Soldado Saimen: o recomeço do PM baleado na cabeça na Serra
Débora Barth manteve dedicação total ao marido durante o difícil período de recuperação. O policial foi atingido durante ação no bairro Cidade Pomar
Alguns casos da vida real parecem tão extraordinários, improváveis, que seriam dignos de filmes ou serem contados nas páginas de um livro. Outros, realmente se equiparam a verdadeiros milagres.
A segunda opção é onde se identifica a história do policial militar Saimen Rodrigues, de 33 anos. Uma tragédia que se tornou uma trajetória de inspiração e superação de desafios que pareciam impossíveis de serem ultrapassados.
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Em 1º de maio, Saimen foi baleado na cabeça durante um patrulhamento no bairro Cidade Pomar, na Serra. Daquele momento em diante, deu-se início a uma corrida do tempo para salvar a vida do policial.
Esta possibilidade, parecia algo bastante improvável, de acordo com Marlon Moreli, o médico que atendeu Saimen assim que o policial chegou ao Hospital Jayme Santos Neves. Segundo ele, o paciente estava entre a vida e a morte.
"Ele chegou em um estado bastante delicado. Ele venceu etapas que pareciam muito improváveis. Parabéns a ele e a esposa, que conseguiram ter a persistência necessária", afirmou.
Uma notícia que muda vidas
E por falar em esposa, é nela que Saimen encontra forças. Débora Barth relata como a notícia de que o marido havia sido baleado chegou a ela naquela noite de 1º de maio.
Débora foi despertada pela cadela Vicky, que a levou até o portão para atender a prima, que lhe prestou uma visita tarde da noite.
"Eu estava dormindo, a Vicky que me acordou com o latido. Ela correu para a porta e era minha prima batendo na porta. Eu perguntei a ela o que estava fazendo ali e ela me disse que o Saimen se envolveu em uma ocorrência e foi baleado, que ele estava no Jayme, que era para eu trocar de roupa para irmos lá. Quando eu cheguei lá, a assistente social me disse 'se você tem uma religião, um Deus, ore'. Foi neste momento que me agarrei a Deus e não soltei até agora", disse.
Os primeiros dias de internação do marido eram cruciais para sua recuperação. A corrida contra o tempo teve início após Saimen sair da sedação. Apesar de estar sem remédios, o policial não apresentava sinais vitais.
"Já fazia 48 horas que eles haviam retirado a sedação e ainda não tinha apresentado sinais, que as próximas horas eram críticas. Se ele não apresentasse sinais nas próximas horas, estatisticamente falando ele já não tinha mais chances", relatou.
Foi neste momento que a dedicação da esposa entrou em campo: ela massageava as mãos e pernas do marido, além de conversar, colocar músicas, estimular o marido de todas as formas possíveis.
O resultado foi praticamente imediato: naquela madrugada, o policial voltou a apresentar sinais vitais. Uma boa notícia enfim cruzava o caminho do casal: a morte cerebral estava descartada. Agora, bastava esperar para que Saimen despertasse.
Um aniversário para ficar na memória
Saimen completou 33 anos após 10 dias internado no hospital. E foi justamente no dia em que deveria assoprar velas, que a vida do policial lentamente começou a voltar para os eixos.
Naquele dia, segundo Débora, o marido demonstrou os sinais mais claros de recuperação. Isso incluía sensibilidade nos braços e pernas e até mesmo lágrimas que caíram de seus olhos.
"Ele começou a apresentar sinais na quinta, na sexta um pouquinho mais e no aniversário dele, que foi o pico. Ele chorava e saía lágrima, a enfermeira foi tocá-lo e ele mexeu o ombro. A gente começou a fazer cosquinha e ele mexeu a perna pela primeira vez", contou.
Para comemorar a alta, o PM ganhou um corredor de aplausos formado por colegas de farda, familiares e funcionários em sua saída do Hospital Jayme dos Santos Neves.
Durante a homenagem, Saimen não conseguiu conter as lágrimas, levantou da cadeira de rodas e saiu andando do hospital
Daqui para a frente, segundo Débora, a prioridade é o tratamento do marido, para que possa se recuperar plenamente.
"O tratamento que ele vai receber vai ser muito semelhante ao das pessoas que sofreram AVC, que convivem com uma lesão. Há muitos policiais disponíveis, já há todo um tratamento, temos muita expectativa de volta", afirma.
Relembre o caso
Em 1º de maio, policiais militares faziam um patrulhamento de rotina no bairro Cidade Pomar, na Serra, quando avistaram dois homens com atividades suspeitas em um carro. Ao solicitarem que o carro parece, os suspeitos começaram a fugir, iniciando uma perseguição.
Os homens bateram o carro e saíram do veículo atirando contra os militares. Após trocarem tiros, os suspeitos se renderam e Saimen foi verificar se havia mais alguém no veículo. Nesse momento, um terceiro homem apareceu e baleou o soldado na altura da testa. Os militares socorreram a vítima e levaram para o hospital Jayme dos Santos Neves.
Segundo a Polícia Civil, um dos homens, de 22 anos, foi preso e encaminhado para o Centro de Triagem de Viana. Outro suspeito, de 23 anos, foi baleado durante a ocorrência e morreu.
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*Com informações da repórter Suellen Araújo, da TV Vitória/Record