Geral

Júri no ES: mãe de jovem morta nos EUA relata crime brutal e pede justiça

Delma Félix Feitosa acompanha o julgamento dos capixabas acusados de matar Ana Paula Feitosa, em 2020, na Califórnia. Ela foi estrangulada com fio de ventilador

Foto: Reprodução TV Vitória

Os dois capixabas que confessaram o assassinato da mineira Ana Paula Feitosa são julgados nesta quinta-feira (10). O júri popular de Thiago Philipe Souza Bragança e Wenderson Júnior da Silva acontece no Fórum Criminal de Vitória. A previsão é de que a sentença seja proferida até o fim da noite. 

> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas pelo WhatsApp? Clique aqui e participe do nosso grupo de notícias!

A mãe da vítima acompanha o julgamento de perto. Delma Félix Feitosa espera há quase três anos por justiça. “Eu espero que Deus faça justiça, porque minha filha era muito trabalhadora. Ela ajudou muito eles. Eles pediram ajuda para ela para ficar no apartamento dela. Ela cedeu um quarto para eles”, disse.

Foto: Reprodução / Instagram

Ana Paula tinha 24 anos quando foi morta. As investigações do caso apontam que a jovem foi estrangulada com um fio de ventilador dentro do próprio apartamento. O crime aconteceu nos Estados Unidos, em janeiro de 2020. Os acusados da execução são capixabas e eram amigos da vítima.

MÃE RECEBEU VÍDEO DE ASSASSINOS

Delma contou que, depois do crime, ela recebeu um vídeo cruel relatando a morte da filha. “Quando eles mataram ela, pegaram o celular e mandaram tudo para mim filmado. ‘Disseram assim: ela está morta. Agora nós vamos desovar o presunto'”. 

LEIA TAMBÉM: Policiais dos EUA vão testemunhar em julgamento de capixabas que mataram jovem

O desejo da mãe da vítima é de que os réus fossem julgados confirme a lei do local onde eles assassinaram a filha dela. Na Califórnia, eles poderiam ser condenados a pena de morte.

“Eu quero que eles pegam pelo menos 80 anos, para ver se ficam pelo menos uns 15 anos presos. Porque aqui no Brasil não tem justiça. Eu queria que eles fossem julgados lá, porque lá tem pena de morte”, disse.

Os réus Thiago Philipe Souza Bragança e Wenderson Júnior da Silva estão sendo julgados em júri popular. A expectativa do promotor Bruno Oliveira é de que eles saiam condenados. Isso porque, para a promotoria, a motivação do crime é torpe e, a dupla, sequer deu direito de defesa à vítima.

“As investigações apontam prova cabal da autoria de um homicídio brutal. Nós esperamos a condenação dos dois acusados”. 

O QUE DIZ A DEFESA DOS CAPIXABAS DENUNCIADOS

A defesa de Wenderson contesta a versão apresentada pela acusação. Segundo o advogado Wagner Batista Campanha, o rapaz falou que ele não participou da morte, mas ajudou a ocultar o cadáver. Ele espera que Wenderson seja julgado e condenado apenas pelo crime que cometeu. 

Já o advogado de defesa de Thiago, Marcos Varizel, acredita que o julgamento vai ser difícil e deve durar todo o dia. 

JULGAMENTO É INÉDITO NA JUSTIÇA DO ES

O julgamento é considerado inédito pela promotoria de Justiça do Espírito Santo porque, pela primeira vez, um crime cometido por brasileiros, contra uma brasileira, fora do país vai ser julgado no Estado. 

Os réus são capixabas e foram presos em Cariacica, na Grande Vitória. Segundo as investigações, depois de cometer o crime, eles fugiram dos Estados Unidos passando pela fronteira do México e vieram para o Brasil. 

LEIA TAMBÉM: Mãe de suspeito em assassinato de mineira em Los Angeles fala sobre o crime

No Estado, eles percorreram alguns municípios antes de serem detidos. Se condenados, os réus vão cumprir a pena no Brasil. 

RELEMBRE O CRIME

Em 30 de janeiro de 2020, em Los Angeles, nos Estados Unidos, teve início a investigação do crime. Por meio de imagens, a polícia identificou os capixabas Thiago Philipe Souza Bragança e Wenderson Junior Dalbem Silva. Eles são acusados de asfixiar e matar a mineira Ana Paula Feitosa dos Santos Braga.

De acordo com as investigações, os suspeitos percorreram mais de 15 mil quilômetros em uma fuga. A maratona envolveu três países (EUA, México e Brasil). Ao chegarem os solo brasileiro, eles foram ainda em várias cidades.

No Espírito Santo, a polícia recebeu informações depois de descobrir que a dupla falava sobre o crime para algumas pessoas. Diante disso, não demorou para que a polícia capixaba chegasse até os suspeitos.

LEIA TAMBÉM: OAB mostra presídio masculino onde advogados cumprem preventiva em Viana

Depois de presos, a mãe de Thiago entrou em contato com a Rede Vitória, ainda em março de 2020, para falar sobre a situação do filho. A dona de casa, que preferiu não se identificar, revelou que desde muito novo o filho dava indícios de que não seria uma pessoa fácil. 

“Ele sempre apresentou um quadro de agressividade. Eu, como mãe, percebia isso”, desabafa. Vivendo em Cariacica, ela tinha medo das companhias do jovem. “Alguns amigos dele já até foram mortos ou presos.”

Como a família do pai do jovem mora em Los Angeles, nos EUA, a mulher pensou que seria a oportunidade de ele ter uma vida melhor. A mãe contou que o rapaz trabalhou nas melhores empresas e chegou a ganhar mais de 35 dólares por hora, mas ele se envolveu com drogas e viveu como mendigo.

*Com informações da repórter Alessandra Ximenes, da TV Vitória/Record TV.

Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória
Gabriel Barros Produtor web
Produtor web
Graduado em Jornalismo e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Ufes. Atua desde 2020 no jornal online Folha Vitória.