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Homem jogado de ponte por PM saiu da cidade por temer represálias

O entregador foi arremessado de uma ponte por um policial militar na madrugada de segunda-feira (2)

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

Marcelo Barbosa Amaral, de 25 anos, deixou a cidade de São Paulo na terça-feira, 3 de dezembro, após o episódio de violência policial ocorrido na véspera.

O entregador foi arremessado de uma ponte por um policial militar. Parentes e vizinhos da região onde ele morava afirmam que a decisão foi motivada pelo receio de represálias.

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Muitos parentes e amigos de Marcelo moram no bairro de Americanópolis, na zona sul da capital paulista. Até a tarde de terça-feira, ele ainda circulava pela área, mas optou por sair da cidade. 

Amigos e familiares têm sido abordados tanto por membros da imprensa quanto por pessoas que se identificam como policiais, buscando informações sobre o paradeiro de Marcelo.

O que aconteceu

Relatos de moradores da Rua Padre Antônio Gouveia indicam que Marcelo saiu do Córrego do Cordeiro caminhando, mesmo com ferimentos graves na cabeça, após cair de uma altura de cerca de três metros. 

Segundo testemunhas, a PM iniciou abordagens na área por volta das 21h, tentando interceptar jovens de moto durante um baile funk. Marcelo teria passado pelo local algumas vezes antes de ser abordado. Após o ataque, ele conseguiu deixar o córrego ferido, mas os policiais retornaram ao local minutos depois com reforços, impedindo a aproximação de testemunhas.

Uma das moradoras que presenciou o episódio relatou ter ficado chocada com a ação do policial. Ela mencionou que, apesar de o barulho frequente das festas incomodar, considerou a atitude do PM desumana. Outra pessoa em situação de rua relatou ter ouvido Marcelo pedir ao policial que não "atrasasse seu lado", mencionando ser entregador e depender de sua moto para trabalhar, antes de ser arremessado.

Investigações em andamento

A Corregedoria da Polícia Militar solicitou a prisão do soldado Luan Felipe Alves Pereira, flagrado no vídeo arremessando Marcelo da ponte. Luan, junto a outros 12 policiais, foi afastado das ruas enquanto as investigações prosseguem. A solicitação de prisão foi encaminhada ao Tribunal de Justiça Militar, mas a defesa do soldado ainda não se pronunciou. 

Versão dos policiais

Os PMs envolvidos relataram o ocorrido a advogados em frente à Corregedoria da PM, na tarde desta terça-feira. Durante a reunião, parte da dinâmica da perseguição foi descrita, mas os detalhes omitidos no registro interno da corporação foram expostos após a divulgação de imagens gravadas por uma testemunha. 

O vídeo mostra o momento em que Marcelo, identificado pela camisa azul, é arremessado da ponte. Inicialmente, os policiais haviam registrado apenas que houve uma perseguição que terminou em um baile funk, onde um homem foi atingido por um tiro de origem desconhecida.

Depois que o comando da Polícia Militar tomou conhecimento do vídeo, um inquérito foi instaurado. Registros atualizados apontaram que, horas após o incidente, um homem com ferimentos por arma de fogo havia dado entrada no Hospital Municipal de Diadema e submetido a uma cirurgia. 

Veja o vídeo:

Críticas à ação policial

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública, condenaram a conduta do policial envolvido. 

Tarcísio destacou que o agente "não está à altura de usar a farda" da Polícia Militar, enquanto Derrite afirmou que desvios de conduta como esse não serão tolerados e determinou o afastamento imediato dos envolvidos.