A despedida do argentino Iván Pérez, que ficou internado por cinco meses no Espírito Santo, tomou conta de todos os espaços do Hospital Estadual de Atenção Clínica (HEAC), em Cariacica, na manhã desta quinta-feira (10).
Com palmas, cartazes e balões coloridos, médicos, enfermeiros, corpo clínico e outros funcionários do hospital fizeram um corredor no momento em que a maca com Iván passava para ir em direção à ambulância que o levaria para o Aeroporto de Vitória, com destino à Argentina. Ele estava internado na unidade desde março, quando foi atropelado em Vila Velha.
Nos cartazes, mensagens em espanhol desejando bom retorno e boa recuperação ao paciente. “Desejamos boa sorte na tua caminhada”, dizia um dos cartazes. Em outro, declaração de fé: “Bom regresso. Deus bendiga você e a tua família”.
Iván é artista de rua e trabalhava com malabares e artesanato. Ele estava no Brasil há quatro anos e foi atropelado por um carro na Praia da Costa, em Vila Velha. Sofreu traumatismo craniano e deu entrada no Hospital Estadual de Atenção Clínica (HEAC), ainda com a identidade desconhecida.
Tratado inicialmente como um “paciente misterioso”, Iván só foi reconhecido depois que o irmão, Emmanuel, recebeu um vídeo de pessoas que buscavam identificá-lo. De lá para cá, deu-se início às tentativas de levá-lo de volta a Buenos Aires.
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A irmã de Iván, a administradora Flavia Saracho, estava no hospital na manhã desta quinta aguardando a transferência. Para ela, um momento de muita felicidade e emoção.
“Estamos muito felizes. É um voo esperado há muito tempo. Vamos festejar! Todo mundo está esperando por ele (na Argentina). Todos vão recebê-lo no hospital”, comemora.
Emocionada, Flavia lembra do momento em que recebeu a notícia da situação que o irmão vivenciava no Brasil. Ela ainda relata as preocupações que teve e o alívio em saber das condições que encontrou.
“Ivan melhorou muito. Aqui eu aprendi que primeiro é paciência. A evolução se vê. Isso é o que nos dá como fé, esperança. E eu sei, tenho certeza, que Ivan vai se recuperar, na Argentina muito mais, porque tem toda a família, seus amigos. Estamos muito esperançosos, ele vai se recuperar. Não vai ter a mesma vida de antes. Estamos seguros, mas vai ser mais consciente”, afirma.
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Alta hospitalar que precisa de cuidados
O médico clínico-geral Geral David de Paula Luiz, que acompanhou o tratamento de Iván nos últimos dois meses, ressaltou que, apesar de o argentino ter condições de ser transferido e viajar para seu país de origem, ainda há necessidade de cuidados e continuação do tratamento.
“Iván está saindo daqui clinicamente estável, hemodinamicamente estável. Felizmente ou infelizmente em cuidados paliativos pelo trauma que ele sofreu, porém, demandando a atenção da família. Ele vai precisar de dar continuidade em fisioterapia motora, fisioterapia respiratória, mas ele está saindo sem nenhum dispositivo, então o que ele vai demandar é a atenção da família e cuidados básicos de vida”, afirmou.
Segundo o médico, no atual estado de saúde, o paciente ouve e entende tudo. No entanto, ainda não consegue verbalizar as coisas que gostaria de falar.
“Ele não consegue se comunicar. Após o traumatismo crânioencefálico, ele ficou sem comunicação. Iván se comunica através da visão, mudanças de faces, expressões faciais, mas verbalmente ele não se comunica mais. Quando recebemos ele aqui na instituição, ainda se alimentava via sonda nasoentérica, ele respirava ainda com dificuldade”.