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Famílias terão que deixar casas após máquina de perfuração destruir residências em Vila Velha

Defesa Civil do município interditou as casas atingidas pela lança de um perfurador de solo de grandes dimensões. O acidente aconteceu, nesta segunda-feira, no bairro Aribiri

Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução TV Vitória

Seis famílias vão ter que deixar suas casas, após uma lança de um perfurador de solo desabar e atingir dois imóveis de um prédio de dois andares e afetar outras seis residências, no início da tarde desta segunda-feira (04), no bairro Aribiri, em Vila Velha. 

A máquina, de grandes proporções, trabalhava em um terreno de uma obra particular, escavando terra para instalar as estruturas de uma construção, quando a lâmina caiu, destruindo telhados e paredes das casas vizinhas à área.

Uma equipe da Defesa Civil de Vila Velha esteve no local. Constatou que a obra era regular e que a empresa de construção civil possuía alvará de funcionamento. As residências foram interditadas. 

"A máquina tombou. Provavelmente isso aconteceu pelo tipo de solo existente no terreno, pois ele é arenoso e não deu sustentação para esse maquinário, que é pesado. Mas será feita uma perícia posterior para determinar as causas do acidente", explicou o gerente de prevenção da Defesa Civil de Vila Velha, Gilvandro Pinto.

Foto: Reprodução TV Vitória
Gerente de prevenção da Defesa Civil de Vila Velha, Gilvandro Pinto, acredita que o terreno arenoso não deu sustentação ao maquinário que acabou desabando

Gilvandro explicou que as famílias terão que deixar o local para que a empresa responsável faça a retirada da lâmina. "Notificamos seis residências e mais os dois imóveis do prédio de dois andares, pois não há condições dos moradores permanecerem lá", disse. 

Reprodução TV Vitória
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Ninguém ficou ferido, segundo os moradores. Uma mulher que estava em uma das residências passou mal com o susto e teve que ser hospitalizada. 

Gato de moradores sai ileso

Quem estava nas casas disse que tudo aconteceu muito rápido. E uma tragédia poderia ter acontecido já que ninguém desconfiou que algo estava errado pois a vizinhança estava acostumada ao barulho do maquinário. 

"Eu vi quando a estrutura balançou. Quando isso aconteceu, pensei que eles estavam abrindo um buraco, mas não era. Dentro de dois minutos, eu ouvi aquele barulho forte e só vislumbrei aquele monte de poeira", relatou a aposentada Nalva Silva.  

No andar de cima, moram o casal João Paulo Paixão e Jeniffer Júlio da Silva. O quarto, que fica nos fundos do imóvel, acabou destruído depois de ser atingido pela máquina. "Eu só tive tempo de correr quando vi aquela lâmina caindo. Só ouvi  aquele barulho absurdo depois", relatou. 

Foto: Reprodução TV Vitória
João Paulo Paixão e Jeniffer Júlio da Silva festejaram o encontro do gato de estimação chamado de Pretinho, que saiu ileso

"Eu estava no trabalho e a minha esposa me ligou desesperada. Foi um livramento porque ela estava num cômodo da casa, ouviu o barulho e saiu correndo antes do imóvel ser atingido. Bens materiais, a gente corre atrás", ponderou.

Os dois tiveram uma boa notícia, apesar dos prejuízos. O gato de estimação, chamado de Pretinho, foi encontrado ileso. 

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A Defesa Civil de Vila Velha informou que a empresa responsável pela obra vai arcar com alojamento das famílias que tiveram as residências atingidas no tempo que for necessário. A reportagem da TV Vitória/ Record TV não conseguiu contato com a construtora.

CREA-ES vistoria obra onde máquina tombou atingindo residências em Aribiri

Especialistas do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) estiveram na tarde desta segunda-feira (04), em Aribiri, realizando vistorias técnica e fiscal no local onde uma máquina de estaca hélice contínua, utilizada para realização de furos e produção de estacas, tombou durante a manobra e operação para perfuração do solo no terreno de uma obra particular, causando danos estruturais em residências próximas e colocando em risco iminente nos imóveis do entorno.

Foto: Crea ES

O gerente da Unidade de Relacionamento Institucional do Crea-ES, engenheiro civil e de Segurança do Trabalho, Giuliano Battisti, que esteve no local, reforçou os cuidados na realização desses serviços. 

Ele esclareceu que esse tipo de trabalho envolve conhecimentos de engenharia civil, geologia, engenharia de minas e de segurança do trabalho e que é importante, antes de executar uma obra como esta, realizar sondagens de solo e intensificar o papel da engenharia de segurança do trabalho para antever as situações e mitigar os riscos, orientando, inclusive, toda a equipe, sobre o uso dos equipamentos de proteção individual. 

Reprodução TV Vitória
Reprodução TV Vitória
Reprodução TV Vitória
Reprodução TV Vitória

“É fundamental que os operadores da máquina usem equipamentos de segurança porque, caso ocorra algum acidente, o operador pode ser lançado para fora da cabine, inclusive para baixo da própria máquina”, alertou.

“Nós obtemos a informação de que os ensaios no sentido de conhecer a capacidade de carga suportada pelo solo do local foi realizada, porém, mesmo assim, houve uma região pontual que sofreu instabilidade durante a manobra, exatamente em um local específico que pode não ter sido detectado pela amostragem. Nessa região, é possivel que o solo não conseguiu suportar o movimento da máquina, que cedeu para um dos lados devido ao peso da estrutura da hélice somado à instabilidade do solo naquele ponto devido a mudanca em seu centro de gravidade”, explicou Battisti.

O especialista do Conselho também destacou a importância de métodos de segurança do trabalho nas obras de Engenharia. 

“Os operadores e os profissionais que ficam no entorno, participando dos serviços devem estar sempre atentos, observando durante a execução das atividades, se há movimento irregular ou se a máquina apresenta algum desequilíbrio. É importante, também, sempre isolar o local num raio adequado no entorno da obra. Isso evita acidentes”, recomendou.

O presidente do Crea-ES, engenheiro Jorge Silva, informou que o Conselho irá apurar todas as responsabilidades, analisando e investigando o caso para identificar as causas, falhas e os responsáveis pelo acidente. O prazo para a apresentação do relatório do Crea-ES sobre o acidente é de 15 dias.

* Com informações da repórter Milena Martins, da TV Vitória/Record TV

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