Geral

Robô Maria ajuda em terapias de crianças com deficiência em Vitória

Maria T21 atua em conjunto com terapias tradicionais para o desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista e Síndrome de Down

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O avanço da tecnologia está ampliando e transformando o desenvolvimento de crianças com deficiência. Elaborada por pesquisadores do Laboratório de Robótica e Tecnologia Assistiva da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o robô Maria T21 é mais do que uma máquina, é um instrumento de transformação e terapia. 

Maria T21 atua em conjunto com terapias tradicionais para o desenvolvimento cognitivo e psicomotor de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Síndrome de Down. Atualmente, o projeto atende crianças da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Vitória. 

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

Em entrevista ao Folha Vitória, o doutorando de Engenharia Elétrica da universidade, João Panceri, de 35 anos, explicou que o robô Maria é um avanço da versão anterior, chamada de N-Maria. A atuação foi fruto do projeto de doutorado. 

“Começamos, no ano de 2020, na equipe formada também pelo Eberte Freitas, Sheila Schreider e orientada pelos professores: Teodiano Freire Bastos Filho, Eliete Caldeira a trabalhar no projeto”, disse. 

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O robô, segundo um dos criadores, possui dois computadores internos que realizam o processamento. Além disso, contém sensores, como revestimentos sensíveis ao toque e câmeras. 

De acordo com João Panceri, a partir da atuação e brincadeiras com as crianças, o robô coleta dados que auxiliam no monitoramento de aspectos como emoções, grau de atenção, atividade motora e até equilíbrio

“Estes dados ajudam os terapeutas a avaliar a evolução do paciente no decorrer do tratamento, impactando diretamente no resultado da terapia”, observa o doutorando.

O robô atua em atividades lúdicas, trazendo mais leveza e diversão para o tratamento das crianças, que envolvem o trabalho com vários conceitos. 

Algumas funções trabalhadas durante as terapias são: memória de curto prazo por meio do jogo “Memô”; psicomotricidade e equilíbrio, com os jogos “CrossKid” e “Jogo da Arara”; alimentação saudável no jogo “Tá Chovendo Comida” e habilidades motoras finas por meio do jogo “Desenhe comigo”

Crianças se desenvolvem mais com a “brincadeira” 

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

A atuação, desenvolvimento e melhoras foram percebidas na prática por Nilda Silva Dias, de 43 anos, mãe de Ester, de 9 anos. A menina realiza o tratamento há alguns anos na Apae de Vitória. 

“Ester sempre fez um tratamento na Apae, mas percebi uma intensa melhora e evolução depois que começou com Maria. Eles trabalham exatamente sobre as dificuldades que ela enfrenta”, explica Nilda. 

A mãe da menina destaca que, foi notado um desenvolvimento na fala e na relação com outras pessoas. “Ela sempre teve dificuldade, mas agora se sente mais a vontade em atuar com a Maria, eles consideram a robô como uma amiga e acabam se desenvolvendo”, ressalta.

“Tecnologias assistidas são incorporadas na atuação” 

Foto: Acervo pessoal

O presidente da Federação das Apaes do Espírito Santo, Vanderson Gaburro, destaca que, Maria T21, em conjunto com os profissionais, gera uma atuação diferenciada na atuação e assistência às pessoas com deficiência. 

“Ela mostra que temos um amplo e grande mundo das tecnologias assistidas que pode ser trazido e incorporado na atuação dos profissionais com as pessoas com deficiência”, disse. 

Além disso, Vanderson ressalta que a temática está conectada à Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que acontece até segunda-feira (28). 

No ano de 2023, as comemorações têm como tema: “Conectar e somar para construir inclusão”. “O projeto tem muita ligação com o tema, quando a gente introduz a tecnologia assistida, construímos uma nova interação com as pessoas com deficiência”, completou.

Significado de Maria 

“Maria, Maria, é um dom” e, além disso, é o nome do robô terapêutico. Entretanto, o termo “Maria”, é um acrônimo em inglês para “robô móvel para interação de crianças com autismo”. 

Inicialmente, o robô atendia somente às crianças com Transtorno do Espectro Autista, entretanto, a nova versão trouxe a ampliação para interação também com crianças com Síndrome de Down. 

“Com isso, incluímos no nome a sigla T21, que se refere à trissomia do cromossomo 21, que é o causador da Síndrome de Down, para que eles também se sintam representados”, disse João Panceri. 

LEIA TAMBÉM: Cidades poderão ter espaços exclusivos para soltar pipas no ES

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtora Web
Produtora Web
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória