Cidades capixabas poderão ter espaços exclusivos para soltar pipas
Municípios e Estado receberão indicações para que sejam criados "pipódromos" para receber pipeiros e admiradores do esporte, segundo deputado da Ales
Os municípios do Espírito Santo poderão contar com espaços exclusivos para que pipeiros possam soltar pipas sem oferecer riscos à população, especialmente aos motociclistas.
É que durante uma audiência pública realizada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa (Ales) nesta quarta-feira (23), foi consenso que a criação de "pipódromos" visando à prática do esporte seria uma alternativa para atenuar os acidentes que vêm ocorrendo com motociclistas, principalmente, por conta de pessoas que utilizam cerol e linha chilena para soltar pipa.
Na tarde desta quinta-feira (24), o presidente da CCJ na Ales, deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), confirmou à reportagem do Folha Vitória o que foi deliberado na reunião do colegiado e disse que serão encaminhadas aos municípios e ao governo do Estado, indicações para que sejam criados espaços reservados para receber pipeiros e admiradores do esporte.
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O presidente da CCJ destacou que, inicialmente, a audiência pública tinha como principal objetivo debater questões envolvendo o uso de linha chilena e do cerol, produtos com alto poder cortante, por parte de quem solta pipas no Estado.
“Nos meses de férias tivemos muitas reclamações, principalmente, nas orlas de Vila Velha, Vitória e Serra. Queremos buscar soluções para as férias de janeiro, quando o problema pode retornar”, disse Mazinho, que reforçou que a criação de “pipódromos” nos municípios pode ajudar a contornar os riscos de soltar pipas em ambientes públicos.
Pipeiros e motociclistas participaram da audiência na Ales
A audiência pública na Ales colocou de um lado pipeiros e, do outro, motociclistas, no debate em busca de uma solução para o problema do uso de pipa com cerol e linha chilena em vias públicas.
O ponto de vista dos motociclistas foi apresentado por Wilson Cunha Filho, o Fly, da Associação dos Proprietários de Harley-Davidson e do Bodes do Asfalto, na reunião da CCJ.
Conforme informações divulgadas pela Casa, durante sua participação no encontro, o motociclista contou que soltava pipa na infância e que presenciou um colega tomar um choque ao tentar resgatar uma pipa que teria ficado presa na rede elétrica.
Já em relação ao uso da linha chilena por parte dos soltadores de pipa, Fly pontuou que os motociclistas estão muito preocupados com essa situação. O motociclista também disse ser contra qualquer proibição à prática e defendeu a criação de locais próprios para o esporte.
Pipeiros falam em atrativo turístico
Entre os inúmeros pipeiros que participaram da audiência da CCJ estava Paulo Poloni, da Associação da Pipa Esportiva Capixaba (Apec).
Na ocasião, ele frisou que municípios como Vila Velha, Aracruz, Piúma, Afonso Cláudio e Marataízes têm providenciando espaços próprios para os praticantes de pipas.
O Pipeiro, que também é favorável à criação de pipódromos, ressaltou que há estados dos país que têm feito grandes festivais nesses espaços, inclusive, fomentando o turismo e gerando emprego e renda para as comunidades.
“A gente consegue colocar 70% da prática de um município nesses locais. Isso minimiza os problemas junto à rede elétrica, com os motociclistas e com as crianças, que atravessam a rua para pegar as pipas”, disse Poloni.
Rafael Souza, da Associação de Pipeiros de Serra, por outro lado, reforçou que os pipeiros não concordam com a forma irresponsável com o esporte muitas vezes é praticado em vias públicas.
Ele ainda acrescentou que existe proposta tramitando no Congresso Nacional para tornar obrigatório o uso de antena por motociclistas e pediu a conscientização deles sobre a importância da utilização do equipamento.
EDP recebeu mais de 250 mil registros de desligamento de rede elétrica por causa de pipas
A EDP foi uma das instituições a estarem presentes na reunião da CCJ na dessa quarta-feira. No encontro, a empresa foi representada por seu gerente de Segurança do Trabalho, Wagner Carnetti.
Ao colegiado ele informou que de janeiro 2022 até o presente mês foram 259.087 clientes impactados com desligamentos.
O gerente da EDP destacou que, para conscientizar a população sobre os riscos, inclusive, de descarga elétrica caso a pessoa tente retirar a pipa da rede, a concessionária promovido ações junto às comunidades.
“Fizemos três eventos com a Central das Comunidades fazendo a ‘revoada de pipas’ em locais controlados em que fornecemos os kits com pipa, rabiola e carretel. É para mostrar que é possível soltar pipas respeitando as regras de segurança”, frisou.
Representantes da PMES e do Corpo de Bombeiros também estiveram na reunião
De acordo com o major da Polícia Militar (PMES) Isaac Rubim, da 12ª Cia Independente, responsável pela segurança da região continental de Vitória, a Lei 8.092/2005 proíbe o uso de cerol e linha chilena e a PMES trabalha para fazer cumprir a legislação.
“Já vimos motociclistas degolados por causa da linha de pipa. Soltar pipa não é proibido, desde que não tenha linha chilena e cerol. Fizemos operação em Camburi junto com a Guarda Municipal para coibir essa prática e vamos continuar”, garantiu.
Coronel Washington, que representou o Corpo de Bombeiros Militar, por sua vez, defendeu a importância de campanhas educativas nos diversos meios de comunicação e nas escolas visando à conscientização acerca dos risco de soltar pipas fazendo uso de cerol e linha chilena.
Criação de grupo de trabalho
Ao final da reunião, Mazinho sugeriu a criação de um grupo de trabalho para discutir o assunto por meio de um projeto de sua autoria que já tramita na Ales e que trata justamente sobre regras mais rígidas para prática de soltar pipa em vias públicas fazendo uso de cerol e linha chilena.
"Tenho legislação de quase todo o Brasil e estamos estudando como funciona em outros estados. Vamos fazer indicações para os prefeitos para regulamentarem áreas de pipas e montar um grupo de trabalho para receber sugestões”, concluiu do deputado.