Geral

Menino de 11 anos baleado em escola sai de hospital e família se emociona: "Alívio e gratidão"

Criança foi baleada durante ataques a duas escolas no dia 25 de novembro em Aracruz; tia do estudante conversou com o Folha Vitoria

Tiago Alencar

Foto: Reprodução Notaer

"A sensação é de alívio e gratidão a Deus." Foi com esta frase que a auxiliar administrativa Roselane Loyola confirmou à reportagem do Folha Vitória, na noite deste sábado (03), a alta hospitalar recebida por seu sobrinho, um menino de 11 anos, baleado durante os ataques promovidos por um adolescente a duas escolas em Aracruz, no Norte do Estado, no último dia 25.

O estudante estava internado no Hospital Estadual Nossa Senhora da Glória, o Infantil de Vitória, desde o dia dos atentados. 

Segundo Roselane, que é irmã da mãe da vítima, ele deixou o hospital no fim da tarde de sexta-feira (02), acompanhado dos pais. 

"Eles (os pais) preferiram sair de maneira discreta. Não quiseram fazer vídeo nem fotos. Estão querendo ficar mais tranquilos, cuidando dele, para que ele se recupere os mais rápido possível. O momento agora é só de agradecer. A sensação é de alívio e gratidão a Deus", afirmou.

Ainda segundo o relato breve e emocionado da tia da criança, o menino foi um dos primeiros alvos dos ataques realizados pelo adolescente de 16 anos, que invadiu as escolas armado com uma pistola .40 e um revólver calibre 38. 

A invasão deixou quatro pessoas mortas e outras 12 feridas. Entre as vítimas estão três professoras e uma menina de 12 anos.

Três pessoas continuam internadas

Segundo o boletim médico divulgado pela Sesa na noite deste sábado, três vítimas continuam internadas. Uma mulher de 51 anos está estável na enfermaria do Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra. No mesmo local, outra professora de 37 anos está intubada na UTI. O estado de saúde dela, segundo a Sesa, é grave.

Uma adolescente de 14 anos também segue internada na UTI do Pronto-Socorro do HINSG Dra. Milena Gotardi, anexo ao HPM. Segundo a Sesa, ela já foi extubada e seu quadro de saúde é estável.

Professora que levou 7 tiros também recebeu alta e deixou hospital

Ao som de aplausos e em clima de festa, a professora Sandra Guimarães deixou o hospital em que estava internada há uma semana, desde os ataques realizados em duas escolas de Aracruz, no Norte do Espírito Santo.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe do nosso grupo de notícias no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

A  alta da professora aconteceu na tarde da última sexta (2). A informação foi divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde.

Foto: Divulgação/ Sesa

Em um vídeo, Sandra compartilha a boa notícia e agradece os esforços de toda a equipe que a atendeu durante a internação. Veja o depoimento abaixo:

Sandra estava internada no Hospital Estadual de Urgência e Emergência desde quando ocorreu os ataques. Ela foi atingida por sete disparos dentro de uma escola pública em que dava aula, no bairro Coqueiral de Aracruz.

Professora vítima de ataque toca violão em hospital

Antes de receber alta, a professora Sandra Guimarães soltou a voz e comemorou a recuperação com música. Ainda no hospital, ela tocou o violão. Assista:

Tragédia em escolas de Aracruz deixa quatro mortos

Duas escolas de Aracruz foram alvos de ataques na manhã de sexta-feira (25). Duas professoras e uma adolescente morreram no local. Outra professora não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital no dia seguinte. Veja o nome das vítimas abaixo:

- Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, de 48 anos (professora)

- Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos (professora)

- Selena Sagrillo Zucoloto, de 12 anos (estudante)

- Flávia Amboss Merçon Leonardo, de 36 anos (professora)

Foto: Divulgação | Montagem FV

O crime aconteceu pela manhã. O primeiro alvo do atirador foi a Escola da Rede Estadual Primo Bitti. Em seguida, ele foi para uma escola particular, o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC).

Foto: Reprodução

Os ataques foram realizados por um adolescente, de 16 anos, armado com uma pistola .40 e um revólver calibre 38, ambas do pai, um policial militar. O jovem foi apreendido horas depois dos crimes. 

O adolescente, que confessou os ataques, não teve o nome divulgado por ser menor de idade. No momento do ataque, ele usava roupa camuflada, uma máscara de caveira e um bracelete com o símbolo nazista.

Ele chegou ao local a bordo de um carro Duster com as placas cobertas. O veículo foi fundamental para ajudar na identificação do jovem.

Atirador é ex-aluno de escola e planejou ataque por dois anos

O adolescente de 16 anos era ex-aluno de uma das unidades alvo do ataque. A informação foi divulgada pelo governador do Estado durante uma coletiva de imprensa realizada após a apreensão do jovem. Segundo Renato Casagrande, o adolescente teria planejado o crime nos últimos dois anos e escolheu a sexta-feira, 25 de novembro, para colocá-lo em prática.

LEIA TAMBÉM: Após ataque, adolescente almoçou com os pais e "se fez de desentendido", diz polícia

Pai de adolescente é afastado e investigado na PM

O pai do adolescente que invadiu duas escolas em Aracruz foi afastado das funções operacionais da Polícia Militar. A corporação também instaurou um inquérito para apurar a facilidade em que ele teve acesso às armas do pai. O policial militar, pai do garoto, irá atuar apenas em atividades administrativas durante as investigações.

Em depoimento à Polícia Civil, o jovem disse que aproveitava para manusear as armas do pai, tenente da Polícia Militar, sempre que ficava sozinho em casa. Segundo o adolescente, antes que os pais retornassem, ele colocava as armas no mesmo lugar para que o pai não desconfiasse.

Ano letivo será encerrado de forma não presencial em escolas invadidas em Aracruz

Após ataques realizados em duas escolas de Coqueiral de Aracruz, sendo uma pública e outra particular, a Secretaria do Estado da Educação (Sedu) divulgou, nesta sexta-feira (02), que os alunos da escola estadual vão encerrar o ano letivo por meio de Atividades Pedagógicas Não Presenciais (APNPs).

A decisão foi tomada após encontros com representantes dos professores, alunos, pais e comunidade escolar da unidade de ensino, e leva em consideração o fato de que todos ainda estão abalados com o ocorrido e, portanto, sem condições de retornar ao local para exercer a atividade.

VEJA OUTRAS REPORTAGENS SOBRE O CASO:

>> Mãe escreve carta emocionante após morte de filha em Aracruz: "Nunca verei do que ela seria capaz"

>> Pai de atirador em escolas: "Meu filho cometeu algo terrível"

>> Adolescente não demonstrou arrependimento após ataques com mortes em escolas, diz polícia