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Lama das barragens de Mariana chega ao Rio Doce em Baixo Guandu

Massa de água com maior concentração de rejeitos ainda está na represa de Aimorés, em Minas Gerais, mas parte da sujeira já chegou ao Espírito Santo e deixou a água mais barrenta

A lama com rejeitos de minério já chegou à Represa de Aimorés e está cada vez mais próxima do Espírito Santo Foto: Reprodução Facebook

A parte do Rio Doce que passa por Baixo Guandu, no noroeste do Estado, já está com a água mais barrenta, o que chamou a atenção de vários moradores do município na tarde desta segunda-feira (16). O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Fabiano Bonno, que acompanha a situação dos municípios capixabas que serão afetados pela lama com rejeitos de minério, proveniente das represas da Samarco em Mariana-MG, confirmou que a água está mais suja no rio, porém evitou afirmar que a mudança seja reflexo direto da chegada dos resíduos ao município.

Segundo o coordenador, a coloração da água pode ter mudado também por causa de sujeira liberada na usina de Aimorés, em Minas Gerais, município que fica na divisa com Espírito Santo. O coronel ressalta que aguarda uma resposta oficial da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), responsável pela hidrelétrica, para se ter certeza da origem dessa sujeira.

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"A água realmente está mais barrenta, mas ainda não podemos dizer, com toda a certeza, que isso é reflexo da lama proveniente das barragens de Mariana. Essa sujeira pode ter vindo do fundo da represa de Aimorés. Estamos monitorando a situação e esperamos que a Cemig identifique a origem dessa sujeira", salientou.

A alteração na tonalidade da água em Baixo Guandu atraiu a atenção de diversos moradores do município, que se concentraram em alguns pontos próximos ao Rio Doce, como a ponte da Mauá, que passa por cima do rio, para ver de perto a sujeira. Alguns fizeram imagens do rio, na tarde desta segunda, e postaram nas redes sociais, afirmando que a parte mais densa da lama já está chegando ao município.

No entanto, a assessoria de comunicação da Cemig informou que a massa de lama com a maior concentração de rejeitos de mineração está na altura da usina de Aimorés e, portanto, ainda não chegou ao Espírito Santo. No entanto, a empresa admite que essa mudança na cor da água do Rio Doce em Baixo Guandu já pode ser reflexo da proximidade da parte mais densa da lama ao município.

Com a chegada da lama no Rio Doce, a captação da água em Baixo Guandu está sendo feita pelo Rio Guandu Foto: Divulgação/Prefeitura

Ainda segundo a assessoria de imprensa da companhia, essa massa mais concentrada de rejeitos percorre o fundo do Rio Doce em uma velocidade mais reduzida. No entanto, uma parte mais diluída dessa lama flui com mais rapidez, pela superfície, e pode ser o fator causador do escurecimentos da água em Baixo Guandu.

Abastecimento

Enquanto a parte mais densa da lama não chega ao município - a previsão mais recente do Serviço Geológico do Brasil é que essa massa de água com maior turbidez chegue ao Espírito Santo a partir de terça-feira (17) - a captação de água no Rio Doce já foi suspensa, na manhã desta segunda-feira, por tempo indeterminado

Com isso, o abastecimento na cidade está sendo feito por meio do Rio Guandu. Inclusive uma obra emergencial foi realizada para que a água do rio fosse desviada para a estação de tratamento e distribuída para a população. O problema, segundo a prefeitura, é que o nível do Rio Guandu está abaixo do esperado e existe a possibilidade do abastecimento ficar prejudicado, principalmente nos horários de pico.