A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu um conceito para deficiência, sendo um termo utilizado para definir a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica da atividade exercida pela biologia da pessoa.
Por isso, a expressão Pessoa Com Deficiência (PCD) pode ser aplicada à qualquer pessoa que tenha impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.
Segundo a psicopedagoga e fundadora do grupo de Apoio a Pais de Autistas FORÇA AZUL ES, Barbara Campos Fernandes, de 40 anos, o termo “deficiente mental” foi substituído por deficiência intelectual por ser menos pejorativo, ou seja, menos agressivo para quem tem esta deficiência.
Já o termo deficiência múltipla, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), tem sido utilizado, com frequência, para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social.
Barbara explicou ao Folha Vitória que ter deficiência intelectual está relacionada a ter um déficit na aprendizagem, dificuldade de socialização, déficit cognitivo, além da mentalidade do ser humano poder ser inferior ou não compatível com a idade fisiológica.
Formas de tratamento às pessoas com deficiência intelectual e múltipla
Muitos adolescentes, jovens e adultos utilizam “mongoloide”, “doente”, “retardado” e outros termos como brincadeira para se referir a outras pessoas ou até mesmo a si próprio. Segundo Barbara, essa situação não é uma brincadeira. “Uma pessoa com déficit intelectual não é doente, ela tem apenas um déficit”, disse. Ela pontuou também formas de como tratar as pessoas com deficiência.
– Tratar pelo nome;
– Ter empatia, não só com a pessoa, mas com a família também;
– Tratar igualmente, sem nenhuma diferença;
– Ter respeito;
– Buscar informações sobre a deficiência intelectual.
Deficiência não é brincadeira, não pode ser piada e não deve ser. “Só as famílias sabem o que passam para manterem essa pessoa o mais perto do normal. Eu, Barbara, penso que a deficiência de ninguém é chacota, é piada, porque essas pessoas sofrem. As famílias sofrem desde o diagnóstico até tratar a PCD, até conseguir que os direitos delas sejam respeitados”, disse.
Acessibilidade e inclusão
Mesmo no Século XXI (21), ainda há muito preconceito e a utilização de termos pejorativos. Barbara disse que muitos olham de forma peculiar e a julgar a pessoa com deficiência. Ela deu o exemplo em que muitas vezes uma criança autista é vista como mal-educada quando está tendo uma crise.
Ela destacou também que ainda precisa de muita divulgação sobre o que é a deficiência intelectual, quais são os tipos de deficiência e quem pode ter.
Sobre a inclusão, ela afirmou que melhorou muito. “Nós temos uma legislação, umas que são boas, mas nós não temos a efetividade dessas leis. […] institui direitos, mas elas não são efetivas, respeitadas nem pela sociedade. Encontramos muitas barreiras na execução dessas leis”, disse.
20 frases capacitivas que devemos evitar
1. Deus só dá a farda para quem aguenta carregar.
2. Vou orar para que seu/sua filho(a) possa ser curado(a).
3. Vou fingir demência.
4. Ai, coitadinho, é deficiente, que dó!
5. Hoje eu tô muito autista!
6. Só pode ser carma!
7. Será que o problema não é espiritual?
8. Deve estar endemoniado!
9. Vou dar uma de João sem braço!
10. Tadinho, ele é doente!
11. Coitada! Mas, olha, você vai arrumar alguém que te queira!
12. Cadê os pais dessa criança mal-educada?
13. Isso é falta de limite!
14. Foi coisa divina! Às vezes, se fosse normal, estava dando trabalho para os pais!
15. Pensei que você era normal!
16. Por que essa criança grita tanto?
17. Olha só que pirraça feia!
18. Só pode estar em pecado para ter um filho assim!
19. Parece uma mula manca!
20. Você é doente!
*Texto da estagiária Ana Paula Brito Vieira.