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"Morreu nos meus braços", diz mãe de bebê de 4 meses após briga de vizinhos

O desabafo é de Thamiles Martins, mãe de Rhavy Lourenzo Martins Firme, que foi atingido durante uma confusão no bairro Antônio Ferreira Borges, em Cariacica

Redação Folha Vitória

Foto: Reprodução / Instagram

Após a morte de Rhavy Lourenzo Martins Firme, de apenas 4 meses, nos braços da mãe, a família do bebê conversou com a equipe de reportagem da TV Vitória/Record durante o velório. Rhavy faleceu nesta quinta-feira (30), depois de ser atingido em uma briga, no bairro Antônio Ferreira Borges, em Cariacica

Segundo o relato da família, o caso teve início na última quarta-feira (29). Na ocasião, parte da família estava sentada em uma calçada, no condomínio onde moram. Caçula de 4 irmãos, Rhavy estava sentado em uma cadeirinha de bebê enquanto os parentes conversavam com vizinhos. 

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No entanto, dois moradores que estavam próximos à família iniciaram uma discussão, entrando em luta corporal. Em um momento, um dos envolvidos caiu em cima do bebê, e a mãe pegou rapidamente o filho no colo. 

Os pais relataram ter decidido monitorar o comportamento da criança em casa, pois o bebê inicialmente não aparentava ferimentos.  

"Eu peguei meu filho da cadeirinha, ele chorando. Tirei ele, dei banho nele e ele ficou normal, como se nada tivesse acontecido. Quando foi umas 22h, ele começou a dar uma febre e ficar enjoadinho", afirmou a mãe e dona de casa, Thamiles Martins. 

Criança foi levada ao pronto atendimento 

Após vigiar o bebê por algumas horas, Thamiles contou que o filho deu os primeiros sinais de dores por volta das 3h da manhã, quando acordou chorando. 

"Eu fui pegar ele debaixo dos braços e ele deu um choro bem forte, de dor. Foi quando pensei que ele deveria ter machucado algum braço, algum osso. Esperamos um pouco, ele estava muito agoniado, com dor. Quando clareou o dia, por volta das 5h, a gente saiu, eu fui até uma vizinha e contei o que estava acontecendo. Fomos atrás de um morador aqui do prédio que nos ajudou, saiu procurando alguém que pudesse nos levar para o hospital", detalhou. 

Suspeita de agressão

A família se dirigiu ao Pronto Atendimento (PA) de Alto Lage, onde deu entrada. Segundo os detalhamentos do Boletim de Ocorrência, a equipe médica suspeitou que o bebê tivesse sido agredido e os militares foram acionados ao local. 

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"Eles me levaram para dentro de uma sala e perguntaram o que realmente tinha acontecido. Eu expliquei a situação, mas eles pareciam não acreditar, queriam que eu falasse o que não aconteceu. Eles ficaram me pressionando, perguntando se eu tinha testemunhas, eu falei que sim. As testemunhas chegaram e conversaram com eles, foi aí que acreditaram em mim", contou o pai de Rhavy, Ailton Firme, que trabalha como auxiliar de serviços gerais. 

Família foi mandada para casa 

Na sequência dos acontecimentos, o bebê foi transferido para o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. No local, a mãe contou que a equipe médica a tranquilizou e descartou a internação. 

"Cheguei lá, aguardei um pouco. O médico olhou, pediu um novo raio-X e disse que eu não precisava me desesperar porque o estado do meu bebê não era tão grave, não era nem uma fratura. Por eu segurar ele no colo e o braço ficar para fora, ele inchou um pouco. Por isso, o médico disse que iria apenas colocar uma tábua no braço dele, e a perna nem precisava de imobilização. Eu deveria ir para casa e voltar na sexta-feira", relatou Thamiles. 

"Morreu nos meus braços"

Após o atendimento, os pais de Rhavy optaram por seguir a orientação e voltaram para casa. No entanto, horas depois, o bebê começou a chorar muito, segundo eles. 

Preocupada, a família retornou ao PA de Alto Lage, onde foram pedidos mais exames. 

"O local do exame era no andar de baixo. Quando eu desci no segundo degrau da escada, meu filho, que estava roxo, ficou pálido no meu colo. Eu olhei para ele desesperada, levantei ele para cima, pedindo socorro. Ele se entortou todinho, virou o olho e morreu nos meus braços", contou Thamiles entre lágrimas. 

Investigação policial 

O corpo do bebê foi velado na manhã desta sexta-feira (1). Inconformados com a situação, os pais acreditam ter sido vítimas de negligência médica e pedem que o caso seja investigado. 

"Eu perguntei para o doutor o que tinha levado meu filho a óbito, e ele disse que não sabia. Perguntei se tinham sido as fraturas do braço e da perna, porque foi a única coisa que eles comentaram. Ele disse que não, a única coisa que ele sabia era que meu filho estava todo dilacerado por dentro, por isso ele morreu". 

Em nota, a Polícia Civil informou que a causa da morte só poderá ser confirmada após a conclusão dos exames. O caso foi registrado como "morte a esclarecer" e encaminhado ao 14º Distrito Policial de Cariacica para investigação. 

Posicionamentos 

Quando questionada, a direção do PA de Alto Lage informou que, caso seja constatado algum indício de maus-tratos durante o atendimento, são acionados o Conselho Tutelar e a Polícia Militar como procedimento padrão.

A respeito do bebê, a direção relatou que a criança foi atendida duas vezes no PA e, em uma delas, encaminhada ao hospital. Além disso, todas as informações necessárias para a devida apuração serão repassadas para as autoridades policiais. 

Já a direção do Himaba, de Vila Velha, lamentou o ocorrido e informou que o paciente recebeu atendimento prévio no PA e posteriormente foi encaminhado para avaliação de um ortopedista no Himaba. 

O profissional o avaliou e solicitou exame de raio-X, que não constatou nenhuma fratura. Na sequência, o paciente foi medicado e a família orientada a retornar em dois dias para reavaliação. 

A direção ainda destacou que está à disposição da família para oferecer mais esclarecimentos sobre o caso. 

*Com informações da repórter da TV Vitória / Record, Ana Carolini Mota

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