O primeiro encontro aconteceu no final de fevereiro, quando o fotógrafo Edson Reis praticava rapel junto com o primo e o sobrinho, na Segunda Ponte, em Colatina, noroeste do Espírito Santo. Na pausa para o almoço, o grupo foi surpreendido pelo vendedor de picolé, Sebastião de Jesus Gomes, que, mesmo morando em uma cabana improvisada debaixo da ponte e vivendo em condições precárias, ofereceu-lhes almoço e abrigo.
Na manhã desta quinta-feira (20), seu Sebastião e Edson se encontraram novamente. E, dessa vez, o ex-morador de rua pôde sentir na pele a mesma adrenalina que o amigo já desfruta há 12 anos: fazer uma descida de rapel.
Na verdade, não foi só uma, mas duas descidas. E o cenário escolhido foi justamente a Segunda Ponte, local onde os dois se conheceram há quase dois meses. “Ele ‘se amarrou’. Na primeira vez sempre tem aquele medo, mas, depois da primeira descida, ele disse que queria ir de novo. Só não descemos de novo porque ele tinha consulta com o dentista”, contou o fotógrafo.
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Se dessa vez não deu tempo de descer mais vezes, os dois já planejam a próxima aventura. “Estamos programando para descer na ponte de Itapina (distrito de Colatina), que também é um ótimo lugar para se fazer rapel”, disse.
Nas descidas desta quinta-feira, Edson e Sebastião tiveram ainda a companhia de Gleisi Kelem, amiga de Edson e também praticante de rapel, e Regina Carvalho, que se aproximou de seu Sebastião após conhecer a história dele. “Assim como o seu Sebastião, a Regina também nunca tinha descido de rapel e adorou a experiência”, disse o fotógrafo.
As descidas aconteceram exatamente na direção da antiga moradia de seu Sebastião. Mesmo não servindo mais de abrigo ao vendedor de picolé, a cabana continua no mesmo local. “Inclusive tem uma casa de maribondos nessa cabana e sofremos com o ataque deles durante a descida”, brincou Edson.
Seu Sebastião, que deixou de morar embaixo da ponte para viver em um abrigo, já está em novo endereço. “Ele foi morar na casa de um amigo. Como ele trabalha até muito tarde e os horários do abrigo são muito rigorosos, ele achou melhor procurar outro lugar”, explicou o fotógrafo.