Segurança ferroviária: cuidados e orientações para quem vive próximo aos trilhos
Estudos apontam que há mais de 5 mil cruzamentos construídos ao longo dos trilhos em todo o País, o que aumenta o risco de acidentes – principalmente em função da imprudência de pedestres e motoristas
Com a chegada da Revolução Industrial, que aconteceu na Europa e principalmente na Inglaterra a partir do século XIX, muita coisa mudou e precisou se adaptar. O aumento do volume da produção de mercadorias, aliado à necessidade de transportá-las com rapidez para os mercados consumidores, fizeram com que os empresários ingleses dessem apoio a George Stephenson (1781-1848), que apresentou sua primeira locomotiva em 1814.
À medida em que surgiam ferrovias, cidades foram crescendo e se desenvolvendo no entorno dos trilhos. A partir daí, as pessoas e os vagões precisaram criar formas de conviver em harmonia, estabelecendo seus espaços e evitando acidentes.
Estudos apontam que há mais de 5 mil cruzamentos construídos ao longo dos trilhos em todo o País, o que aumenta o risco de acidentes – principalmente em função da imprudência de pedestres e motoristas.
O Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97) regulamenta a sinalização e fala sobre a segurança nas proximidades das ferrovias. De acordo com o Art. 212, o condutor não pode deixar de parar o veículo antes de transpor linha férrea. Tal ato é considerado uma infração gravíssima, que tem como penalidade sete pontos na CNH e multa.
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De acordo com Michel Bruno Taffner, professor do curso Técnico em Manutenção de Sistemas Metroferroviários, para uma convivência harmoniosa entre ferrovia e comunidade, é preciso estar atento às normas de segurança.
"Os centros urbanos foram construídos no entorno das ferrovias. Em termos de convivência, a grande questão é a cultura que a população e a ferrovia devem ter para um trânsito melhor. As comunidades precisam entender que a ferrovia está ali a mais tempo e que circulam veículos grandes, com peso, que podem causar acidentes graves. A população precisa entender o espaço da rodovia, a legislação de trânsito. E as ferrovias precisam trabalhar com campanhas e sinalização", afirmou o professor.
Michel ainda explicou que é preciso muita atenção ´para que as crianças não brinquem perto da ferrovia ou em cima dos trilhos. "O trem muitas vezes se aproxima sem que a pessoa perceba, por isso é importante ter o cuidado de não estar muito próximo aos trilhos".
Além disso, o 1º do Art. 90 diz que o órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via é responsável pela implantação da sinalização, respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta colocação.
O pedestre também precisa estar atento. A precaução evita acidentes nas passagens em nível (locais onde a ferrovia e rodovias se cruzam). Dentre as dicas, a mais importante é estar sempre atento aos sinais sonoros: Pare, olhe e escute! O apito do trem preserva a sua segurança.
Também é importante que o pedestre retire os fones dos ouvidos e guarde o celular no bolso, no momento da travessia é importante estar com toda a atenção voltada para a linha férrea. É preciso respeitar o espaço da rodovia! Mantenha sempre uma distância segura e nunca estacione perto da linha férrea.
Ao se aproximar dos trilhos, verifique se o trem já passou completamente. Só se aproxime da ferrovia após o distanciamento da composição, com a certeza de que não há um novo trem a caminho. Essas são dicas importantes para fazer a travessia somente em segurança e preservar a sua vida.
Recomendações de Segurança
A regra é simples: pare, olhe para os dois lados e escute. A dica principal é muito simples: siga a orientação das placas afixadas nas passagens em nível, pare antes de cruzar a ferrovia, olhe para os dois lados e escute.
Todos podem ajudar na conscientização, disseminando alguns cuidados especiais. Conheça as dicas:
- Em alguns trechos, é muito comum a circulação dos trens em ambos os sentidos, por isso é proibido, e muito perigoso, permanecer entre duas linhas férreas, o pedestre corre o risco de ficar confinado entre dois trens.
- Mantenha uma distância mínima de 3 passos largos com relação aos trilhos. As locomotivas e os vagões são mais largos do que a estrutura ferroviária (dormentes e trilhos).
- Pessoas idosas ou com dificuldade de mobilidade exigem atenção especial.
- Crianças não podem brincar na área da ferrovia e devem estar sob supervisão constante de seus responsáveis nas travessias.
- Não tente atravessar a linha falando ao celular, checando mensagens ou usando dispositivos de áudio de qualquer tipo. Eles desviam sua atenção da ferrovia.
- A área ocupada pela ferrovia e seus arredores é chamada faixa de domínio. Não é permitida a presença de pessoas estranhas à ferrovia nesta área, e a travessia da linha férrea só pode ser realizada em passagens em nível oficiais (para pedestres, veículos ou ambos), por passarelas ou passagens inferiores. É extremamente arriscado atravessar a linha em qualquer outro ponto.
- O uso de álcool e drogas tem sido uma causa cada vez mais frequente de acidentes envolvendo pessoas. Em alguns municípios, este índice chega a representar 20% do total de acidentes.
- Um trem pesa entre 3.000 toneladas (vazio) e 15.000 toneladas (carregado) e, por isso, pode exigir algo entre 300 e 1.000 metros desde a aplicação do freio de emergência até sua parada completa. Por seu peso, um trem não freia como um automóvel. Por isso, mesmo quando é possível identificar um obstáculo ou pessoa cruzando a linha inadvertidamente, na maioria das vezes não é possível evitar o impacto.
- Os trens são dotados de luzes de sinalização, de sinos (acionamento constante quando estão em movimento) e de buzina (acionadas antes das passagens em nível ou em qualquer situação de emergência). É fundamental que as pessoas estejam sempre muito atentas aos sinais sonoros de segurança, não usem telefones ou headphones nas travessias e olhem para ambos os lados ao cruzar a via.
Segurança na Estrada de Ferro Vitória a Minas
A Vale detêm uma das ferrovias mais seguras e produtivas do Brasil, consideradas uma das mais modernas do mundo. A Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) tem 905 quilômetros de extensão e transporta aproximadamento 30% de toda a carga ferroviária do país. Além de cargas como soja, aço, minério de ferro, carvão e calcário, na EFVM circula o único trem de passageiros diário do Brasil.
Foi justamente pensando em contribuir para a segurança ferroviária que a Vale criou o projeto "Na trilha dos valores", que funciona desde 2014 em parceria com a OSCIP Colorir Criando Valores. As ações acontecem em escolas de Ensino Fundamental I que ficam localizadas em regiões vizinhas à ferrovia. A responsável pelo relacionamento com a comunidade da Vale, Mariana Diniz, disse que mais de 9 mil crianças já foram atendidas pelo projeto.
EFVM em números
- 905 quilômetros de extensão
- 664 km é o percurso completo percorrido pelo Trem de Passageiros
- 30 pontos de embarque e desembarque
- 42 municípios atendidos
- 1 milhão de passageiros transportados por ano (média histórica)