Saiba o prazo para informar à polícia sobre pessoa desaparecida
Há algumas formas de realizar buscas por desaparecidos no Espírito Santo, saiba como prosseguir
No Espírito Santo, somente no ano passado, 2.483 pessoas desapareceram. Isso significa que em 2023, todos os dias pelo menos seis pessoas saíram de suas casas e não voltaram mais.
Em meio à angústia e o desespero da procura por um ente querido, muitas pessoas sequer sabem como começar as buscas. Há ainda quem acredite que é necessário esperar por determinado tempo, como 24 horas ou até mais.
LEIA TAMBÉM:
Seis pessoas desaparecem por dia no ES; famílias buscam respostas
Previsão de chuva preocupa Defesa Civil e pode afetar Enem no Norte do ES
Carro bate em moto e veículos pegam fogo em Domingos Martins
A verdade é que não é necessário esperar tempo nenhum para relatar um desaparecimento, segundo o titular da Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD), o delegado Luiz Gustavo Ximenes.
"Procure imediatamente a delegacia de Polícia Civil mais próxima a sua residência para registrar ocorrência no caso do desaparecimento de uma criança ou adolescente", orientou o delegado.
Além disso, a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2328/23, que torna obrigatório que a polícia e os demais órgãos de segurança pública iniciem imediatamente a busca por pessoas com deficiência desaparecidas, independentemente da idade e do tipo de deficiência.
No Espírito Santo existe a Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD), localizada em Vitória. Lá, familiares são orientados sobre como podem buscar ajuda. Veja as informações abaixo:
Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD)
Endereço: Rua Dr. João Carlos de Souza, 89, Barro Vermelho, Vitória/ES.
Contato: (27) 3198-7022
E-mail: [email protected]
Como as buscas são realizadas?
Há algumas formas de realizar buscas por desaparecidos no Espírito Santo, como exemplifica o delegado.
Segundo ele, um procedimento implementado no ano de 2024 prevê que um parente ou familiar do desparecido compareça a uma delegacia e realize um boletim de ocorrência.
“Através dele instauramos um inquérito policial. Caso tenha algum indício de maus-tratos, ele é encaminhado ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa”.
A partir do inquérito, as investigações são voltadas para a localização da pessoa desaparecida o mais rápido possível.
Famílias convivem com a incerteza
Luzia Maria Queiroz Barbosa é mãe de Felipe Queiroz Barbosa, de 32 anos, desaparecido desde julho deste ano. De lá para cá, a família do rapaz iniciou buscas incansáveis para encontrá-lo.
Felipe é usuário de drogas e também é diagnosticado com esquizofrenia. Segundo a mãe, a última vez que conversou com ele foi em 18 de julho.
"Felipe conversou comigo no dia 16 de julho para me dizer que teve uma recaída, que tinha ido à UPA. Eu passei por lá e me disseram que ele realmente havia ido ali. Depois, no dia 18, ele entrou em contato comigo novamente para dizer que ia embora fazer a vontade de Deus. Desde então, nunca mais tive notícias dele", contou a mãe", relatou.
Além de Felipe, engrossando s estatísticas de pessoas desaparecidas no ano passado, está Jefferson Gonçalves de Jesus, com 38 anos à época do seu desaparecimento, em 4 de junho de 2023.
Ele disse à esposa que precisava sair para resolver algumas questões e desde então não foi mais visto. À época do desaparecimento, Jefferson morava no bairro Caratoíra, em Vitória.
Desde então, a família iniciou uma busca incansável para encontrá-lo. Segundo a irmã, Joana Gonçalves, com a falta de informações, no mesmo mês em que o irmão sumiu, um boletim de ocorrência foi feito junto à Polícia Civil.
Isso fez com que, assim como no caso de Emanuelhy, diversas pessoas entrassem em contato com a família para passar informações falsas em troca de recompensas em dinheiro.
"Pessoas ligavam dizendo saber do paradeiro do meu irmão em troca de resgate. Como apoio concreto, contamos com a polícia e a mídia para que a história não caia no esquecimento", relembra Joana.
O que motiva os desaparecimentos?
Apontar uma causa específica para o desaparecimento de pessoas é uma tarefa difícil, uma vez que cada caso é particular e envolve diferentes fatores de pessoa para pessoa.
Apesar disso, em conversa com o Folha Vitória, o titular da Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD), o delegado Luiz Gustavo Ximenes, explicou que entre as principais motivações estão conflitos familiares e uso de entorpecentes.
"Muitas vezes, durante os conflitos familiares, os adolescentes vão amadurecendo, começam a questionar várias coisas e às vezes eles perceberem que a fuga é, na visão deles, o melhor caminho para escapar da realidade", aponta o delegado.
Disque-denúncia para pessoas desaparecidas
O site do Disque Denúncia 181 disponibiliza um portal específico para pessoas desaparecidas, onde familiares podem autorizar a publicação de informações e fotos dos desaparecidos.
O portal não apenas facilita a divulgação de dados relevantes, mas também permite que qualquer cidadão contribua anonimamente com informações que auxiliem no trabalho das autoridades policiais.