Clube Álvares Cabral: 122 anos de história e esportes em Vitória
Descubra a trajetória da agremiação, de uma garagem em 1902 à referência em esportes e eventos sociais na Capital. Comemoração ocorre nesta sexta-feira (12)
É impossível ser capixaba e não ouvir falar do Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral, localizado em Bento Ferreira. Usando a baía de Vitória como quintal, o clube existe há mais de 100 anos, sendo uma grande referência de esporte regional e da vida social.
No último dia 6 de julho, completou 122 anos e, com um trocadilho simples, o Folha Vitória realiza um mergulho nesta história.
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Seja como atleta, sócio ou visitante, quem entra no clube se depara com uma grande estrutura e vista inconfundível. No entanto, nem sempre foi assim: para chegar ao que é hoje, o clube começou dentro de uma garagem.
Os fundadores portugueses Raul da Costa Moreira, Américo Dias Leite, José Lopes da Silva, Augusto Nogueira Souto, Luiz de Abreu, Alcino Reis de Amorim e Benjamin José da Costa alugaram uma garagem na extinta Rua D’Alfândega e construíram uma baleeira, que recebeu o nome de "Pátria".
Nesta época, em 1902, no início do Álvares, tudo era amador e os jogos de polo aquático, modalidade hoje não mais praticada no Estado, eram disputados no mar, numa área demarcada, próxima ao Saldanha da Gama, adversário secular do Álvares.
Depois, o clube teve uma sede física em um prédio próximo da Praça Costa Pereira, uma edificação de dois andares, com o salão de festa. A sede náutica ficava no bairro da Vila Rubim, era uma garagem de remo.
Já na década de 1950, foi construído um prédio de dez andares na sede antiga, o que foi durante muitos anos onde acontecia a vida social do clube.
Em 1958, foi realizada uma escritura pública condicional de cessão de direito de ocupação da área de um terreno em Bento Ferreira. No local, caberia ao Álvares Cabral construir a sua infraestrutura para a prática de esportes.
Atualmente, nesta área, está localizada a Sede Social do Álvares Cabral e todo o seu parque poliesportivo, com mais de 100 mil metros quadrados. O atual presidente do clube, Fernando Bissoli, explica o envolvimento dos capixabas com a instituição.
"Todo mundo tem um carinho pelo clube e uma história: ou já remou aqui, ou nadou, ou, ainda, fez um esporte, jogou um futebol de salão... As famílias defendem o clube nos campeonatos ou trazem os filhos para praticar algum esporte. Estamos desenvolvendo uma dinâmica com nossos atletas para voltar com esse espírito esportivo pela sociedade. O clube, por exemplo, vai disputar campeonatos nacionais de remo", contou.
Na década de 90, o clube contava, até mesmo, com um jornal mensal, que resistiu ao longo dos anos.
Não só uma referência para os potenciais atletas capixabas, o clube também é grande referência da vida social. Festas, bailes e shows já ocuparam ginásios e a conhecida Área Verde do clube.
Um dos eventos mais tradicionais, no Carnaval, o Baile Preto e Branco, que hoje recebe o nome de Baile Voador, deve voltar nos moldes originais, com doses de nostalgia.
"O Baile Preto e Branco é o nosso maior evento, agora acontece como Baile Voador, é uma tradição que nunca deixamos morrer, está sempre acontecendo. Para o ano que vem, queremos voltar com esse nome fazendo alusão às cores do nosso clube", revelou o presidente.
Projeto social leva esporte para pessoas com deficiência no Álvares
Uma iniciativa da Associação Capixaba Paralímpica de Desporto (ACPD) ajuda dezenas de crianças e adolescentes com deficiência e entrar no mundo dos esportes pelo clube.
Leonardo Miglinas, um dos professores responsáveis pelo projeto, conta das conquistas ao longo dos últimos 20 anos.
"Com o passar dos anos, a ACPD se consolidou e se transformou na maior referência em atividade física adaptada no Espírito Santo e uma das mais respeitadas do Brasil. Esse trabalho, que é desenvolvido há duas décadas, já atendeu mais de 1,5 mil pessoas, sendo a única entidade no Espírito Santo que trabalha com o esporte paralímpico, atendendo a todas as faixas etárias e também a todas as deficiências que compõe os esportes paralímpicos em três modalidades: Natação, Bocha e Paratriatlo", explicou.
A ligação com o clube foi fundamental para consolidar a equipe. De acordo com o professor, a equipe paralímpica se encontra entre os três maiores clubes de natação paralímpica do Brasil, junto com o Praia Clube de Uberlandia e o Clube de Regatas Vasco da Gama.
A equipe da ACPD/Alvares Cabral já recebeu duas medalhas paralímpicas (Rio 2016 e Tóquio 2020), possui cinco atletas na Seleção Brasileira e não para por aí:
"Já fomos convocados para vários campeonatos mundiais: Ilha da madeira 2022, Manchester-Inglaterra 2023 e, recentemente, a maior conquista que foi a convocação para as Paraolimpíadas de Paris, um marco histórico, já que é a primeira vez que um técnico do clube é convocado para ser um dos treinadores da seleção brasileira no maior evento esportivo do planeta", contou Leonardo, que irá à Paris em breve.
Leonardo estará com sua aluna, nadadora capixaba Mariana Gesteira, que já foi medalhista paralímpica, campeã mundial e parapanamericana. Mariana é atleta da Seleção Brasileira de Natação Paralímpica e possui a Síndrome de Arnold-Chiari, uma má formação que atinge o sistema nervoso central.
A nova geração de olho no esporte cabralista
Recentemente, em 2020, o clube também passou a ser referência de várias crianças e adolescentes alunas da Escola Americana de Vitória, localizada dentro do clube. Com a parceria, os estudantes têm acesso ao campo de futebol, à quadra de tênis, à piscina, às quadras poliesportivas e ao ginásio.
Cristiano Carvalho, diretor-geral do colégio, explica que o fato da estar inserida dentro do clube favorece o estilo de educação americana que a escola oferece, com valorização dos esportes.
"Nós temos a possibilidade de ofertar aos alunos os esportes usufruindo a estrutura do clube, que é referência na nossa sociedade. Isso beneficia o modelo de educação que valoriza muito o esporte, que é o modelo de educação americana, com o qual trabalhamos", contou.
O clube oferta várias escolinhas esportivas para crianças e adolescentes, na busca pelo desenvolvimento físico, emocional e social dos jovens. Atualmente, são escolinhas de futebol de salão, vôlei, basquete, natação, beach tennis, remo, tiro esportivo e tênis de quadra.
Os valores variam de R$ 100 a R$ 160, que varia dependendo se o atleta for sócio ou não. Todas as informações estão disponíveis no site do Álvares.
Vai ter festa! Aniversário do clube terá Flashback nesta sexta (12)
Para comemorar o aniversário de 122 anos, o clube fará uma festa open bar e open food nesta sexta-feira (12), a partir das 20h30, na sede social do clube. Como atração, terá a banda Flashback.
Os convites são vendidos na secretaria do clube. Para sócios e dependentes, por R$ 100 por pessoa e, para convidados, R$ 200.
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