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Fria ou quente? Saiba como usar a luz certa para deixar a casa aconchegante

A iluminação dos ambientes deixou de ser apenas uma questão estética; agora, é essencial para a saúde e o bem-estar, influenciando nosso humor e qualidade de vida

Thaiz Blunck

Redação Folha Vitória
Foto: Dall-E | ChatGPT

O que traz aconchego para um lar? São espaços bem planejados, móveis confortáveis e de qualidade ou eletrodomésticos de última geração? A combinação de todos esses itens é muito importante, mas ainda falta um detalhe que, normalmente, é deixado em segundo plano: a iluminação.

Foi-se o tempo em que ela era vista apenas como um elemento decorativo. Com a alta demanda por ambientes que promovam qualidade de vida, a iluminação se tornou um fator importante que vai além da estética, impactando diretamente a saúde e o bem-estar.

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Mais do que criar um ambiente visualmente atraente, a luz – tanto natural quanto artificial – pode impactar o humor, a produtividade, o sono e até mesmo influenciar no processo de tomada decisão.

Foto: @giogoncalvesfoto

Uma pesquisa da Universidade de Toronto revela que os humanos experimentam emoções de maneira mais intensa em ambientes bem iluminados. 

Por outro lado, a exposição prolongada a espaços escuros e fechados durante o dia pode contribuir para o desenvolvimento de condições como a depressão sazonal.

A neurologista Soo Yang Lee afirma que, para entender os efeitos da luz no corpo humano, é fundamental compreender o ciclo circadiano, o relógio biológico que regula os padrões de sono e vigília.

Segundo ela, a melatonina, hormônio responsável pelo sono, é regulada pela luz, tanto natural quanto artificial. Sendo assim, o excesso de luz à noite, incluindo de telas e iluminação intensa, retarda sua produção, prejudicando o sono de crianças e adultos.

Foto: TV Vitória
“A melatonina é crucial para regular o ciclo circadiano e vigília, e é ativado pela luz, tanto a luz natural quanto a artificial. Então quando você ilumina demais o ambiente a noite, você retarda a produção dessa melatonina. Para as crianças, por exemplo, o problema não é somente as telas, também tem relação com a iluminação da casa. Quanto mais iluminado, pior para ela ter um sono mais precoce e mais eficiente. Isso vale para os adultos também”, afirma a neurologista. 

A especialista ressalta a importância de utilizar a iluminação indireta ao decorar a casa, para que se tenha uma luz mais intensa apenas em horários e momentos específicos. Durante o dia, de acordo com ela, a luz natural também é essencial para a produção de vitamina D.

“Isso é muito importante para a saúde mental e do próprio corpo como um todo. Essa questão da luz natural também faz muito bem, durante o dia por conta da produção de vitamina D e, principalmente, para os idosos. Por isso que muitos idosos que ficam internados em UTIs e hospitais fechados, eles entram em delírio, porque o cérebro não entende mais o que é dia e noite, então é fundamental principalmente nessa faixa etária”, explica. 

Luz fria x luz quente: qual a diferença?

A principal diferença entre a luz fria e a luz quente está na temperatura de cor, medida em Kelvins (K), que influencia a tonalidade e a sensação que a iluminação transmite.

Luz quente: Tem de 2700K a 3000K, possui tonalidade amarelada, criando um ambiente mais aconchegante, acolhedor e relaxante.

Como usar? É ideal para áreas como salas de estar, quartos e espaços de convívio, onde o objetivo é promover conforto e descanso. Essa iluminação é perfeita para momentos de descontração e para criar um lar que acolhe.

Foto: Freepik - Nuraghies

Luz fria: tem de 5000K a 6500K, possui uma tonalidade branca ou azulada, sendo mais estimulante e energizante. 

Como usar? É indicada para ambientes que exigem concentração e atenção, como escritórios, cozinhas e áreas de trabalho. Essa iluminação favorece o foco e a produtividade, tornando-a ideal para atividades que requerem mais energia e dinamismo.

