental.
3 - Luciano Siani - diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores
Ao contrário dos demais executivos da Vale, Luciano Siani ainda continua a exercer a função. O diretor disse que não teve conhecimento dos documentos internos que apontavam que a barragem de Brumadinho estava em zona de atenção.
4 - Lúcio Flávio Gallon Cavalli - diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Carvão e Ferrosos
Também foi afastado após recomendação da força-tarefa de Brumadinho. Além disso, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em sua casa, em Belo Horizonte, em busca de equipamentos eletrônicos para subsidiar as investigações.
5 - Silmar Magalhães Silva - ex-diretor de Operações do Corredor Sudeste da Vale
O diretor foi uma das pessoas que teriam participado de um painel com especialistas internacionais que discutiu a questão da segurança em barragens da Vale, entre elas a que se rompeu em Brumadinho. No Senado, foi revelado que Silmar recebeu um e-mail de uma outra funcionária, Marilene Araújo, que alertava para "mais investigação e monitoramento de campo" para reduzir risco atual na barragem. Em depoimento à CPI do Senado, no entanto, Silmar disse que o painel chegou à conclusão de que a barragem tinha "fator de segurança adequado".
6 - Alexandre de Paula Campanha - Gerente-executivo de Geotecnia Corporativa da Vale
Campanha foi acusado pelo engenheiro da Tüv Süd, Makoto Namba, de tê-lo coagido a assinar o laudo de estabilidade da barragem de Brumadinho que se rompeu em 25 de janeiro. Segundo depoimento à Polícia Federal, caso o laudo não fosse assinado, a empresa alemã perderia o contrato com a mineradora. Campanha negou que isso tivesse acontecido.
7 - Rodrigo Artur Gomes de Melo - Gerente-executivo do Complexo Paraopeba da Vale
Foi um dos 13 funcionários presos em fevereiro e libertados pela Justiça em seguida. Melo foi indiciado também em 2015 pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, mas não foi denunciado por crime algum. À época, ele era gerente das usinas do Complexo da Alegria, em Mariana.
8 - Joaquim Pedro de Toledo - Gerente-Executivo de Geotecnia Corporativa da Vale
Era responsável por gerenciar a equipe que faz o monitoramento e manutenção da barragem rompida. Em depoimento a uma CPI, Joaquim de Toledo confirmou que foi o autor de um email em que dizia que “a (barragem) B1 é mais tenebrosa do que se imagina”. No entanto, negou que isso significasse conhecimento sobre os riscos de rompimento. Segundo ele, o e-mail foi escrito depois de ser informado sobre a existência de um bloco mineral na barragem, mas depois foi esclarecido que tal bloco estava a jusante, e não na estrutura, fato que o teria tranquilizado.
9 - Renzo Albieri Guimarães Carvalho - funcionário da Gerência de Geotecnia da Vale
Responsável pelo monitoramento e manutenção da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, Albieri disse em depoimento à CPI do Senado que a empresa acreditava na "estabilidade da estrutura". Em e-mails que foram entregues à comissão o funcionária teria dito que a Vale não estava preparada para executar o plano de ação de emergência, em caso de rompimento.
10 - Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo - funcionária do setor de Gestão de Riscos Geotécnicos da Vale
Participava do gerenciamento de dados corporativos que avaliam a qualidade das estruturas. Integrava o setor que colocou a barragem 1 da Mina Córrego do Feijão em “zona de alerta”.
11 - César Augusto Paulino Grandchamp - Geólogo
Foi responsável por assinar o laudo de estabilidade da barragem de Brumadinho, como representante legal da Vale. Em depoimento à CPI no Senado, ele negou que tenha sido pressionado por algum superior. Grandchamp também disse que nunca ouviu que a barragem 1 estivesse em risco.
12 - Cristina Heloiza da Silva Malheiros - integra a Gerência de Geotecnia da Vale
Responsável pelo monitoramento 'in loco' e manutenção da barragem, Cristina disse em depoimento à CPI que investiga o caso na Assembleia Legislativa de Minas Gerais que esteve na barragem dois dias antes do rompimento da barragem e que não identificou anomalias na estrutura.
13 - Makoto Namba - engenheiro da Tüv Süd
Em depoimento à Polícia Federal acusou o Gerente-executivo de Geotecnia Corporativa da Vale, Alexandre de Paula Campanha, de tê-lo coagido a assinar o laudo de estabilidade da barragem de Brumadinho. Segundo ele, caso o documento não fosse assinado, a mineradora iria contratar outra empresa.
14 - André Jum Yassuda - engenheiro da Tüv Süd
Também foi um dos presos em fevereiro, logo após o rompimento da barragem de Brumadinho. Chamado a prestar depoimento à CPI na Assembleia de Minas Gerais, o engenheiro optou por ficar em silêncio.