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150 dias sem chuva no MT: seca extrema já afeta agricultura e gera alerta

Mato Grosso enfrenta 150 dias sem chuva, afetando diretamente a produção agrícola do estado

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Pexels/ian-turnell

A estiagem prolongada em Mato Grosso está gerando sérias consequências para a agricultura local, especialmente para os produtores de soja e algodão, dois dos principais produtos agrícolas da região. 

Com 150 dias sem chuvas, o plantio da primeira safra de soja encontra-se seriamente comprometido, o que coloca em risco a viabilidade da próxima safra de algodão. 

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A situação é alarmante, e os efeitos desta seca histórica podem causar prejuízos ainda maiores caso as condições climáticas não melhorem nos próximos meses.

IMPACTOS NO PLANTIO DA SOJA

A soja é um dos carros-chefes do agronegócio mato-grossense, com uma área estimada de 12,4 milhões de hectares destinados à sua plantação. No entanto, o cenário atual é desolador para os produtores locais. 

Devido à falta de chuva, o plantio da soja está muito atrasado em relação aos anos anteriores, o que gera grande incerteza sobre o resultado final da safra.

Foto: Divulgação

Rodrigo Pasqualli, diretor executivo da Fundação Rio Verde, entidade que promove o Show Safra, evento de destaque no calendário agrícola da região, comenta sobre os impactos negativos dessa seca: 

“Estamos enfrentando um cenário muito complicado. A falta de chuva comprometeu o avanço do plantio da soja e, consequentemente, deve afetar a viabilidade da safra de algodão, que é dependente da colheita da soja. O clima não tem colaborado, e os produtores estão cada vez mais preocupados com as consequências para a próxima safra.”

A previsão inicial para o plantio da soja, conforme estabelecido pelo calendário agrícola, estipulava que o plantio deveria estar em estágio avançado até este ponto da temporada. 

Contudo, sem as chuvas necessárias, muitos agricultores sequer iniciaram suas plantações, colocando a primeira safra em risco e ameaçando os cultivos subsequentes.

Além da questão do plantio atrasado, outro ponto de preocupação é o custo adicional que os produtores podem enfrentar caso precisem adotar medidas de irrigação emergencial ou outras técnicas de mitigação para salvar suas lavouras. Essas alternativas, apesar de necessárias em momentos de crise, podem elevar os custos de produção de maneira significativa, prejudicando ainda mais a rentabilidade das safras.

Foto: Divulgação

RISCO PARA A SAFRA DE ALGODÃO

A falta de chuvas na fase inicial do plantio da soja não apenas prejudica essa cultura, mas também afeta diretamente a safra de algodão, que é plantada após a colheita da soja, em uma espécie de ciclo de safra contínuo. A área prevista para o cultivo do algodão em Mato Grosso é de cerca de 1,5 milhão de hectares, e há uma preocupação crescente de que essa meta não será alcançada devido ao atraso no ciclo da soja.

“A situação do algodão é preocupante porque sua semeadura depende diretamente da colheita da soja. Se a soja não for colhida a tempo, não haverá janela de plantio adequada para o algodão, o que pode inviabilizar a produção”, afirma Pasqualli. 

Ele acrescenta que o algodão é uma cultura de alto valor, sendo um dos principais produtos de exportação do estado, e a redução na produção pode impactar seriamente a economia regional.

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Além do impacto econômico direto, a questão ambiental também é um fator relevante. A seca prolongada pode afetar o ecossistema local, reduzindo a biodiversidade e alterando o ciclo natural do solo. Isso pode, no longo prazo, comprometer a sustentabilidade das áreas agrícolas, tornando as terras menos férteis para futuras safras. 

O uso intensivo de tecnologias corretivas, como a aplicação de fertilizantes e adubos para compensar a falta de chuvas, também pode desequilibrar o solo, tornando-o mais dependente de insumos externos.

Foto: Pixabay

COMO MITIGAR DANOS?

A Fundação Rio Verde, em parceria com instituições de pesquisa agrícola, está buscando alternativas para mitigar os efeitos dessa seca extrema. 

Entre as estratégias que estão sendo avaliadas, estão o uso de tecnologias avançadas para melhorar a retenção de água no solo, bem como técnicas de irrigação que possam ser aplicadas de maneira eficiente e com o menor custo possível para os agricultores.

“Estamos mobilizando uma equipe de especialistas para investigar e testar soluções que possam ajudar a reduzir os impactos dessa estiagem sobre a produção agrícola. Nossa prioridade é encontrar alternativas viáveis antes do início da segunda safra, que depende fortemente das condições climáticas”, explica Pasqualli.

Além das iniciativas tecnológicas, a Fundação Rio Verde também tem promovido treinamentos e workshops para capacitar os agricultores locais a lidar com os desafios impostos pelas mudanças climáticas. O objetivo é preparar o produtor para enfrentar cenários adversos como o que estamos vivendo agora, com seca intensa e imprevisível.

Dentre as tecnologias testadas, destaca-se o uso de drones para monitorar a umidade do solo e identificar áreas críticas que necessitam de intervenção. Esses drones podem ajudar os agricultores a otimizar o uso da água e a melhorar a eficiência das técnicas de irrigação, reduzindo o desperdício e maximizando o impacto das medidas corretivas.

Foto: Divulgação

DESAFIOS ECONÔMICOS PARA OS PRODUTORES

O ano de 2024 já está se mostrando um dos mais desafiadores para os produtores agrícolas de Mato Grosso. Além da seca extrema, o estado enfrentou queimadas recentes que afetaram ainda mais o solo e as plantações. A combinação de condições climáticas adversas com uma série de problemas estruturais tem gerado um impacto econômico significativo.

Produtores que já enfrentaram dificuldades na safra anterior, devido ao baixo rendimento e preços de mercado desfavoráveis, agora precisam lidar com a possibilidade de uma nova safra frustrada. Muitos agricultores dependem de financiamentos para realizar suas plantações, e o atraso no plantio da soja, somado à incerteza sobre a safra de algodão, pode comprometer a capacidade de pagamento desses empréstimos.

“A seca trouxe um impacto imediato sobre o rendimento esperado, mas as consequências econômicas podem ser ainda mais graves. Estamos observando um aumento na pressão financeira sobre os produtores, que precisam arcar com custos elevados de produção sem a garantia de um retorno satisfatório”, alerta Pasqualli.

Outro fator preocupante é a possibilidade de perda de mercados internacionais. Com a queda na produção, o estado pode ter dificuldades em cumprir contratos de exportação, o que pode prejudicar a imagem do agronegócio mato-grossense e causar a perda de clientes importantes no exterior.

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Foto: Agência Brasil

PREVISÕES CLIMÁTICAS E FUTURO DA SAFRA

As previsões climáticas para os próximos meses indicam poucas chuvas, o que preocupa ainda mais os produtores e especialistas do setor agrícola. Sem a reposição hídrica necessária, o solo de Mato Grosso pode continuar secando, agravando os problemas já existentes.

As soluções a curto prazo, como o uso de irrigação e manejo adequado do solo, podem ajudar a reduzir os danos imediatos, mas a seca prolongada também requer ações de longo prazo para evitar que se torne uma crise recorrente na agricultura mato-grossense.

O estado de Mato Grosso enfrenta um dos períodos mais críticos para o setor agrícola, com a seca extrema colocando em risco não apenas a atual safra de soja, mas também a produção futura de algodão. 

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