A volta para casa da administradora Rosimar Lopes Machado nunca esteve demorada. Rosimar sai do trabalho diariamente às 22 horas, na Reta da Penha, em Vitória, e só chega em casa ás 23h30, no Bairro de Fátima, na Serra. Ela e os colegas de trabalho chegam a esperar até 40 minutos para conseguirem embarcar em um ônibus do sistema Transcol.
Essa realidade se arrasta há alguns meses, logo após as empresas de ônibus que operam na Capital alegarem dificuldades financeiras e diminuição no número de passageiros, assim, aumentarem os intervalos entre as viagens. Segundo usuários, também houve diminuição na frota do sistema Transcol.
“No ano passado não era assim. Eu ia para o ponto e, em dez minutos já passava um ônibus. Hoje, eles demoram uns 25 minutos para passar mas passam direto no ponto porque as 22 horas o ônibus está superlotado e tenho que esperar ainda mais. A linha que eu pegava, a 839, não passa mais. A minha volta para casa se tornou um calvário”, afirma a administradora.
Em Vitória a situação não é diferente. A estudante Isadora Chiesa Sperandio, de 20 anos, diz que demora o dobro no trajeto de casa para o estágio, de Morada de Camburi a Bento Ferreira, em Vitória. “Agora, ou eu chego muito cedo no estágio ou sempre chego atrasada. E quando o ônibus passa ele está sempre lotado. Antes era bem mais rápido e dava para ir sentada”, conta a estudante.
E em meio a suposta diminuição da frota de ônibus, vale lembrar que o valor da tarifa do transporte público em Vitória e na Grande Vitória foi reajustada há pouco mais de dois meses. As tarifas subiram, em média, R$ 0,30.
Em nota, a Prefeitura de Vitória informou que monitora a situação dos ônibus no município e, por isso, aplicou oitos multas nas empresas municipais de ônibus, devido às irregularidades depois que as companhias alegaram adaptações nos horários por problemas financeiros.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Vitória (SetPes), que representa as três empresas que circulam em Vitória, a Tabuazeiro, Unimar, e Grande Vitória, atribuiu a “adaptação” nas linhas de ônibus devido a diminuição de passageiros.
Segundo o SetPes, de 2010 até 2015, houve uma diminuição de mais de 10 milhões de usuários; de 40,7 milhões para 30,9 milhões. O sindicato afirma, porém, que as reclamações estão sendo analisadas e tratadas. Sobre as multas aplicadas pela prefeitura, o SetPes disse que vai recorrer.
O diretor de planejamento da Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV), que é o órgão do governo do Estado que administra as linhas do sistema Transcol, José Carlos Moreira, nos últimos meses o sistema estava passando por um período sazonal, de férias escolares e que o sistema será reforçado em algumas linhas.
“Nós temos identificado um pico que é a concentração de passageiros entre 21h40 e 23h30, que são as pessoas que saem da faculdade e até do trabalho e estamos aumentando a frota nesse horário que estamos chamando de terceiro pico. A diminuição de passageiros no transporte coletivo é um problema conjuntural que está atingindo todas as grandes cidades do país, mas realizamos análises semanais para identificar as linhas que precisam de reforço”, diz.
Moreira diz que as linhas mais demandas e que devem receber um reforço em certos horários são as linhas que fazem ligação com as principais avenidas da Grande Vitória, como 507, 508, 505, 515 e 509. “Nós estamos estudar fazer ajustes de oito linhas que estão sendo reestruturadas”, completa.