LGBTQIAPN+: inclusão de novas letras em sigla gera debate. Entenda
A nomenclatura que teve seu nascimento com apenas três letras, apesar de promover mais visibilidade, também tem gerado polêmica e extensas discussões
Em junho é celebrado o mês do Orgulho LGBTQIA+. A sigla dá nome à comunidade representa uma infinidade de gêneros e busca promover maior representatividade. Porém, a nomenclatura que teve seu nascimento com apenas três letras (GLS), com o passar do tempo, passou a receber novas integrantes do alfabeto e, apesar de promover a desejada visibilidade, também tem gerado polêmica e extensas discussões nas redes sociais.
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Para além de uma discussão na internet, a sigla da comunidade LGBT virou pauta de discussão em Brasília. Na última quinta-feira (29), a capital do País recebeu um encontro promovido pelo Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestir, Transexuais, Queers, Intersexo, Assexuais e Outros (CNLGBTQIA+).
Na ocasião, a conselheira da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Deborah Sabará, marcou presença.
Atuante na causa, Deborah concedeu entrevista à reportagem do Folha Vitória e falou sobre a importância da inclusão de mais letras na sigla e a polêmica que gira em torno da discussão.
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Para início de conversa, a conselheira e ativista da causa reforça que tais alterações buscam promover ainda mais representatividade para a comunidade.
Além disso, as siglas também buscam equidade dentro do próprio movimento, já que tal diferença pode ser notada na mudança das letras que antes eram organizadas como GLBT e passaram a ser LGBT.
"O que registra a sigla é a Conferência Nacional LGBT e foi essa mesma conferência que fez a troca da sigla de GLBT para LGBT, dando uma importância maior e colocando a mulher lésbica à frente do debate", explicou.
Segundo explica Deborah, as novas letras (QIAPN+) não existem nos registros da conferência, porém, nada impede que sejam utilizadas com foco na inclusão.
Inclusive, ela aponta que o CNLGBTQIA+ é uma instituição pioneira na inserção de pessoas intersexo dentro da sigla oficial.
Busca por + representatividade
Uma das polêmicas em torno da inclusão de mais letras dentro da sigla LGBT+ gira em torno do uso do símbolo "+" que, teoricamente, representaria qualquer outra nomenclatura.
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Porém, o uso aparente de mais letras, fora o símbolo, visa atender um desejo cada vez mais crescente dentro da comunidade: a representatividade.
"Com as várias necessidades de representatividade, as pessoas que não se sentiam representadas dentro dessas letras, começaram a aparecer. Elas apareceram às vezes no meio acadêmico, muitas vezes apareceram através das redes, porque a gente começou a ver matérias LGBTs em debates em outros países e com isso começamos a introduzir essas letras também no Brasil."
"Precisamos fazer o inverso do que as pessoas fazem com a gente"
Além da representatividade, característica fortemente reforçada por Deborah, a adoção de mais letras na sigla promove dois comportamentos que são, segundo Sabará, negados à comunidade: a escuta e a compreensão.
"A nossa população LGBT é uma população que sempre está disposta a agregar as pessoas, sempre disposta a entender as pessoas, a gente precisa fazer o inverso do que as pessoas fazem com a gente, elas não nos escuta, não nos entendem, elas nos oprimem, nos excluem, e nós, ao contrário, queremos agregar essas pessoas para que elas se sintam acolhidas", enfatizou a conselheira.
Ainda segundo Deborah, toda essa discussão sobre letras se resume a uma ambiguidade, pois de trata de uma diversidade e de uma complexidade.
Ao mesmo tenho que elas precisam ser separadas e atendidas, elas também se unem em um mesmo propósito que é o respeito.
"O nosso papel é respeitar, agregar e entender que as pessoas não se sentem dentro daquela letra."
Entenda significado da sigla LGBTQIAPN+
L: Lésbicas - são pessoas do gênero feminino (cisgênero - pessoas que se identificam com o sexo biológico -, ou transgênero) que sentem atração por outras pessoas que se identificam como mulheres;
G: Gays - refere-se aos gays, que são pessoas do gênero masculino (cisgênero ou transgênero) que sentem atração por outras pessoas que se identificam como homens;
B: Bissexuais - são as pessoas de orientação bissexual, com atração por qualquer um dos gêneros;
T: Transexuais/transgêneros e travestis - Transexuais ou transgêneros são pessoas que não se identificam com o gênero atribuído pelo sexo biológico. A letra também pode fazer menção aos travestis, que são pessoas que fazem uma construção de gênero feminino oposta a do nascimento.
Q: Queers - são pessoas que transitam entre o masculino e o feminino, sem se identificar completamente com qualquer um dos dois. A palavra de origem inglesa, considerada um termo “guarda-chuva”, foi originalmente empregado como “estranho”, de forma pejorativa.
I: Intersexo - o termo faz referência ao sexo biológico. Pessoas intersexo contam com genitálias e/ou caracteres biológicos que não podem ser definidos unicamente como feminino ou masculino, já que contam com características secundárias de ambos os sexos.
A: Assexual - são pessoas que não sentem atração afetivosexual por outras, independente de orientação sexual ou identidade de gênero;
P: Pansexual - pessoas que sentem atração por outras, independentemente de orientação ou identidade;
N: Não-binária - pessoas não binárias são aquelas que não se identificam exclusivamente como homem ou mulher, dois gêneros binários tradicionalmente reconhecidos na sociedade. Em vez disso, elas podem identificar-se como uma combinação de ambos, como nenhum dos dois ou como um gênero completamente diferente.
+: abrange todas as possibilidades de orientação sexual ou de identidade de gênero que possam existir.