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Mais de um mês depois, família não consegue enterrar meninos vítimas de incêndio na Serra

Corpos dos irmãos Israel e Ícaro Storch, de 5 e 6 anos, estão há 40 dias no Departamento Médico Legal (DML) e não há data certa para serem liberados

Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução
Ícaro e Israel Storch estavam dormindo no quarto quando o incêndio começou

Completando 40 dias do incêndio que matou os irmãos Israel e Ícaro Storch, de 5 e 6 anos, a família dos meninos carrega uma nova tristeza: eles não conseguiram, até hoje, a liberação dos corpos pelo Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, para que possam fazer o sepultamento. 

Os meninos morreram carbonizados, durante um incêndio na casa onde eles moravam, no Bairro das Laranjeiras, na Serra, por volta das 5h da madrugada daquela segunda-feira, 16 de agosto.

Os dois dormiam em um quarto da residência, quando o fogo começou. A irmã mais velha deles, uma adolescente, de 15 anos, e a avó das crianças também estavam na casa, mas em outro quarto e conseguiram sair a tempo. 

Elas ainda tentaram salvar os meninos e, por isso, ficaram com queimaduras no rosto e no cabelo, segundo o Corpo de Bombeiros.

Desde então, a família Storch tem feito viagens de idas e vindas ao DML. Foi feito coleta de material genético, uma semana depois da tragédia. Mas, os procedimentos não avançaram. 

"O DML fala que tem que esperar o exame de DNA sair. Os corpos dos meus sobrinhos foram carbonizados. A gente está até hoje nesta agonia e neste sofrimento. Não liberaram os corpos e a gente não sabe o porquê. Estamos de mãos atadas", lamenta, indignada, a tia dos meninos, Erika Storch. 

Ela diz que a família vive nessa incerteza, o que agrava ainda mais a dor da perda pelas crianças. Os meninos eram muito queridos também pela vizinhança. A comunidade também quer fazer uma despedida digna dos irmãos.

TV Vitória
Reprodução / TV Vitória
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Corpo de Bombeiros/Divulgação

Casa da avó das crianças está sendo destruída

O que restou da casa da avó dos garotos está sendo destruída aos poucos, segundo a família. A casa foi condenada pelo Corpo de Bombeiros devido a problemas na estrutura das paredes, afetadas pelo incêndio.

"A casa da minha mãe vai ter que ser demolida. Um monte de vândalo entrou lá. Tiraram a grade da porta, tiraram até a janela de alumínio que tinha na sala. Jogaram a cadeira de rodas da minha mãe no quintal do vizinho", lamentou Erika.

Ela diz que tudo terá que ser reconstruído mas a família não tem condições financeiras para essa reforma. "Minha mãe está extremamente triste. Além de perder os netos, chora todos os dias querendo a casa dela de volta. Depois do que os bombeiros falaram, de ter que demolir e fazer outra residência, pergunto se a prefeitura da Serra vai fazer algo por minha mãe", questiona.

Atualmente, a família está abrigada em casa de parentes.

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A reportagem procurou a Polícia Civil, responsável pelo Departamento Médico Legal (DML), para saber sobre o motivo da demora do exame de reconhecimento genético dos irmãos. 

Por nota, informou que, em média, o resultado do exame de DNA sai em 30 dias. "Porém, dependendo da situação das amostras, pode ser necessária a prorrogação do prazo, fato ocorrido nesse caso, já que os corpos foram carbonizados", destaca. A polícia finaliza dizendo que a "a análise está em fase final, podendo ser concluída nas próximas semanas".

A Prefeitura da Serra também foi questionada se há previsão de auxílio para a família. Respondeu que servidores das secretarias de Assistência Social e a de Habitação da Serra estiveram, no dia 16 de agosto, no local do acidente para prestar atendimento, bem como orientar a respeito do serviço do Auxílio Funeral e do Aluguel Social.

No entanto, eles foram informados que a avó das crianças e dona da residência teria ido morar na casa de familiares. As equipes deixaram o contato se colocando à disposição para prestar toda e qualquer assistência necessária.

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