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A sua empresa precisa fazer testes de segurança; saiba como funcionam

Entenda como os testes de segurança em aplicações web funcionam e quais são as práticas recomendadas para garantir a segurança de um sistema

Foto: Divulgação | Dino

*Artigo escrito por Ana Cláudia Araújo, analista de Qualidade na Optsolv, empresa capixaba que desenvolve softwares personalizados.

A cibersegurança é um tema que vem ganhando cada vez mais notoriedade, dado o aumento do número de crimes cibernéticos. Isso faz com que a segurança da informação se torne uma preocupação constante, principalmente para as empresas.

Nesse contexto, os testes de segurança são fundamentais para garantir a proteção dos dados e sistemas contra possíveis ataques. Falando especificamente sobre testes de segurança em aplicações web, é importante entender como eles funcionam e práticas recomendadas para garantir a segurança de um sistema.

Cibersegurança e cibercrimes: uma introdução essencial

A cibersegurança é o conjunto de práticas, tecnologias e processos utilizados para proteger sistemas, redes e dados contra-ataques cibernéticos. Os cibercrimes, por sua vez, são atividades ilegais realizadas por meio da internet, como roubo de informações, fraudes, invasões de sistemas, entre outros, com o objetivo de obter vantagens financeiras ou causar danos a indivíduos e organizações.

Com o crescimento exponencial da utilização de inteligência artificial, os cibercriminosos e ameaças têm se tornado cada vez mais sofisticados, tornando a cibersegurança um desafio constante para indivíduos e organizações. Isso reforça a importância dos testes de segurança como uma medida preventiva para identificar e corrigir vulnerabilidades antes que sejam exploradas por pessoas mal-intencionadas.

Por que as organizações investem em testes de segurança?

Os principais motivos que levam uma organização a realizar testes de segurança em suas aplicações incluem a necessidade de proteger informações sensíveis, garantir conformidade com regulamentações e leis de proteção de dados, evitar prejuízos financeiros e danos à reputação, além de manter a confiança dos usuários e clientes. 

Para algumas organizações, testes de segurança periódicos são exigências legais, especialmente para instituições que lidam com informações financeiras.

Identificando vulnerabilidades em aplicações web

Os testes de segurança em aplicações web são primordiais para identificar falhas de segurança que possam comprometer a integridade, confidencialidade e disponibilidade dos dados e aplicações. Dentre os diversos tipos e abordagens de testes de segurança, podemos destacar a análise de vulnerabilidades e os testes de intrusão, também conhecidos como Pentest.

Na análise de vulnerabilidades, o foco está em identificar possíveis brechas de segurança da aplicação com o uso de ferramentas que executam varreduras automatizadas em busca de vulnerabilidades conhecidas, como falhas de configuração, injeção de código, cross-site scripting, entre outras. Como essas ferramentas não conseguem identificar todas as vulnerabilidades existentes, é importante complementar essa análise com testes manuais para confirmar os resultados obtidos e prover informações relevantes, precisas e confiáveis aos interessados.

O Pentest consiste em uma investigação mais elaborada e profunda, com um processo composto por diversas etapas, tornando-o mais complexo, porém mais eficaz e preciso na identificação de vulnerabilidades. Isso permite uma visão mais próxima da realidade a respeito do risco e seu impacto para o negócio, bem como a exploração de vulnerabilidades desconhecidas que não seriam identificadas por ferramentas de varredura, por exemplo.

A escolha do tipo de teste adequado depende do contexto e necessidade de cada cliente e projeto. Embora a análise de vulnerabilidades seja mais rápida e menos custosa em relação ao Pentest, ela não substitui a necessidade de testes mais aprofundados em determinados casos. Independentemente da estratégia adotada, o relatório final é a materialização da entrega de valor do serviço contratado. Nele, o cliente encontra informações que nortearão a tomada de decisões sobre a correção das vulnerabilidades e a mitigação dos riscos ao negócio.

Como usar a IA na proteção contra ameaças cibernéticas

Com o aumento do uso de inteligência artificial em práticas maliciosas, os cibercriminosos têm se tornado mais sofisticados. Isso transforma a forma como as ameaças são enfrentadas pelas organizações. Diante desse cenário, a IA também se tornou uma aliada importante na cibersegurança, oferecendo soluções avançadas para a detecção e resposta a ameaças cibernéticas.

Uma das principais aplicações da IA na cibersegurança é a detecção de intrusões. Sistemas baseados em IA podem monitorar redes e identificar comportamentos suspeitos que poderiam passar despercebidos por métodos tradicionais. Esses sistemas aprendem com cada nova tentativa de ataque, aprimorando constantemente sua capacidade de detecção.

Além disso, a IA auxilia na análise preditiva, ajudando a prever onde e como futuros ataques podem ocorrer. Algoritmos de aprendizado de máquina podem identificar vulnerabilidades antes mesmo que elas sejam exploradas, permitindo que as organizações tomem medidas preventivas proativas.

Foto: Acervo pessoal

Ana Cláudia Araújo é analista de Qualidade na Optsolv

Shift-Left: práticas de segurança no ciclo de desenvolvimento

A abordagem “Shift-Left” na segurança de software se refere à incorporação de práticas de segurança nas fases iniciais do ciclo de desenvolvimento. Tradicionalmente, a segurança era tratada como uma etapa final, mas com o Shift-Left, ela é integrada desde o início, promovendo uma cultura de segurança contínua.

Implementar o Shift-Left envolve a adoção de metodologias como DevSecOps, que combina desenvolvimento (Dev), operações (Ops) e segurança (Sec). Ferramentas automáticas de análise de código e testes de segurança ajudam a detectar e corrigir vulnerabilidades precocemente. O resultado é um software mais seguro e resistente a ataques.

Um dos principais benefícios dessa abordagem é a redução de custos e tempo. Corrigir problemas de segurança nas fases iniciais do desenvolvimento é significativamente mais barato e rápido do que após a implementação do software. Além disso, o Shift-Left melhora a qualidade do código e aumenta a confiança do cliente na solução.

No entanto, adotar o Shift-Left pode apresentar desafios, como a necessidade de treinamento contínuo da equipe e a resistência cultural à mudança. Superar esses obstáculos é essencial para garantir uma implementação bem-sucedida e fortalecer a postura de segurança da organização desde o início.

Aspectos jurídicos em testes de segurança: assegurando a legalidade e a ética

A realização de testes de segurança deve ser feita de forma ética e legal, respeitando os limites e acordos estabelecidos com o cliente para garantir a segurança jurídica das partes. Ações sem a devida autorização são consideradas crime e podem acarretar penalidades legais.

É fundamental que os testes sejam realizados por profissionais qualificados e autorizados pelo cliente. Além disso, os testes devem ser executados em ambientes controlados, e as informações obtidas devem ser tratadas de forma sigilosa e protegida.

Investir em testes de segurança é essencial para proteger dados e garantir conformidade regulatória. Com o aumento das ameaças cibernéticas, ferramentas avançadas como a IA e metodologias como DevSecOps e Shift-Left tornam-se imprescindíveis. Elas permitem identificar e corrigir vulnerabilidades precocemente, economizando tempo e recursos e aumentando a confiança dos clientes. A realização ética e legal desses testes é crucial para o sucesso de qualquer organização.