Criança desaparecida em jogo do bicho no RJ é encontrada no ES após 31 anos; veja história
Gustavo Guilmar desapareceu em 1989, aos 7 anos de idade, após mistério em morro carioca. História incrível comoveu o Brasil com mãe reencontrando filho perdido e vídeo no YouTube viralizou; veja o que aconteceu
Gustavo, um menino de 7 anos de idade, era o grande defensor da mãe contra os ataques do pai alcoólatra. A família morava no Morro do Andaraí, no Rio de Janeiro. A região sempre foi perigosa e, sabendo disso, a mãe, Doralice, não permitia que os filhos ficassem nas ruas. Ela trabalhava fora, mas as crianças eram cuidadas pela sogra e outros parentes.
Em 1986, a pedido de uma vizinha, o garoto desceu o morro para fazer um favor e desapareceu.
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Nada do que foi feito ao longo dos anos trouxe resultado nas buscas por Gustavo. Mas, para a mãe, as esperanças estavam intactas.
Doralice de Almeida Guiomar, de 66 anos anos de idade, atualmente mora no Morro Alto Vespasiano, em Minas Gerais. Porém, sua história começou com os seis filhos e o pai deles no Rio de Janeiro.
"Na época, nós morávamos no Morro do Andaraí. Meio difícil, né, porque o que a gente tinha não era muito bom, o morro não era tão perigoso, mas a gente vivia, dava para viver normalmente", disse Doralice, em vídeo do YouTube.
"Tive os seis filhos com o pai deles e a nossa vida era uma vida bem difícil. Depois, eu fui trabalhar quando o Gustavo já tava com uma idade de 4 anos, eu fui trabalhar", reforçou, durante a entrevista.
Ao todo, em ordem do mais velho para o mais novo, eram: Flávio, Gustavo, Arthur, Leandro, Lilian e Thiago.
As crianças ficavam com a sogra de Doralice.
"O dia inteiro eles ficavam brincando lá na minha sogra e eu passei a trabalhar, porque infelizmente meu marido já começou a ter uma vida de alcoólatra", contou a mulher.
Doralice era passadeira, arrumadeira, cozinheira e fazia tudo o que precisava dentro de uma casa de família para trabalhar. Segundo ela, era essa a vida que todos levavam até o desaparecimento de Gustavo.
"Não eram crianças ruins de criar, eles eram até muito quietos, porque eram criados com avó e bisavó. Todos tomavam conta deles, então, eles não eram crianças rebeldes de sumir e desaparecer", relatou, ainda na gravação.
Por ser mais velho, Flávio era a única criança na escola. De acordo com a mãe, na época, os pequenos só entravam para a sala de aula com oito anos - Gustavo iria no próximo ano, porque fazia aniversário em setembro.
Os irmãos não costumavam brigar.
Segundo a mãe, Gustavo era "um pouco mais exaltado" porque era ele quem costumava defendê-la do pai.
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"Quando ele vinha me bater, o Gustavo era quem enfrentava. Ele (o pai) partia para cima querendo bater no Gustavo e eu pulava na frente, sempre protegendo", disse, continuando: "Meu filho sempre foi muito carinhoso comigo, sempre teve muito cuidado, todos eles".
A mãe ensinava as crianças a decorar o próprio nome, dos irmãos e dos pais. "Para que eles gravassem na cabeça, para caso um dia se perdessem, eles podiam voltar. Eles sempre saberiam o nome", contou.
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No dia em que Gustavo sumiu, Doralice havia pedido para o menino buscar água para ela lavar roupa. Os irmãos Lilian e Thiago estavam com a avó, enquanto a mãe foi trabalhar e só voltou 23h30.
"Cheguei em casa, minha cunhada estava roxa com os meninos e de cara ela falou: 'Dora, desde 16h30 a gente não acha o Gustavo'. Eu falei: 'Como vocês não acharam o Gustavo se tá todo mundo dentro de casa?'", questionou.
A mãe procurou em toda vizinhança, até mesmo na boca de fumo do morro.
"No que eu desci para a rua, conversando com um rapaz que morava lá perto, disse: 'Tem uma garagem que guarda carros velhos, quem sabe Gustavo não está lá?'", lembrou.
O SUMIÇO
O menino sumiu no dia 18 de fevereiro, em época de carnaval. De acordo com Doralice, um detalhe que passou despercebido foi o garoto estar comendo um biscoito em frente a um supermercado.
