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Era tecnológica: escolas mudam a forma de ensinar

Educação Maker, aulas de robótica, aplicativos de celulares e outras ferramentas transformam estudantes para um novo mundo

Saelly Pagung *Estagiário

Redação Folha Vitória
Foto: Alexandre Mendonça
Ambiente Maker: locais onde alunos constroem seu processo de aprendizagem

Aulas tecnológicas, ambientes amplos e pedagógicos que buscam ser palco para o aprendizado do aluno. É assim, com liberdade para que os estudantes sejam os protagonistas da própria educação que são criados os ambientes Makers, locais onde alunos constroem seu processo de aprendizagem, enquanto professores passam a ser apenas facilitadores de conhecimento. Parece coisa do futuro? Mas não é!

Essa é a ideia da educação Maker, movimento da cultura DIY, que em inglês significa “Do it yourself”, ou, em português, “Faça você mesmo”, que busca impulsionar que pessoas coloquem a “mão na massa” e passem a aprender por conta própria.

Segundo o gerente de Educação Básica do Sesi, Samuel Saibert Siman, muitas vezes o aluno tem alguma dificuldade em trazer o conhecimento que ele adquire, e é ai que entra a educação Maker. "Essa metodologia faz com que esse estudante compreenda determinados assuntos, aplicando-os em sua realidade, o que permite uma absorção maior e mais rápida sobre o tema”.

Exemplificando, pense em uma aula de matemática na qual o aluno deve aprender a calcular a área de um quadrado ou, na disciplina de física, quando ele deve medir a rapidez com que essa forma geométrica se move. Com esse ambiente, ele abandona os infinitos exercícios no papel e passa a fazer esses cálculos utilizando peças de Lego e a robótica, de forma simultânea, em um mesmo local e em grupo.

Foto: Alexandre Mendonça
Alunos do Senai em aula de eletricidade industrial 

 “Quando o aluno passa a buscar caminhos diferentes para cumprir determinada tarefa com excelência, estão sendo desenvolvidas infinitas habilidades e competências cognitivas. Afinal, não existe mais a receita de bolo pronta. Agora esse estudante deve ser responsável pelo seu aprendizado, podendo chegar a um resultado por exploração de caminhos ainda desconhecidos”, explicou Siman.

A estudante Danielle Teixeira da Cruz, de 16 anos, que cursa o segundo ano do Ensino Médio no Sesi de forma integrada com o curso de eletrotécnica no Senai, gosta dessa nova forma de aprender. “Essa semana o professor chegou em sala de aula e pediu para que montássemos um robô. Ele não explicou nenhum conceito, tampouco nos ensinou a fazê-lo. Quando terminamos a atividade percebemos que o todo o conteúdo que tivemos nas últimas semanas estava ali, na nossa frente”, ressaltou.

Para a analista de tecnologias educacionais do Sesi, Olívia Costa, o desafio da educação Maker está em propor um problema, enquanto o aluno será o buscador dessas soluções. Confira a entrevista:

Ambientes Makers possuem a tecnologia como aliada:

As pessoas estão ligadas à tecnologia quase que a todo momento e, quando o assunto é sobre o uso dela por crianças e adolescentes, a Pesquisa TIC Kids Online, divulgada em novembro de 2018, mostra que o resultado não é diferente: 93% das crianças e adolescentes brasileiros acessam a internet por meio de celulares.

Baseado nisso, a educação Maker busca utilizar a tecnologia a favor do aluno. Um exemplo é a utilização do Drone Tello em sala de aula, equipamento moderno e atrativo que pode ser inserido durante as aulas de robóticas e de disciplinas de raciocínio exato, mas de uma forma atrativa e estimulante aos alunos.

"Imagina estudar programação com um Drone?! Os alunos adoram! É uma oportunidade de usar um equipamento moderno para aprender conceitos que, quando ensinados apenas de forma teórica, tornam-se mais difíceis e menos atrativos", explica o empresário e especialista no ramo, Cleferson Comarela Barbosa, da VixFly Drones.

