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Caso Camata: veja como está sendo o 2º dia de julgamento do assassinato confesso

A previsão, segundo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, é de que o julgamento seja finalizado nesta quarta-feira

Foto: Marcelo Pereira / Folha Vitória

O júri de Marcos Venício, acusado de assassinar o ex-governador do Espírito Santo, Gerson Camata, em 2018, continua no Fórum Criminal de Vitória. A previsão, segundo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, é de que o julgamento seja finalizado ainda nesta quarta-feira (4). 

Como as testemunhas e o réu já prestaram depoimento na terça-feira (3), neste segundo dia, às 10h, começaram os debates entre acusação e defesa. Conforme a legislação, o tempo destinado será de 1h30 para cada um. 

O magistrado determinou que às 13h30 será feito um intervalo para o almoço e voltará com a réplica e a tréplica. Terá uma hora pra cada uma.

Depois, o juiz vai ler os quesitos que serão postos em votação e indagará à acusação e à defesa se há algum requerimento a fazer ou se os jurados querem alguma explicação. 

Feito isso, os juiz convida os jurados, o promotor de Justiça e o advogado de defesa a se dirigirem à sala secreta, onde ocorrerá a votação. Após o encerramento da votação, o juiz lavrará a sentença, que será lida para todos os presentes e encerrará a sessão de julgamento.

O Tribunal de Justiça prevê que até as 18 horas desta quarta-feira (04), o julgamento seja concluído. 

Foto: Folha Vitória

Pouco antes das 10h, a viúva do ex-governador, Rita Camata, chegou ao Fórum de Vitória para o segundo dia de julgamento. 

"Espero que toda dor que estamos vivendo e reencontrando, se transforme na justiça máxima aqui na Terra. O crime que ele fez, com a covardia que fez, que ele possa pagar para termos, de fato, o conforto de estarmos cumprindo com nossa parte. Acredito muito que a justiça será feita" 

'Não vamos pedir absolvição', diz defesa de Marcos Venício

Ao chegar no Fórum nesta quarta-feira (4), o advogado Homero Mafra, responsável pela defesa de Marcos Venício, destacou que não será feito pedido de absolvição do assassino de Gerson Camata. 

"Eu acho que nós não vamos pedir absolvição, é importante que isso fique claro. Mas acredito que o júri vai encontrar meios de entender o drama humano que se desenrolou e fazer uma sentença em cima disso."

Como foi o primeiro de julgamento de Marcos Venício

No primeiro dia do julgamento do assassinato do ex-governador Gerson Camata, todas as sete testemunhas de acusação e as quatro de defesa foram ouvidas. Inicialmente, seriam cinco de defesa, mas uma delas foi dispensada.

Foto: Divulgação / Polícia Civil

 O réu confesso Marcos Venício Moreira Andrade foi o último a prestar depoimento. Apesar de confessar o crime, o acusado negou que teria o objetivo de matar o político.

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Durante o depoimento, na noite desta terça-feira (03), o réu disse que tentou se aproximar de Gerson Camata por diversas vezes para explicar as denúncias que foram feitas contra ele, mas que sempre era recebido com agressividade pelo ex-governador.

No dia do crime, de acordo com o acusado, ele teria encontrado uma oportunidade de se aproximar de Gerson. Sobre o porte da arma, Marcos Venício afirmou que foi uma coincidência estar com ela e que ele estaria levando a arma para ser regularizada na Polícia Federal.

Conheça as testemunhas do julgamento

• Acusação:

Rita Camata: esposa de Gerson Camata e ex-deputada federal prestou um dos depoimentos mais emocionantes do julgamento. Disse que o réu era de se sentar na mesa com a família e que jamais poderia imaginar algo do tipo. Rita lembrou que Camata é um dos criadores do estatuto do desarmamento e morreu por causa do descumprimento.

Foto: Reprodução / TV Vitória

Miguel Dalarmelina: primeira testemunha a ser ouvida no julgamento. Miguel disse que era amigo do ex-governador Gerson Camata há 52 anos. Ele também conhecia o réu há 40 anos e afirmou que em duas ocasiões o Venício ameaçou matar o ex-governador.

Sebastião Pelaes: foi a segunda testemunha. Sebastião é amigo do réu e da vítima. Ele afirmou em depoimento que ouviu Marcos dizer, inúmeras vezes, que estava descontente com Camata e que "cometeria uma besteira".

Cassius Valentim: delegado da Polícia Federal e terceira testemunha do período da manhã. Além do homicídio, o acusado vai ser julgado pelo porte ilegal de arma. O delegado explicou que a arma usada no crime era registrada, mas o que registro estava vencido desde 2013. De acordo com a testemunha, Marcos Venício não tinha porte de arma e, por isso, não poderia transitar armado.

Benedito Voss Neto: dono da loja em que o réu deixou a arma. Ele disse em depoimento que Marcos Venício pediu água e tomou um remédio.

Fabrizo Cancellieri Sathler: é o dono da banca onde o crime ocorreu. Ele afirmou não ter ouvido os disparos, mas ouviu parte do diálogo em que Camata manda o réu procurar o advogado dele. O réu, Marcos Venício, responde que não seria justo e dispara.

Carlos Mariano Ayres: ouviu por várias vezes que Marcos mataria Gerson Camata. Ayres esteve próximo de Camata no dia do crime e presenciou o momento dos disparos.

• Defesa:

Clóvis Menescau: disse em depoimento que tomava café todos os dias com o réu, no Centro da Praia, na Praia do Canto. Ele afirmou que conheceu Venício somente após o rompimento com Camata. A testemunha disse que o ex-governador xingava o réu quando o encontrava e que estava atrapalhando Marcos a conseguir emprego.

João Nunes: afirmou que nunca viu o Marcos portando uma arma e que não sabia que ele a possuía. Segundo Nunes, a vida do réu era cuidar de Gerson Camata. Disse ainda que com o rompimento, o réu teria ficado com uma mágoa muito grande.

Antônio Carlos Franco: conheceu Camata em um acidente de trânsito nos anos 70. Durante o depoimento, reforçou que o ex-governador foi cordial e assumiu todos os prejuízos. Franco ainda disse que tomava café com o réu e que ele sempre foi prestativo.

Gerson Camata foi morto no dia seguinte ao Natal

Gerson Camata foi assassinado com um tiro no pescoço, no dia 26 de dezembro de 2018, aos 77 anos, na Praia do Canto, em Vitória. Marcos Venicio, que já foi assessor de Camata, foi preso no mesmo dia e confessou o crime.

Foto: TV Vitória

Em julho de 2019, a Justiça decidiu que Marcos Venicio, denunciado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) por homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, fosse submetido a júri popular.

Marcos Venício é economista e era o responsável pelas finanças e pelas campanhas políticas de Camata entre os anos de 1986 e 2005.

O ex-governador moveu um processo contra o acusado depois que ele foi a público apontar possíveis irregularidades no governo de Camata. Eles tinham uma briga desde então e o processo teria motivado o crime. 

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