VÍDEO | "Não consigo andar sozinha", diz grávida atingida por concreto que caiu de poste
Clesiane de Fátima Viana, 34 anos, grávida de quase 6 meses, passeava com o marido na orla de Vila Velha quando foi atingida. Ela gravou um vídeo no hospital
A mulher de 34 anos que foi atingida na cabeça por um pedaço de concreto, que se desprendeu de um poste na orla da Praia de Itaparica, em Vila Velha, gravou um vídeo, na manhã desta segunda-feira (4), falando sobre seu estado de saúde.
Internada em um hospital particular de Vitória, Clesiane de Fátima Viana, que está grávida de quase seis meses, relatou que está sentindo as pernas, mas percebe que elas estão formigando bastante. Além disso, relata que precisa de ajuda para conseguir andar.
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"Eu sinto as pernas, mas elas formigam muito e, para andar, eu tenho muita dificuldade. Não consigo andar sozinha, preciso de apoio".
Além disso, exames comprovaram que ela sofreu um traumatismo craniano. Por causa da fratura constatada na parte de cima do crânio, Clesiane precisará passar por uma cirurgia.
"Eu tenho que fazer essa cirurgia com uma certa pressa, porque o osso está pressionando uma parte do meu cérebro, que está afetando a minha coordenação motora das pernas".
Apesar do susto e de ainda se sentir muito fraca, Clesiane disse que o bebê que ela espera está bem.
"Com o bebê, aparentemente está tudo bem. O coraçãozinho está normal, está mexendo. Nossa preocupação mesmo é a questão do movimento das pernas e a liberação dessa cirurgia".
Hospital estadual não realizou exames na vítima
O acidente aconteceu no final da manhã de domingo (3), quando ela e o marido caminhavam pela orla. Durante o passeio, eles pararam para observar o mar e a mulher acabou atingida pelo concreto de aproximadamente 1kg, que se desprendeu.
O marido de Clesiane, o empresário João Paulo da Silva Canadell Martinez, conta que, antes de dar entrada no hospital particular, a esposa foi levada para um hospital público estadual — o Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas, também na Capital.
Ele reclama que, no local, nenhum exame de imagem do crânio foi realizado na esposa.
"Não foi feito. Quando eu cheguei para vê-la, ela já estava de alta. Eu fui atrás do médico para questionar por que não tinha feito, porque, mesmo eu completamente leigo no assunto, pela gravidade da situação, imaginei que poderia ter alguma ligação o fato dela não estar sentindo as pernas com a pancada na cabeça. E, segundo o médico, era o procedimento padrão, porque ela estava consciente e não deveria fazer, porque o risco não valeria a pena pelo fato dela estar grávida", contou.
A situação deixou o empresário revoltado e preocupado, já que a esposa está grávida de quase seis meses. Além disso, chegou a ficar mais de 15 horas em jejum.
"Minha esposa está sem sentir as pernas, super fraca, há mais de 15 horas sem se alimentar, e com o bebê, que aparentemente está bem, mas eu não sei até quando. E eu, honestamente, não sei se ela vai voltar a andar, por conta de várias negligências. Desde a prefeitura ou seja lá o órgão responsável, que não cuidou do poste e fez isso acontecer, até o hospital público".
João Paulo conta que, após sair com a esposa do hospital estadual, Clesiane voltou a desmaiar. Por isso, decidiu levá-la para o hospital particular.
"Em casa, ela acabou passando mal no banho e desmaiou. Ficamos mais preocupados e corremos com ela para esse hospital".
Sindicância vai apurar atendimento no hospital
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que o Hospital São Lucas abriu um processo de sindicância para apurar a conduta no atendimento à paciente. Na ocasião, segundo a Sesa, a equipe médica poderá se manifestar, para que depois sejam adotadas as medidas cabíveis.
A secretaria também informou que a paciente foi recebida, atendida e liberada, uma vez que a causa principal para o atendimento, o trauma, foi averiguado pelas equipes de cirurgia geral e neurocirurgia.
A Sesa disse ainda que o hospital não dispõe de médicos obstetras responsáveis por atender gestantes e que a paciente foi liberada após a solução da queixa principal.
