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Mais de 1 milhão de veículos circulam na Grande Vitória e impactam a qualidade do ar

Em 20 anos, só a cidade de Vitória teve um aumento de 170% no número de veículos. Veja as alternativas sustentáveis

Carol Poleze

Redação Folha Vitória
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

São muitos fatores que influenciam na qualidade do ar de uma região: construção civil e indústria, por exemplo. Em cidades bastante urbanizadas, como as da Grande Vitória, os veículos também são fontes da maioria dos poluentes emitidos no ar. 

No Brasil, são mais de 119 milhões de veículos em circulação e no Espírito Santo são 2,35 milhões, sendo que a região metropolitana concentra quase a metade: 1,05 milhão. Os dados são da última Pesquisa Frota de Veículos, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023. 

O número de veículos circulando pelas cidades é alvo de várias reclamações: o trânsito, o barulho e a poluição. Para se ter uma ideia, de acordo com o Detran ES, nos últimos 20 anos, somente Vitória teve aumento de 170% no número de veículos rodando pela cidade

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Em contrapartida, com a facilidade de conseguir um veículo atualmente, seja comprado ou alugado, há a preocupação com a qualidade do ar, já que um carro, por exemplo, pode emitir diversos poluentes

O Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA) realiza um mapeamento dos poluentes responsáveis por interferirem na qualidade do ar e os veículos estão como fontes de pelo menos cinco destes poluentes. 

Foto: Arte/Folha Vitória

Ainda de acordo com o Iema, as fontes de poluição do setor de transporte são derivadas de três principais fatores:

1. Processo de combustão, que gera gases e partículas emitidos diretamente pelo escapamento;
2. Evaporação de compostos orgânicos; 
3. Processo de frenagem e desgaste de pneus.

Os veículos podem intensificar a poluição com material particulado de duas formas: suspendendo as partículas que já estão depositadas nas vias, a poeira proveniente de construção civil, por exemplo; ou pelo escapamento e frenagem. 

Por definição, o Iema constitui o material particulado como "sólido ou líquido, de granulometria, forma e composição química variada de acordo com sua fonte de origem e os processos físicos e químicos de transformação aos quais foi submetido durante seu transporte na atmosfera".

Entre as fontes principais, estão processos na indústria, construção civil e veículos. 

Segundo a professora do Núcleo de Pesquisa em Qualidade do Ar (NQUALIAR) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Elisa Valentim Goulart, a classificação vai depender do tamanho das partículas. 

Foto: Reprodução TV Vitória
Elisa Valentim Goulart
"As partículas são classificadas pelo seu tamanho. Existem as partículas maiores, que são sedimentáveis, que nós conseguimos enxergar quando bate a luz, e, depois elas vão diminuindo de tamanho. Para evitar a poluição com os veículos, por exemplo, podemos andar de bicicleta, a pé ou de transporte público, o que seria ótimo, porque diminuiria o número de carros. Existe um dado do Detran que aponta que houve 170% de aumento de veículos em Vitória nos últimos 20 anos, para se ter uma ideia", afirmou. 

Além disso, os veículos podem suspender as partículas poluentes que já estão na via que também podem ser suspensas no ar pela ação do vento. Essas partículas, porém, têm diversas origens: falta de pavimentação de ruas e calçadas e realização de obras sem cuidados adequados de limpeza, por exemplo.

Mas, no que compete aos veículos, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) possui o Programa Despoluir, uma iniciativa ambiental para o setor. Para o coordenador, João Paulo Lamas, os veículos que mais poluem são os movidos a diesel. 

"A partir de 2007, nós começamos com o Despoluir, que é o Programa Ambiental do Transporte, que busca mitigar as emissões desses veículos. Isso porque os que mais poluem são os veículos a diesel. Nós temos a tecnologia Euro 6 dos novos veículos que começaram a ser fabricados em 2023 e poluem 80%, apesar de ainda serem movidos a diesel, mas já trazem uma melhoria significativa na qualidade do ar", explicou.

O Sistema Euro 6, como citou o coordenador, é um conjunto de normas regulamentares sobre emissões de poluentes para motores movidos a diesel estabelecido pela Comissão Europeia, que foi utilizado como base pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).

Como poluir menos com os veículos?

Mudar o combustível

Os combustíveis são divididos em duas categorias: os derivados de petróleo (diesel, gasolina e o Gás Natural Veicular - GNV) e os biocombustíveis (biodiesel e etanol). 

Segundo a Embrapa, o diesel, ao ser queimado nos motores, joga na atmosfera 100% do carbono de que é composto, na forma de monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2). Já o biodiesel ainda emite quase 80% a menos de CO do que o diesel, por ser um combustível de origem vegetal. 

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Ainda há a alternativa do Gás Natural Veicular (GNV). De acordo com informações no site da ES Gás, concessionária de distribuição de gás natural no Espírito Santo, o GNV, por ter uma queima limpa, emite menos poluentes como óxidos nitrosos, dióxido de carbono (CO2) e principalmente monóxido de carbono (CO).

Optar por carros elétricos

Segundo o Detran, o Espírito Santo possui 9.653 carros elétricos. Em termos de emissão direta, os veículos elétricos não emitem dióxido de carbono (CO2), já que possuem bateria e, portanto, não queimam combustível.  

Foto: Mikes-Photography

No entanto, há outros tipos de emissões indiretas associadas à produção de eletricidade para carregar as baterias. Segundo a concessionária Mercedes-Benz, que possui carros elétricos, se a eletricidade é gerada a partir de fontes de energias não renováveis, como cartão ou gás natural, o carro elétrico contribui indiretamente para a emissão de gases no efeito estufa. 

Utilizar o transporte público 

Há a alternativa de deixar de utilizar um transporte pessoal e passar para o transporte coletivo. De acordo com um levantamento da Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP), um ônibus circulando equivale a 40 carros a menos nas ruas. 

No Espírito Santo, essa alternativa pode ser ainda menos poluente, já que o Estado aumentará a frota de coletivos com veículos elétricos, de acordo com o secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Estado, Fábio Damasceno.

"Já temos o recurso garantido pelo Governo Federal e estamos cuidando desse financiamento para garantir 50 ônibus elétricos ao longo do ano de 2025, junto com os carregadores. Nós já temos quatro ônibus elétricos em operação na Região Metropolitana da Grande Vitória e consideramos a experiência muito positiva, do ponto operacional e também pelo aspecto socioambiental", explicou. 
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória