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Obra de viaduto na BR 101 é entregue, mas apenas 12% do cronograma de duplicações foram cumpridos

Liberação do trecho, localizado em Viana, melhorou o trânsito para quem segue em direção ao sul do Estado, mas sentido contrário segue congestionado

Foto: Divulgação / Eco 101
Trecho de viaduto em Viana foi liberado para o tráfego de veículos nesta terça-feira

Um trecho de um viaduto localizado no km 298, na altura dos bairros Marcílio de Noronha e Vila Betânia, em Viana, foi liberado na manhã desta terça-feira (17). A conclusão da obra facilitou o tráfego dos motoristas que seguem em direção à região sul do estado. No entanto, no sentido contrário, ainda há muito congestionamento, já que o viaduto que liga à região norte ainda não foi concluído.

A construção dos dois viadutos custou R$ 34,8 milhões, segundo a concessionária Eco101, responsável pela administração do trecho da BR 101 que corta o Espírito Santo. As obras começaram em janeiro e se arrastaram ao longo de todo o ano. O objetivo, de acordo com a Eco101, é melhorar o fluxo do trânsito na região.

Apesar da liberação de um dos viadutos, o cronograma de obras da concessionária na rodovia segue bastante atrasado. O contrato de concessão da Eco101 com o governo federal pela BR 101 foi assinado há seis anos. Neste período, a previsão era que 197,3 quilômetros da estrada fossem duplicados. No entanto, segundo a concessionária, até outubro deste ano apenas 25,2 quilômetros haviam sido entregues, pouco mais de 12% da meta estabelecida.

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A equipe de jornalismo da TV Vitória/Record TV acompanhou cada capítulo da novela da duplicação da BR 101. Em outubro, foi mostrado que a duplicação do trecho de 22 quilômetros entre Guarapari e Anchieta não havia começado. A promessa era que as obras tivessem início no segundo semestre deste ano.

Foto: TV Vitória
Diversos trechos da BR 101 no Espírito Santo seguem em obras para duplicação

Em setembro, a Eco101 informou que 9 quilômetros tinham sido duplicados em Viana e Guarapari. No entanto, a equipe da TV Vitória foi ao local e encontrou uma situação bem diferente.

Em maio, a concessionária tentou aumentar o valor do pedágio, conforme consta no contrato de concessão. No entanto, a Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES) entrou com uma ação civil pública, pedindo que a Justiça impedisse o reajuste. A justificativa era o baixo número de quilômetros duplicados pela Eco101.

O que diz a Eco101

Por meio de nota, a Eco101 informou que mantém obras de duplicação entre Viana e Guarapari, intervenções que tiveram início em maio de 2018. Desse trecho, segundo a concessionária, 15 quilômetros foram entregues de forma antecipada, respectivamente em setembro e outubro passado. Já os 15 quilômetros restantes devem ser liberados de formas parciais, com a sua totalidade prevista para o final do primeiro semestre de 2020.

A Eco101 ressaltou ainda que a alteração no cronograma nesta fase final, com extensão do prazo, foi necessária devido aos dois últimos meses terem sido de tempo chuvoso, registrando em novembro chuvas muito além da média histórica para o mês, bem como nessa etapa das obras alguns desafios não presentes noutras partes da BR-101/ES terem sido identificados pela concessionária.

O principal desafio, segundo a concessionária, é a necessidade de estabilizar o solo, por conta da presença de camadas de pouco suporte para implantação da rodovia. Nesses pontos, a construção da rodovia precisa ser executada por etapas, aguardando que o terreno se consolide naturalmente, o que demanda um tempo maior na execução. Segundo a Eco101, essa é uma medida técnica de segurança para que, após a conclusão da obra, não ocorram movimentações de solo que possam trazer riscos à nova rodovia e, consequentemente, aos motoristas.

O investimento para a duplicação desses 30 quilômetros soma R$ 159 milhões e a obra gerou, em média, 200 novos postos de trabalho diretos e 200 indiretos. O novo trecho possui, em toda sua extensão, pista duplicada em cada sentido, separadas por canteiro central ou barreira de segurança de concreto.

A eco101 informou também que alguns fatores foram decisivos para que as obras de duplicação não atendessem o que estava previsto originalmente: a demora na liberação das licenças ambientais (o trecho norte da BR101/ES, por exemplo, ainda não tem licença de liberação para a realização das obras), processos judiciais de liberação da faixa de domínio (área da União que fica às margens da BR, ainda em andamento em alguns trechos), mudanças no modelo de financiamento do projeto e a grave crise econômica, que reduziu drasticamente o volume de tráfego da rodovia.

A concessionária destaca que o processo de licenciamento ambiental do trecho sul foi iniciado em 2011, mas a liberação pelo órgão competente só saiu em março de 2018. Após essa liberação, a concessionária deu início às obras no trecho entre os municípios de Viana e Guarapari (Km 305 ao Km 335).

Já o processo de licenciamento ambiental do trecho norte, segundo a Eco101, está em análise pelo Ibama. O órgão, que é responsável pela liberação da licença, realizou audiências públicas em novembro para debater as questões e viabilizar as obras de duplicação.

A Eco101 afirmou também que apresentou para a ANTT avaliar e aprovar, dentro do processo de revisão quinquenal, o cronograma de duplicação de rodovia. O processo está em análise pela agência.

Outros trechos

Segundo a Eco101, dentro do cronograma de obras e investimentos da concessionária, além de Viana a Guarapari (Km 305 a 335), já foram entregues trechos duplicados em Anchieta (Km 363 ao 366), Ibiraçu (Km 215,9 ao 220,4) e João Neiva (Km 205,4 ao 208,1), além do contorno de Iconha (Km 373,4 ao 379,5), o que totalizará 47 quilômetros de pista duplicada. Além disso, de acordo com a concessionária, serão iniciadas as obras de duplicação de mais 22 quilômetros, de Guarapari a Anchieta, entre os Km 335 e 357, nos próximos meses.