O instrutor de elétrica do Senai, Sérgio Fernando Provete, afirma que ao usar softwares em salas de aula, é possível retratar para os estudantes todo o projeto que eles só poderiam ver na prática, gerando maior produtividade e mais satisfação para os alunos. “Os estudantes gostam dessa tecnologia, até porque eles têm a oportunidade de se aprimorarem com inovações que vão encontrar nos postos de trabalho futuramente”, explica.

Foto: Alexandre Mendonça
Alunos do Senai em aula de tornearia

O diferencial desse estudante que aprende com base no movimento Maker é que ele sai da escola preparado para a  Indústria 4.0. Mas, Provete ressalta que o caminho da qualificação e a busca por novas tecnologias não têm fim. “Essa indústria requer profissionais proativos que estejam em constante busca de qualificação e inovação, por isso temos que acompanhar toda essa tecnologia que permeia nossa realidade. E, caso ele não queira participar dessa mudança, infelizmente, estará fora”, conclui. 

Sobre o assunto, o instrutor de elétrica do Senai destaca a constante mudança tecnológica. Confira o áudio:

Sérgio Fernando


Conheça algumas das tecnologias usadas neste novo modelo de educação:

Foto: Canva.com


A Indústria 4.0 e sua influência na "Era do Conhecimento":

Mais conhecida como Quarta Revolução Industrial, a Indústria 4.0 é esse novo período em que estamos vivendo. As três primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em massa, as linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando a renda dos trabalhadores e fazendo da competição tecnológica o cerne do desenvolvimento econômico.

A constante qualificação, na Indústria 4.0, deixa de ser uma questão opcional e passa a ser necessária. Para o superintendente do Sesi e diretor regional do Senai, Mateus Simões, estamos na chamada “Era do Conhecimento” e é importante que a sociedade entenda que as maiores oportunidades de emprego estão em profissões que geram conhecimento, assim como determinadas profissões estão com o tempo contado. “Estamos vivendo uma mudança tecnológica muito forte, extinguindo algumas profissões e criando outras simultaneamente. Por isso, as pessoas têm que estar atentas para o que vem surgindo, caso contrário, é possível que elas estejam se empenhando em uma profissão que pode estar perto de acabar”, alertou.

Para o especialista em educação, profissionais cada vez mais abandonam a necessidade da habilidade manual, que são conhecidas por serem mecânicas e repetitivas, e passam a programar máquinas que façam isso. 

No vídeo abaixo, ele conta como está acontecendo essa mudança na educação após a revolução da Indústria 4.0:

Novas habilidades são necessárias:

Foto: Canva.com

Um estudo realizado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial sobre as novas visões da educação trouxe um importante olhar para habilidades que devem ser desenvolvidas, buscando preparar os alunos para os desafios do século XXI. 

Denominado “Nova Visão para a Educação: Promovendo a Aprendizagem Social e Emocional Através da Tecnologia”, o estudo mostra que as habilidades aprendidas em sala de aula, na metodologia antiga, está cada vez mais em desuso, cedendo espaço para as Soft Skills, que são as competências comportamentais (atributos pessoais) necessárias para superar os desafios do dia a dia e ser bem-sucedido no local de trabalho.

Cássio Sarapião, estudante de 16 anos que cursa de forma integrada o segundo ano do ensino médio do Sesi e o curso de eletroeletrônica no Senai, conta que ao vivenciar a experiência do novo ensino médio, afirma sentir uma diferença na forma como se vê. “Antes, quando eu começava a falar em público, tinha muita dificuldade e nervosismo. Após essa modificação da forma do ensino, me percebo com uma visão de mundo diferente. Hoje sei que posso mudar tudo a minha volta e que não preciso ficar preso a nenhuma ideia ou paradigma. Me sinto melhor preparado”, conta.


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