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Estiagem no ES: agricultores vão ter que irrigar lavoura à noite

Regras começam a valer após resoluções serem publicadas no Diário Oficial do governo desta sexta-feira (8)

Tiago Alencar

Redação Folha Vitória
Foto: NITRO Historias Visuais

O Grupo Técnico de Contingenciamento e Mitigação dos Impactos da Seca e da Estiagem (GTSECA), criado pela Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agehr), apresentou nesta quinta-feira (07), em entrevista coletiva realizada em Vitória, uma lista de regras que deverão ser adotadas no Estado visando à redução dos impactos causadas pela falta de chuvas no Espírito Santo.

Ao anunciar que a partir desta sexta-feira (08), quando serão publicadas, no Diário Oficial do governo, as resoluções que decretam alerta de estiagem e determinam várias regras para uso da água neste período, o GTSECA pontuou quais serão as restrições impostas, por exemplo, aos agricultores.

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Os usuários e empreendedores agrícolas devem adotar preferencialmente o período noturno para a irrigação dos cultivos, bem como ampliar o uso racional da água visando à redução do consumo. Entretanto, são destacadas exceções:

- As captações em cursos de água superficiais destinadas a irrigação localizada de olericulturas, limitadas a uma área de 02 (dois) hectares por propriedade;
- Cultivos em estufas, com sistema de irrigação por microaspersões ou irrigação localizada;
- Cultivo hidropônico;
- Viveiros para produção de mudas.

O diretor-presidente da Agerh, Fábio Ahnert, ressaltou que as regras mais rígidas surgem após o estado de atenção, também imposto via resolução, não ser mais suficiente para sanar os prejuízos causados pela falta de chuvas no Estado.

"Há poucas semanas a Agerh publicou uma resolução de estado de atenção, em que a resolução trazia recomendações para diversos setores usuários em respeito a economia de água, no uso da água em função do quadro. Com a piora do quadro, a Agerh publica agora uma resolução de estado de alerta. A principal mudança é que, o que antes era uma recomendação passa a ser agora uma obrigatoriedade. Por exemplo, os principais setores usuários de água, como agricultura e indústria, vão ter que fazer redução nas suas captações de água", destacou.

"Situação já é crítica para produtores", diz especialista

Ao repercutir as medidas que passam a valer nesta sexta-feira (07), o engenheiro agrônomo Elídio Gama Torezani, diretor da Hydra Irrigações, de Linhares, chamou a atenção para o fato de, segundo ele, boa parte dos produtores agrícolas capixabas estar vivenciando o que o especialista classifica como "situação muito crítica".

"Os produtores já estão em regime de racionamento há muito tempo, imaginando que esse recurso pode acabar a qualquer momento, de forma definitiva, porque as previsões são desastrosas. Inclusive há produtores sem condição de irrigar porque as fontes que eles utilizam já se esgotaram", asseverou.

Elídio pontuou ainda sobre a importância da irrigação para a agricultura e o que acontece com as plantas quando há restrição de água: perda de produtividade, de qualidade e de renda da base econômica, que é a agricultura capixaba.

"Uma planta com restrição hídrica vai desenvolver menos e, por consequência, produzir mal. E os frutos que dela vierem nessas condições também vão perder qualidade. Além de perder quantidade, nós vamos ter perdas qualitativas muito significantes", disse.

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