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Vendas de brechó e bazar ajudam a manter projetos sociais no ES

Entenda como a moda circular faz uso da sustentabilidade para angariar recursos para instituições do Terceiro Setor

Redação Folha Vitória

Foto: Cabide do Bem/Divulgação
Espaço Cabide do Bem

O mundo da moda é guiado por tendências e conceitos, os quais estão em constante mudança. A noção de solidariedade, porém, é eterna e serve como base para a moda sustentável, vertente que auxilia e promove a empatia.

Também conhecido como moda circular, este conceito faz uso da sustentabilidade para angariar recursos para instituições do Terceiro Setor. Em Vitória, capital do Espírito Santo, diversos espaços adotaram a iniciativa, em especial as lojas Cabide do Bem e o Bazar Beneficente, ambas apoiadas pelo Instituto Americo Buaiz (IAB)

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Conheça os projetos 

Cabide do Bem 

Localizada dentro do Asilo dos Idosos de Vitória, na região de Monte Belo, a loja Cabide do Bem existe há 8 anos, funcionando como brechó. Em 2022, o espaço passou por uma remodelação física, onde ganhou o nome. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Anette Musso

Já neste ano, o Cabide do Bem ganhou uma logomarca própria e fechou novas parcerias com a Faesa e a Secretaria de Justiça do Estado (Sejus). 

"A parceria foi firmada com diversos cursos da Faesa. Os alunos do curso de Moda atuam na curadoria de peças, seleção de looks e divulgação da loja. O Lacos – Laboratório de Comunicação cuida da rede social da loja e desenvolveu a nova logomarca", contou Anette Musso, coordenadora do Cabide do Bem.

Como funciona a dinâmica? 

Ao comprar peças na loja, toda a renda arrecadada é imediatamente revertida para a manutenção dos 78 idosos abrigados no Asilo. 

"Além das roupas e recursos que destinamos aos idosos, participamos de feiras de sustentabilidade. A loja é uma importante fonte de captação de recursos para a instituição. Acreditamos que a comercialização de peças usadas (second hand), uma iniciativa sustentável, e cada vez mais em prática, é o caminho que queremos trilhar. Em 2024, já estamos com parcerias montadas com grupos de mulheres empreendedoras de comunidades para customizar peças e torná-las únicas e economicamente viáveis", complementou a coordenadora. 

Projeto Bazar Beneficente 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Bazar Beneficente

O projeto Bazar Beneficente é uma iniciativa criada para arrecadação de recursos e reaproveitamento de roupas, acessórios e outros objetos, que já perderam o valor para quem os possuía, criando um novo ciclo de vida.

A iniciativa surgiu em 2005, na Associação Albergue Martim Lutero, por ideia de uma voluntária que permanece até hoje no local, Sra. Hully.

"Hoje, funcionamos em dois locais, em Primavera/Viana e na sede da instituição em Tabuazeiro/Vitória", contou Nelzileide Mariano, assistente social responsável pela captação de recursos no Albergue. 

Como funciona a dinâmica?

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Nelzileide Said Evald Mariano

Segundo a assistente social, a colaboração entre os bazares e o Terceiro Setor, mais especificamente a Associação Albergue Martim Lutero, possui diversos objetivos ligados a causas sociais e ambientais.  

"Além da sustentabilidade que a moda circular proporciona, é uma excelente maneira de arrecadar fundos para apoiar as atividades e programas da instituição", contou.

Outra possibilidade demonstrada pelo projeto foi a oportunidade de inclusão social percebida pelos organizadores. 

"Oferecendo peças de qualidade com preços acessíveis; maior conectividade com a comunidade local, fortalecendo os vínculos com os residentes do território, aumentando a conscientização sobre as questões apoiadas pela AAML; além de promover a sustentabilidade, incentivando a reutilização e reciclagem de roupas, acessórios, brinquedos e calçados", complementou Nelzileide. 

Histórias marcantes

Segundo Anette Musso, ao longo do trabalho com a moda sustentável, muitas histórias marcantes puderam ser testemunhadas por ela. 

"A alegria de algumas pessoas ao comprarem uma roupa, um casaco de boa qualidade por um preço justo. Teve uma avó que comprou um vestido lindo por R$ 25 para a neta usar na formatura. Foi a realização do sonho dela. O Cabide do Bem é um propósito da minha vida e um grande aprendizado. Acredito no movimento de moda circular e mudei a minha forma de pensar. Hoje, é bem mais consciente", contou. 

Acerca da mudança de pensamento, Nelzileide também relatou ter sido impactada pelo trabalho. 

"Através do Bazar da Instituição, percebi a importância da moda sustentável para a economia e sustentabilidade. Embora muitos vejam o bazar apenas como uma fonte de recursos financeiros, ele vai além disso. Explorar as peças disponíveis revelou o papel crucial da moda sustentável na promoção de práticas conscientes de consumo. Cada item à venda conta uma história de redução do desperdício têxtil, reutilização de materiais e apoio a iniciativas éticas, impulsionando não apenas a economia local, mas também incentivando a inovação".

Conceito essencial para o desenvolvimento sustentável 

Por fim, o conceito de moda circular possui um papel essencial na abordagem de desafios ambientais associados à indústria da moda, bem como na geração de trabalho e renda. 

"Essa abordagem busca criar um ciclo sustentável de produção, consumo e descarte, minimizando o impacto negativo no meio ambiente. No contexto do Terceiro Setor, a moda circular pode desempenhar um papel significativo, considerando que através do bazar, muitas instituições conseguem contribuir com a comunidade desempenhando iniciativas com grandes impactos sociais", finalizou Nelzileide.

"Não existe outro caminho. A indústria da moda é uma cadeia enorme de desperdício. Isso precisa ser repensado com urgência. Não temo a opção B. Temos que reutilizar, reaproveitar, dar uma cara nova e fazer essa peça circular. Isso também aumenta a geração de trabalho e renda. Uma camisa usada que recebe uma interferência – um bordado, uma pintura, uma aplicação – se torna uma nova camisa e com a oportunidade de escrever uma nova história. Isso é maravilhoso!", complementou Anette. 

*Texto escrito pela estagiária Sofia Galois, sob supervisão da editora Erika Santos

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