Ainda de acordo com a secretaria, a paciente não apresentava nenhum déficit neurológico no momento da internação e submetê-la a um exame de imagem poderia apresentar riscos ao bebê. "Por isso, foi orientada a retornar caso novos sintomas aparecessem", informou.
Impasse para plano de saúde autorizar cirurgia
Já no hospital particular, o casal teve uma nova dificuldade, dessa vez com o plano de saúde. Mesmo com o pedido de urgência, com o laudo médico que comprova a gravidade da situação, até a manhã desta segunda-feira a cirurgia ainda não havia sido autorizada pela Unimed.
"O que a gente recebeu na primeira situação ontem (domingo), que não conseguiu transferir ela para a UTI, é que não foi feita uma aprovação automática. Pelo que eu entendi, lança-se direto no sistema e já é aprovado, mas no nosso caso não foi, porque o plano é novo e estava esbarrando na carência, que terminaria em janeiro", relatou o empresário.
Ele ainda complementou: "Só que a gente, ligando para o próprio plano, para a central, atenderam a gente umas 2 horas da manhã, e a própria atendente do plano falou 'no seu caso não se aplica essa carência, porque foi uma situação de trauma, de acidente doméstico. Então, nesse caso, ela pode ser internada na UTI e pode receber a operação. Porém, você não consegue solicitar isso. Quem tem que solicitar é o hospital, que tem um canal direto com a Unimed'. Até aí a gente falou 'ótimo, vamos resolver'. O problema é que o hospital ficou a noite inteira de pronto atendimento, ligando para a Unimed, mas o telefone só dava fora de área".
Cirurgia marcada para 15 horas desta segunda
A produção da TV Vitória/Record entrou em contato com a assessoria de comunicação da Unimed Vitória, que informou, no final da manhã, que o procedimento foi autorizado e que o hospital já foi avisado.
O marido da grávida disse à reportagem que a cirurgia seria realizada às 15h.
Marido reclama de descaso da prefeitura
O acidente ocorrido com Clesiane foi registrado por uma câmera de segurança de um quiosque da orla de Itaparica. O casal caminhava pelo calçadão, procurando uma mesa para sentar e curtir o domingo de sol.
No entanto, em determinado momento, um pedaço de concreto se solta e atinge a cabeça de Clesiane, que cai no chão.
VEJA O VÍDEO:
O poste de iluminação pública é de responsabilidade da Prefeitura de Vila Velha. No entanto, o marido da vítima alega que, até agora, eles não receberam apoio da administração municipal.
"Não recebi mais do que algumas mensagens de WhatsApp, desde ontem. Uma pessoa entrou em contato, se propondo a ajudar. Hoje pela manhã eu atualizei ela do caso, informando que existe uma gravidade e que a gente estava tentando resolver pela Unimed, e pedi que intervisse. Ela me informou que a prefeitura ia intervir, mas, honestamente, até o momento nada foi feito. Não vieram aqui, não recebi mais do que, mais uma vez, uma mensagem de WhatsApp", lamentou João Paulo.
Impotente, o empresário só deseja que o dia de sol e descanso, transformado em pesadelo, acabe o mais rápido possível.
"Cabe ao poder público e aos setores responsáveis gerir isso melhor e dar a manutenção devida. Inclusive, quem viu o vídeo do acidente viu que, pouco antes, estava passando uma família com uma criancinha. Falei 'gente, imagina os outros riscos'. Porque a gente passou depois várias vezes, fui buscar o carro e passei por lá, e não tinham feito nada. Não tinham colocado uma faixa, não tinham cercado".
No domingo, a Prefeitura de Vila Velha divulgou uma nota, onde lamenta o ocorrido e informa que iria prestar assistência à vítima. Disse ainda que uma equipe técnica fará vistoria no local para substituir a estrutura.
Ainda de acordo com a Prefeitura de Vila Velha, neste ano cerca de 20 postes já foram substituídos devido à corrosão da maresia e ação do tempo. No entanto, segundo a prefeitura, a empresa prestadora de serviço de iluminação pública será notificada para laudar as causas do desprendimento do fragmento.
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Com informações da repórter Alessandra Ximenes, da TV Vitória/Record