Casos de gripe superlotam unidades de saúde e PAs na Grande Vitória; veja vídeos
Vitória, Cariacica, Serra e Vila Velha confirmam aumento da demanda com sintomas gripais. Pacientes relatam sintomas da síndrome respiratória, como febre, coriza, mal-estar, congestionamento nasal, tosse, entre outros
A situação das Unidades de Pronto Atendimento na Grande Vitória está complicada. Nos últimos dias, houve aumento na procura por atendimentos relacionados aos sintomas gripais, o que faz com que os pacientes aguardem ainda mais para serem atendidos.
Há relatos de superlotação em unidades de várias cidades como Alto Lage, em Cariacica; Glória, em Vila Velha, Praia do Suá, em Vitória; Carapina, na Serra; Arlindo Vilaschi, em Viana.
Na manhã desta terça-feira (14), a reportagem da TV Vitória/Record TV esteve no PA de Alto Lage e muitas pessoas buscavam por atendimento.
Uma mulher relatou que esteve no local na noite de segunda-feira (13), mas a situação estava ainda pior. Ela desistiu de esperar por atendimento e preferiu voltar nesta manhã.
Pacientes relatam que estão apresentando sintomas da síndrome respiratória, como febre, coriza, mal-estar, congestionamento nasal, tosse, entre outros.
As prefeituras de Cariacica e Serra confirmaram o aumento de pacientes com sintomas de síndromes gripais.
Vila Velha destacou que cerca de 50% dos atendimentos estão relacionados à síndrome respiratória. Já Vitória, inicalmente informou que não houve aumento nos atendimentos relacionados à doença.
Na tarde de hoje, a Secretaria de Saúde do município informou que também registrou aumento no número de pessoas com sintomas respiratórios na Capital desde o último fim de semana, nas Unidades Básicas de Saúde e nos prontos atendimentos.
Segundo a secretária de Saúde, Thais Chen, no PA da Praia do Suá foi registrado um aumento de 71% de queixas relacionadas a sintomas respiratórios. Já no PA de São Pedro, esse aumento foi de 41%.
“Estamos com uma cobertura vacinal de Influenza de 80,4% dos grupos prioritários. Com a circulação do vírus da Influenza no Rio de Janeiro precisamos estar alertas e, quem ainda não se vacinou contra a Gripe deve procurar a unidade de saúde mais próxima de sua residência e se imunizar. A vacina é importante pelo fator de proteção contra as formas mais graves de gripe”, disse.
A orientação é para que os pacientes com sintomas gripais procurem a unidade básica de saúde mais próxima de onde moram.
A Semus informou ainda que quem tem seis meses ou mais e não recebeu a vacina contra a gripe neste ano, pode ir até uma unidade de saúde, de segunda a sexta-feira, de 8h às 15h, sem necessidade de agendamento, para se imunizar.
Além das Unidades a secretaria também disponibiliza a vacina nos pontos de vacinação contra a Covid-19.
Procurado pela reportagem, o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Espírito Santo informou que não tem dados sobre o aumento na procura por atendimentos de pessoas com sintomas gripais, mas que vai buscar essas informações.
Atenção aos sintomas:
Os principais sintomas da gripe são febre, dor de garganta, tosse, dor no corpo e dor de cabeça.
Situação em serviços particulares não é diferente
A situação em serviços de saúde particulares também não parece estar diferente. Um exemplo é o pronto-atendimento da Unimed Vitória, na Avenida Leitão da Silva, que também estava lotado na manhã desta terça-feira (14). A reportagem do Folha Vitória viu pacientes no local que apresentavam sintomas gripais e, a maioria, eram pessoas mais jovens.
A Unimed Vitória informou, por meio de nota, que vem observando um aumento na procura de pessoas com sintomas gripais no Pronto Atendimento e que por conta disso, já providenciou o aumento no número de médicos para agilizar os atendimentos. Veja a nota na íntegra:
"A Unimed Vitória informa que tem observado um aumento na procura de pessoas com sintomas gripais em seu Pronto Atendimento. A unidade já aumentou o número de médicos para acelerar os atendimentos e colocou uma equipe assistencial dedicada a casos graves que possam surgir. Todas as medidas estão sendo tomadas para que os impactos dessa procura sejam reduzidos. Vale reforçar que a população deve continuar respeitando os protocolos de segurança e saúde, como o uso de máscaras e álcool 70%, para conter o agravamento das síndromes respiratórias.
Sesa traça estratégia para enfrentar doença
A Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) ainda não informou quantos casos de influenza foram registrados no Espírito Santo neste ano e se houve aumento recente no Estado.
