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O que? Cerveja é proibida pela Anvisa após mortes e intoxicação. Veja qual é

Uma cerveja muito amada pelos brasileiros e maior rival da Heineken foi proibida após casos de intoxicação; saiba qual é e entenda o que aconteceu

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Pexels

A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de proibir a comercialização de uma cerveja popular devido a questões com intoxicação e riscos à saúde, causou um grande impacto e gerou preocupação nos brasileiros.

Bastante apreciada pelos consumidores, essa cerveja enfrenta um período delicado com a suspensão de sua venda devido a potenciais problemas relacionadas à saúde dos que a consomem.

RISCO DA CERVEJA

A narrativa das cervejas Backer, famosa rival da Heineken, sofreu uma reviravolta marcante, trazendo à tona novos acontecimentos que abalaram o cenário cervejeiro.

Em janeiro de 2020, a Anvisa anunciou uma medida cautelar que proibia a venda das cervejas da marca Backer, também conhecida como Cervejaria Três Lobos Ltda., com data de validade igual ou posterior a agosto de 2020.

De acordo com o TV Foco, a ação da Vigilância Sanitária foi uma resposta direta às análises conduzidas pelo Ministério da Agricultura, que confirmaram a presença de substâncias tóxicas, monoetilenoglicol e dietilenoglicol, em 21 lotes de oito diferentes marcas de cervejas produzidas pela Backer.

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Essas substâncias são consideradas nocivas e não devem estar presentes em alimentos ou bebidas, devido ao risco que representam para a saúde humana.

A detecção de dietilenoglicol na cerveja Backer já havia sido vinculada a casos de óbitos e intoxicações em Minas Gerais. Embora o monoetilenoglicol seja menos tóxico, ele também é proibido em bebidas devido à sua ausência na composição padrão desses produtos.

Ainda segundo a Anvisa, os resultados das análises sugerem que a fonte de contaminação nas cervejas da Backer pode ser sistêmica, o que significa que não está restrita a lotes específicos, mas pode se estender a outros produtos fabricados no mesmo período.

COMO A BACKER ESTÁ HOJE?

A Backer já havia sido liberada para voltar a produção de suas cervejas em abril de 2022. A empresa estava operando normalmente e atendendo às normas da Anvisa para garantir a qualidade de seus produtos.

Porém, um mês após o anúncio da retomada da produção, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Cervejaria Três Lobos celebraram acordo, pelo qual a empresa reconheceu a procedência integral do pedido de condenação em danos extrapatrimoniais individuais às vítimas de intoxicação por dietilenoglicol, após o consumo de uma cerveja produzida pela empresa, no episódio, que ficou conhecido como Caso Backer.

A intoxicação ocorreu em 2019. A Três Lobos pagará R$ 500 mil a cada vítima e R$ 150 mil a título de danos morais para cada familiar de primeiro grau. Os valores serão atualizados monetariamente.

De acordo com nota do MPMG, a Cervejaria Três Lobos reconhece também a “procedência do pedido, em sua integralidade, dos danos patrimoniais individuais, incluídos o pagamento de salário referente ao último provento recebido pela vítima antes de sua intoxicação, enquanto não cessarem as causas que a incapacitaram para atividade laboral anterior, e o valor correspondente a todas as necessidades médicas e afins, desde o primeiro dia de internação até a finalização de todo o tratamento”.

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O acordo inclui o pagamento de coparticipações de planos de saúde, custeios de medicamentos, acompanhantes e tratamento psicológico suportado pelas vítimas, acompanhamento de familiares de primeiro grau, do início da internação até a finalização do tratamento, transporte, alimentação, lucros cessantes e demais gastos incorridos.

Faz parte também do acordo o pagamento dos danos emergentes e lucros cessantes, tanto das vítimas quanto de seus familiares, a ser arbitrado pelo juízo na liquidação.

Com o acordo, fica extinta a Ação Civil Pública que trata da indenização por dano material às vítimas do caso Backer. No dia 14 de julho de 2023, foi protocolado na 23ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte o requerimento de homologação do acordo, no qual a empresa reconhece a integralidade dos pedidos formulados na ação.

CAUSALIDADE

Nos termos do acordo é ressaltado que para fazer jus à indenização, a relação de causalidade entre a contaminação das cervejas pelas substâncias dietilenoglicol ou monoetilenoglicol e os danos efetivamente causados à saúde de cada reclamante terá de ser reconhecido pela Central de Apoio Técnico (Ceat) do MPMG, “nos termos do laudo apresentado, sem prejuízo da inclusão de outras, após análise individualizada”.

Também ré na ação, a Empreendimentos Khalil Ltda. destinará 244 lotes de sua propriedade, localizados no município de Perdigão, para contribuir para o pagamento das indenizações. 

Caberá à empresa, em conjunto com a Associação das Vítimas de Intoxicação por Dietilenoglicol, definir a destinação dos imóveis cedidos, preço de venda, contratação de empresa para a implementação de loteamento, constituição de garantias, entre outras ações. 

Não havendo acordo, os imóveis deverão ser transferidos à associação.

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O MPMG informou ainda que a Cervejaria Três Lobos vai incluir no plano de recuperação a ser proposto na sua ação de recuperação judicial a manutenção de fundo correspondente a 5% de seu faturamento líquido, como alternativa para o pagamento integral das vítimas.

A companha reconhece, do mesmo modo, a procedência do pedido de condenação em danos morais e sociais coletivos, ficando estabelecido o valor de R$ 1,5 milhão a serem pagos ao Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor.

TRAUMA

Na avaliação do promotor de Justiça de Defesa do Consumidor de Belo Horizonte Fernando Ferreira Abreu, o acordo encerra complexa ação decorrente de um evento de natureza traumática. “Longe de reparar o dano mais íntimo das vítimas e seus familiares, por absoluta impossibilidade física, o acordo assegura, na integralidade requerida na ação, o direito ao pagamento das indenizações, único meio existente de se reparar o dano”.

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Segundo o promotor, “o prosseguimento do processo poderia conduzir, no máximo, ao resultado obtido no acordo quanto aos danos pessoais e patrimoniais, motivo pelo qual sua importância se torna latente por assegurar o direito daqueles que assim o desejarem”.

De acordo com inquérito da Polícia Civil, 29 pessoas que beberam a cerveja Backer desenvolveram uma síndrome que causou insuficiência renal aguda pela substância tóxica encontrada na bebida e que vazou de um dos tanques. Desse total, dez pessoas morreram e 19 apresentaram sequelas graves.

*Com informações do TV Foco e Agência Brasil.

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