Uma nova etapa da audiência de instrução do processo referente à morte dos irmãos Joaquim Alves Sales, de 3 anos, e Kauã Sales Butkovsky, de 6, está marcada para o dia 27 de novembro. A informação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), que, no entanto, não deu mais detalhes sobre a audiência, pelo fato de o processo tramitar em segredo de justiça – por envolver menores.
A reportagem do Folha Vitória apurou que, nessa nova etapa, outras testemunhas de acusação serão ouvidas pelo juiz responsável pelo caso. Portanto, os réus Georgeval Alves e Juliana Sales, que estão presos por suspeita de envolvimento na morte das crianças, ainda não prestarão depoimento nessa etapa.
Na última terça-feira (23), foi realizada a segunda etapa da audiência de instrução do processo. A audiência, realizada no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, em Linhares, durou cerca de nove horas.
Ao todo, 16 testemunhas foram ouvidas, entre elas os pais de Juliana Sales, quatro bombeiros, um delegado que acompanhou o caso, um investigador da Polícia Civil, dois homens que encontraram com Georgeval instantes após o início do incêndio e duas vizinhas da família.
Primeira audiência
No dia 10 deste mês, foi realizada a primeira etapa da audiência de instrução do caso, na 1ª Vara Criminal, no Centro de Vitória. Na ocasião, foram ouvidos Rainy Butkovsky, pai de Kauã, e a avó, Marlúcia Butkovsky. Também foram ouvidos peritos da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, responsáveis pela investigação das causas do incêndio.
Ainda estão previstas audiências em São Mateus e em Minas Gerais, estado onde Juliana foi presa. As testemunhas serão ouvidas por ‘carta precatória’, instrumento utilizado pela Justiça quando existem indivíduos em comarcas diferentes. É um pedido que um juiz envia a outro de outra comarca.
A audiência de instrução é a sessão na qual são produzidas grande parte das provas orais do processo. São ouvidas as partes (réus e acusação) e suas respectivas testemunhas.
Mortes
Joaquim Alves Salles e Kauã Salles Butkovsky morreram em um incêndio no dia 21 de abril deste ano, em Linhares. Georgeval Alves foi acusado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de estuprar, agredir e queimar as crianças ainda vivas. Ele foi preso uma semana após o crime e segue detido no Centro de Detenção Provisória de Viana.
Apesar de Juliana, mãe dos irmãos, não estar na casa na noite do crime, ela também foi presa porque, segundo denúncia do Ministério Público, foi omissa e sabia dos abusos que as vítimas sofriam. Juliana foi detida em Minas Gerais e depois transferida para o presídio feminino de Cariacica.
Denúncia
A Justiça do Espírito Santo recebeu, no dia 18 de junho, a denúncia feita pelo MPES, por meio da Promotoria de Justiça de Linhares, contra Georgeval Alves e Juliana Sales. O Ministério Público também pediu a prisão preventiva deles, por prazo indeterminado, pelos crimes de duplo homicídio, estupros de vulneráveis e fraude processual. Georgeval responderá ainda pelo crime de tortura.
De acordo com o mandado de prisão expedido pelo juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, ambos foram presos por homicídio qualificado. O advogado criminalista Rivelino Amaral disse que, com base no mandado, o Ministério Público percebeu indícios de uma possível participação de Juliana Salles na morte dos filhos. Inicialmente, a Polícia Civil do Espírito Santo descartou qualquer participação de Juliana no caso.