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Jovem com câncer no cérebro não recebe benefício do INSS há 4 meses

Auxiliar de produção de Vila Velha afirma que até o momento não conseguiu o resultado da biópsia que revela o tipo de tumor que ele tem

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução TV Vitória

O auxiliar de produção Brendo Rosa Nascimento, de 26 anos, precisou fazer duas cirurgias no período de um ano para retirada de tumor no cérebro. Até hoje, ele não sabe que tipo de neoplasia tem e nem qual tratamento precisa fazer.

Morador de Vila Velha, ele tinha o sonho de ser atleta de bodyboarding, mas precisou engavetar o plano. Ele descobriu o tumor em 2023, após ter uma convulsão andando de bicicleta.

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A vendedora Julia Batista estava o acompanhando no incidente. "Ele falou assim: 'Minha língua tá dormente'. Quando eu virei pra trás, ele estava virando todo pro lado direito, o maxilar dele aberto, a pupila dele dilatada. E aí eu pensei: 'Meu Deus, esse menino tá tendo um derrame?'", conta.

"Aí ele começou a cair e a convulsionar. Eu segurei ele pra não bater a cabeça, tentei virar de lado e comecei a gritar: 'Alguém me ajuda, socorro!'", completa Julia.

Depois do caso, Brendo teve que realizar uma série de exames, que descobriram o tumor na cabeça. Então, ele fez a primeira cirurgia, há pouco mais de um ano.

Na última semana, o jovem estava internado por ter passado pela segunda cirurgia. O tempo de intervalo entre as duas intervenções cirúrgicas foi de exatamente um ano e 12 dias.

Brendo precisou realizar o segundo procedimento no cérebro para retirar o tumor.  "A cirurgia foi um sucesso, está até saindo da cabeça, já tirei o dreno, mas graças a Deus também", disse Brendo.

"O doutor fez uma promessa de tentar preservar o máximo possível meus movimentos", revela o jovem.

Na época da descoberta do tumor, o auxiliar de produção percebeu que alguns sinais que sentia antes já indicavam algo de errado. "Começa com mal-estar e depois um formigamento na língua. Aí minha língua ficava pulsando e eu não conseguia falar, nem abrir", detalha.

A primeira cirurgia, feita em 2023, foi paga pelo plano de saúde. Porém, a noiva precisou arcar com um exame requisito para o procedimento, algo que o plano não custeou.

Depois disso, enquanto esperavam para saber o tipo de câncer e qual tratamento seria necessário, o convênio sumiu, sem entregar os resultados. "A biópsia foi feita, o que não foi feito foi o estudo de deleção P19, que é o exame para saber se precisa de quimioterapia ou radioterapia", relata Brendo.

"O doutor indicou fazer uma radioterapia, porque não posso crescer de novo, não posso ficar recorrendo a cirurgias, são muitos riscos. Cada cirurgia é um risco que eu estou correndo", conta.

A empresa que Brendo trabalha se conveniou a outro convênio, mas, mesmo assim, havia dificuldade de marcar planos e todo o acompanhamento foi prejudicado. O câncer voltou e, um ano e 12 dias depois da primeira cirurgia, ele teve de fazer outra.

Além disso, o jovem ainda não teve o pedido de renovação do benefício do INSS aceito e está há 4 meses sem receber. "Ele (o médico do INSS) viu que eu estava andando, falando, fez testes físicos e falou que eu estava apto. Mas eu tinha laudo de oncologista falando que eu precisava fazer tratamento", revela.

"Precisava de todos os laudos pra eles saberem que eu realmente estou precisando, que eu não estou encostado só porque eu queria", reclama Brendo.

Agora, Brendo e a noiva precisam de dinheiro para custear as dívidas contraídas para pagar os exames e consultas e contam com apoio da família para as contas do dia a dia. Mas a ideia dos noivos era que os dois já estivessem casados desde o ano passado.

"A gente estava tentando só pagar o que eu gastei com o cartão de crédito. A caixa, quando aumentou a dose, só durava 15 dias e era R$ 150, mesmo meu irmão sendo farmacêutico e conseguindo desconto. Aí enrolou na nossa questão financeira", lamenta o jovem.

Enquanto isso, ainda não se sabe que tipo de câncer o auxiliar de produção tem e qual tratamento precisa. A preocupação é que o câncer estava alojado em uma área que pode afetar os movimentos e também a fala.

"Não sei qual é o câncer. Com certeza é um grau alto pra ele ter crescido em um ano, porque normalmente um tumor demora anos para crescer", disse Brendo.

O INSS informou que o paciente recebeu o benefício por incapacidade temporária de agosto de 2023 a julho de 2024 e que esse auxílio segue critérios específicos. O paciente, então, tem uma nova perícia agendada para o dia 26 de novembro.

O plano de saúde atual de Brendo disse que está avaliando a situação com calma e que vai ajudar o paciente.