A secretaria informou apenas que segue acompanhado a situação do estado do Rio de Janeiro, onde há o registro de uma epidemia de influenza, e que a equipe técnica já traça estratégias para enfrentamento da doença e acompanha a situação no Estado.
Brasil pode começar o ano com epidemia de gripe
Especialistas alertam que o Brasil corre o risco de começar o ano de 2022 com duas epidemias simultâneas, a de covid-19 e a de gripe (influenza A). A epidemia de gripe que assola o Rio de Janeiro pode se alastrar para outras capitais e grande centros urbanos, juntamente com novos casos de infecção pelo Sars-CoV-2 - o novo coronavírus.
Estes apresentam tendência de alta no longo prazo, revelou o último Boletim InfoGripe da Fiocruz, da última quinta-feira (09). Alguns fatores podem explicar o cenário de disseminação da gripe.
Infectologistas apontam como causas do alastramento da doença o relaxamento das medidas restritivas contra o novo coronavírus (que também reduziram a circulação de outros vírus respiratórios, como o da gripe), a baixa cobertura vacinal contra a influenza e o grande número de pessoas vulneráveis ao vírus.
A imunização contra a gripe só foi retomada no Rio de Janeiro na sexta (10). Tinha ficado quase uma semana interrompida.
"Em função da grande circulação diária de passageiros entre os principais centros urbanos do País, especialmente a partir de Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, doenças infecciosas e, particularmente, vírus respiratórios têm uma facilidade muito grande de pular de um local para outro rapidamente", afirmou o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do Boletim InfoGripe da Fiocruz.
Especialistas explicam que, ao longo de 2020, o Sars-CoV-2 dominou o cenário. Praticamente, não foram registrados casos de gripe no ano retrasado. A partir do segundo semestre de 2021, no entanto, com o avanço da vacinação contra a covid, outros vírus respiratórios começaram a reaparecer. Foi o que ocorreu com o sincicial, o bocavírus e, finalmente, o influenza no mês passado.
Rio registrou 23 mil casos em três semanas
No Rio, o vírus da gripe se espalhou rapidamente. Nas últimas três semanas foram registrados 23 mil casos na cidade, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
Normalmente, a gripe aparece entre os meses de abril e julho, na passagem do outono para o inverno. Na época mais fria do ano, as pessoas tendem a ficar mais próximas umas das outras e em ambientes fechados. Essas atitudes facilitam a transmissão dos vírus respiratórios. Uma epidemia de gripe às vésperas do início do verão é totalmente atípica.
"O Sars-CoV-2 deslocou a sazonalidade de todos os vírus respiratórios, um fenômeno muito intrigante, então ninguém foi exposto", afirmou o infectologista Márcio Nehab, do Instituto Fernandes Figueira e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia. "Além disso, de 2015 para cá tivemos uma queda muito significativa dos níveis de cobertura vacinal, o que foi ainda mais agravado com a pandemia."
Pesquisadores acreditam que o H3N2 (vírus da gripe) em circulação no Brasil veio do Hemisfério Norte, que está perto do inverno. Ao chegar, encontrou baixa cobertura vacinal e o relaxamento das medidas de prevenção. Com maior controle da covid-19 nos últimos meses, houve queda no uso de máscaras e aumento de circulação de pessoas e aglomerações. Tudo isso facilitou a disseminação da gripe, com características epidêmicas.
Outro fator que favoreceu o avanço da gripe foi o baixo índice de imunização atingido pela campanha de vacinação deste ano. Segundo o Ministério da Saúde, menos de 80% do público-alvo (crianças, idosos e grávidas) tomou a vacina. O ideal seria que superasse 90%.
No Rio, a situação foi pior. O indicador ficou abaixo de 60% dos vacináveis. Como na covid-19, a vacinação antigripal é crucial para prevenir casos graves e complicações que levam a internações.
Embora a gripe seja menos agressiva que a covid-19, ela é considerada uma doença grave, relacionada a uma alta taxa de hospitalizações e mortes. Os casos graves de covid, que chegam aos hospitais, têm uma mortalidade de 25%, contra 12% e 15% nos casos graves de influenza.
Segundo a OMS, cerca de 650 mil pessoas morrem por ano no mundo vítimas de complicações relacionadas ao vírus da gripe.
"A gripe é menos letal do que a covid-19, felizmente, mas está longe de ter uma mortalidade baixa", frisou Gomes. "É importante mantermos o trabalho de conscientização, sobretudo com as festas de fim de ano, para evitar um cenário de entrarmos o novo ano com duas epidemias simultâneas."