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Prédio onde apartamento pegou fogo em Vitória não tinha alvará de Bombeiros

A informação é da própria corporação, que realizou uma vistoria no local após os moradores conseguirem controlar as chamas. A síndica, no entanto, afirmou que possui o documento

Apartamento pegou fogo na madrugada desta terça-feira Foto: TV Vitória

O prédio onde fica um apartamento que pegou fogo na madrugada desta terça-feira (06), em Jardim da Penha, Vitória, não possuía alvará de funcionamento do Corpo de Bombeiros. A informação é da própria corporação, que realizou uma vistoria no local após os moradores do condomínio conseguirem controlar as chamas. A síndica do edifício, no entanto, afirmou que possui sim o documento.

Segundo o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Wagner Borges, não há registros de nenhum alvará em nome do condomínio. “De acordo com o nome que consta do condomínio, não há nenhum tipo de solicitação de vistoria dentro do sistema do Corpo de Bombeiros. Ou seja, para nós atualmente não há vistoria em andamento”, destacou.

Ainda de acordo com o tenete-coronel, somente o resultado da perícia do Corpo de Bombeiros, feita logo após o incidente, vai apontar as causas do incêndio. Segundo a corporação, o laudo ficará pronto em 20 dias úteis, a contar da data da perícia.

“Foi feita uma perícia de incêndio, hoje pela manhã, por dois oficiais do Corpo de Bombeiros Militar. Durante essa perícia, foi feito o levantamento com as testemunhas que presenciaram esse incêndio. Também foi feito um laudo fotográfico no local e um levantamento dos vestígios da combustão e da parte elétrica desse apartamento, para verificar qual foi verdadeiramente a causa que originou esse incêndio”, ressaltou.

Durante o incêndio, o proprietário do imóvel, um engenheiro de 33 anos, ficou ferido e precisou ser levado para a UTI de um hospital na Serra. Ele estava dormindo quando as chamas começaram a se alastrar. 

Ao perceber que não tinha como sair do local, a vítima deu um soco na janela para tentar escapar, mas cortou uma veia importante do braço. Marcas de sangue ficaram na janela do apartamento, que fica no segundo andar do edifício. Ele foi salvo por vizinhos, que arrombaram a porta e o retiraram do imóvel.

Preocupação

De acordo com os bombeiros, o prédio já está liberado e fora de perigo, mas quem mora na região suspeita que o suporte elétrico do edifício é antigo. O próprio vizinho que salvou a vítima, um empresário que preferiu não se identificar, conta que há três anos trocou toda a fiação do apartamento em que mora, por precaução. 

“Reformei o apartamento, o eletricista identificou que o cabeamento estava bem velho e me orientou a trocar todo o cabeamento, inclusive para suportar o ar condicionado que eu queria acrescentar no apartamento. Já foi conversado com o síndico e marcamos uma reunião com os proprietários para ver que atitudes a gente pode tomar em relação ao apartamento de cada um”, frisou o empresário, que disse ter achado estranha a informação de que o prédio não possui alvará. 
O fato também surpreendeu a estudante Bianca Santana, que mora no apartamento que fica debaixo do que pegou fogo. “A gente fica assustada, é claro, porque a gente acha que é tudo regularizado. Mas a gente não sabe, pode estar no nome de outra pessoa, pode não estar no do prédio”, pondera. 

Moradores do condomínio disseram ainda que o prédio não passou por nenhuma manutenção elétrica recentemente. Segundo eles, o imóvel passou por uma reforma há pouco tempo, mas apenas a pintura foi renovada. Eles contaram também que os extintores de incêndio são novos e foram trocados por orientação do corpo de bombeiros.

Orientação

O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros ressalta a importância do imóvel possuir o alvará da corporação. “É um documento que atesta que o prédio tem condições de ser habitado com segurança. Uma vez que o prédio não tem esse documento, nós não podemos atestar que ele tem segurança para ser habitado. Isso é uma norma do Corpo de Bombeiros e é uma legislação estadual também. Nós temos que entender que o problema ocorre quando a prevenção falha”, frisou.

Segundo Borges, na dúvida o ideal é cada morador, de qualquer prédio ou condomínio, faça a sua parte e procure saber se o local onde mora tem a proteção do Corpo de Bombeiros. 

“Todos os condomínios devem cobrar do seu síndico a documentação regularizada de toda a edificação, por parte do Corpo de Bombeiros. Ou seja, é papel do síndico andar com a documentação em dia e é papel do condômino cobrar isso do síndico”, ressaltou.