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Ela relatou que dois vizinhos mandaram a criança voltar para casa, mas ele não quis. Eles tentaram chamar alguém para buscá-lo, mas não houve sucesso, na ocasião.
Doralice se perdeu após o desaparecimento do filho, como ela mesma falou. Ela andou pelo Rio de Janeiro por sete dias sem comer e sem tomar banho procurando por Gustavo. Ao se lembrar de onde trabalhava, a patroa ajudou a mulher.
"Uma amiga dela, que era psicóloga, falou comigo se eu tinha esquecido que eu tinha cinco filhos, inclusive um que tinha oito meses. Foi quando voltei ao meu estado normal, que eu vi que tinha os outros pra cuidar e voltei pra casa".
"Doía muito, porque eu tinha perdido um filho e não sabia onde estava meu filho", lamentou.
Depois de muita procura, Doralice foi chamada para reconhecer o corpo de uma criança que supostamente seria de Gustavo. Porém, não era ele novamente.
"O necrotério virou a minha casa. Qualquer menino que aparecesse, eles mandavam me chamar", disse, no vídeo que foi ao ar no Desaparecidos Oficial, canal que reúne esse tipo de caso no YouTube.
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A procura pelo menino durou cinco anos até a região ficar muito perigosa para a família. "Eu já perdi um, agora eu posso perder outros, baleados, porque inclusive na casa da minha sogra a bala entrou pelo teto e acertou quase perto da minha filha", disse, justificando o que era o início do "fim" das buscas da família. .
"Eu vim embora, mas a minha procura pelo Gustavo, não. Ela não terminou ali", exaltou, complementando: "Eu fui muitas vezes ao Rio de Janeiro para procurá-lo, mas eu não encontrei", continuou a história, cronologicamente.
FÉ E ESPERANÇA
Doralice se tornou evangélica igual à própria mãe. No episódio em que se converteu, havia feito a Restituição de Deus - um trabalho de sete dias com fins espirituais. Segundo ela, no entanto, ela não pediu que Gustavo aparecesse. "Eu falei: 'Senhor, restitui tudo aqui que me foi tirado'. Eu pedi a Deus que me restituísse", disse.
Quando o fim de semana chegou, os filhos começaram a perguntar do irmão desaparecido.
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Lucas, o neto da mulher, conversou com ela sobre Gustavo, o que seria um indício de voltar a buscá-lo após o (quase) fim das esperanças.
Ela não aceitou no início, porque temia falsas expectativas de encontrá-lo.
"Eu falei com ele: 'Eu já disse a Deus, se ele não me devolver meu filho, ele vai ter que me dar conta no final dos tempos. Ele vai falar para mim onde é que ele (Gustavo) está", relatou a mulher.
Lucas respondeu: "Mas acontece que Deus está falando com você que seu filho apareceu".
Com as novas tecnologias que os filhos de Lilian começaram a ter acesso, a família conseguiu encontrar Gustavo.
"São 31 anos de espera. São 31 anos que eu estou aqui e, de repente, vocês vão dizer que o Gustavo apareceu", disse Doralice, lembrando com riqueza de detalhes do dia. "Eles falaram: 'Mãe, não estamos fazendo a senhora sofrer, nós estamos te dizendo que Gustavo apareceu", relembrou também.
MISTÉRIO: ONDE ELE ESTAVA?
De acordo com Gustavo Guilmar, ele foi pego perambulando e dormiu dois dias na delegacia. Ele havia sido encaminhado para uma casa de menores infratores, onde ficou durante alguns meses. Depois, foi transferido para outra residência, onde ficou 13 anos até ser enviado para outra casa e completar a maioridade.
Com 18 anos de idade completos, Gustavo foi para a rua.
Anos depois, morando no Espírito Santo, o homem recebeu uma ligação da mãe da própria filha dizendo que ela havia encontrado a família perdida.
Ele pegou os contatos e foi encontrá-los em Belo Horizonte, em Minas Gerais.
"Foi um alívio na minha vida. Você vivia o tempo todo sem saber de onde você veio, quem você era, quem era a sua família", contou Gustavo, desabafando.
"Eles me contaram que eu saí para fazer um jogo para a minha tia, que me deu um dinheiro, eu acabei encontrando um coleguinha no meio da rua e não voltei para casa. Essa foi a história que minha mãe me contou", disse, já com tudo reestabelecido entre a família.
A história viralizou e já contabiliza milhares de visualizações no YouTube.