Foto: Freepik

Luz certa: como criar ambientes mais aconchegantes 

A arquiteta Tatiana Pradal explica que a iluminação, principalmente em imóveis de alto padrão, não é feita somente para iluminar. Ela compõe todo o projeto e, além de funcional, também agrega valor ao espaço.

“Ele tem que ficar esteticamente bonito e também agradável para quem vai usar. Essa que é a tendência. Hoje temos novos tipos de luminárias que vamos adequando para esse novo conceito. Não temos mais nenhum tipo de luminária incandescente, por exemplo, todas são de LED e elas evoluíram muito”, explica.
Foto: TV Vitória

Atualmente, segundo a arquiteta, o LED consegue reproduzir todos os tipos de lâmpadas, como a dicróica, que era muito popular há alguns anos.

 “Antigamente, as pessoas enchiam a casa de dicróicas e reclamavam do calor excessivo, o que realmente acontecia, além do alto consumo de energia. Hoje, o LED evoluiu tanto que essas lâmpadas estão disponíveis em versões LED, com uma reprodução de cor muito superior, sem aquecer e com um consumo de energia muito menor”, afirma Tatiana.

Em projetos mais modernos, a iluminação é pensada para imitar o ritmo da luz natural ao longo do dia e promover o bem-estar. A arquiteta reforça que a luz branca não é natural; a natural seria a luz amarela, que se assemelha à luz do dia, do sol. 

“Em uma casa, a luz amarela é ideal para todos os cômodos, por ser mais aconchegante e proporcionar uma sensação de bem-estar. A luz branca, por outro lado, é mais estimulante e costuma ser usada em hospitais, escritórios ou fábricas, onde se busca estado de alerta. Em casa, o foco é o relaxamento, não o estímulo”, conclui.

Iluminação funcional e criativa em imóveis de luxo

A arquiteta Karol Simonassi, responsável pelo projeto decorado do Una Residence —o mais alto edifício de Vitória, localizado na Ilha de Monte Belo — conta como a iluminação pode transformar espaços. 

Foto: TV Vitória

Com um olhar atento para o que há de mais novo, ela revela estratégias para criar ambientes bonitos, acolhedores e funcionais.

“Quando é um jantar, algo mais intimista, por exemplo, as arandelas e iluminações indiretas podem aparecer mais, o que dá um efeito uniforme no ambiente. Essa iluminação indireta é embutida dentro da marcenaria, não é focada. Aqui nesse decorado, por exemplo, a mesa já é muito grande e eu não queria chamar muita atenção para um pendente muito grande, então usei dois pendentes”, conta. 

Karol explica a iluminação não precisa ser óbvia ou convencional. É possível explorar diferentes maneiras de criar um ambiente acolhedor, usando a criatividade para brincar com as luzes e alcançar um resultado agradável e convidativo.

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“Gosto de colocar na cozinha, pontualmente, uma luz branca, e o restante eu gosto de seguir o branco quente. Casa é para ficar em família, relaxar, trazer esse aconchego depois de um dia de trabalho, então o branco quente traz isso para dentro do ambiente. A cozinha também é um lugar para relaxar, de receber pessoas, então podemos colocar uma luz branca embutida na marcenaria, em cima da bancada”, explica Karol. 

A arquiteta destaca também que, ao contrário do passado, quando a iluminação era limitada a um único ponto, hoje existe uma ampla variedade de opções, como pendentes e arandelas. Além de embelezar o ambiente, esse diversidade proporciona uma iluminação mais uniforme. 

Foto: TV Vitória
"Hoje o conceito mudou muito de antigamente, que era somente um ponto iluminando o ambiente. Agora temos uma diversidade de iluminações bonitas, que antes não tínhamos, então isso facilita e traz uma beleza para o ambiente. Quando eu coloco iluminação em vários pontos do ambiente, eu consigo ter uma uniformidade, trazendo mais funcionalidade e aconchego para o cliente", conclui.