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Novas tecnologias são desafio para professores e escolas no ES

As mudanças acontecem o tempo todo e é preciso aprender rapidamente para incluir as novas ferramentas no ensino

Foto: Divulgação
Professor usa aplicativos para incrementar aulas e atrair a atenção dos alunos 

Sabe a agenda escolar, aquele caderninho que tinha a anotação do dever de casa, as datas de provas, as atividades previstas e o comportamento do aluno?

Em muitas escolas não existe mais. Agora, todas as mensagens são trocadas por meio de aplicativo. As instituições de ensino já perceberam que essa ferramenta tecnológica é mais prática para as pessoas que praticamente resolvem a vida toda pelo telefone celular.

“Aqui no colégio Salesiano, os profissionais já fazem uso de aplicativos para as mais diversas funções, como comunicação com as famílias e envio de atividades para os alunos, por exemplo”, conta a supervisora pedagógica Danielle Toneto.”

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Supervisora conta como ferramentas digitais facilitam o dia a dia na escola

Um desafio que só aumenta para escolas e também para os profissionais da área. No colégio há um núcleo de tecnologia especializado em captar as diversas ferramentas digitais e orientar os professores sobre a forma como podem ser utilizadas.

No dia a dia, os professores fazem uso de listas, gráficos, quiz, infográficos, entrevistas, explicações por áudio, apresentação em vídeos, exposições virtuais e estão sempre atentos às novidades tecnológicas para atrair a atenção dos alunos e deixar as aulas mais interativas.

“Além das plataformas disponíveis no colégio, nossos professores utilizam diversas ferramentas digitais que permitem ao aluno estimular a criatividade, demonstrar suas habilidades, estruturar ideias, tomar decisões e resolver problemas além expressar seu entendimento sobre os assuntos e narrar experiências de aprendizagem”, explica a supervisora pedagógica do Salesiano, Gyselle Massini.

Corrida contra o tempo

A pandemia da Covid- 19 veio como um baque e também um acelerador desse processo. As aulas on-line obrigaram os professores a aprender muito em pouco tempo. Usar as ferramentas para as aulas, atrair os alunos, criar atividades digitais, gravar aulas, tudo foi um grande desafio. 

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Professora de artes faz exposições virtuais

A professora de Artes do Colégio Salesiano, Ivana de Macedo Mattos, conta que ela e os colegas viveram momentos de muita ansiedade mas logo viram que precisavam se reinventar para aprender e também minimizar o fato de estar distante dos alunos. Com ajuda da escola e também de outros colegas professores, o aprendizado veio e as ideias foram surgindo.

Ela teve que buscar formas diferentes de estimular os estudantes.

Exposição Virtual

Antes da pandemia, a professora Ivana costumava levar os alunos ao laboratório para as aulas de arte, eles usavam materiais recursos visuais, materiais plásticos e artísticos diversos para fazer as produções. Ela também fazia excursões para museus com os alunos. Mas com as turmas em casa e mesmo depois, com o distanciamento a ser respeitado no retorno das aulas, os alunos passaram a fazer visitas virtuais a museus mundo afora.

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Obra da aluna Clarah Abreu feita para exposição de arte virtual do colégio Salesiano

Uma das atividades foi assistir ao vídeo da exposição “Lumina”, que estava no  Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. A apresentação foi feita pela própria artista  Mariana Palma, que apresentou todo o espaço da exposição e as obras. E aí, os alunos foram desafiados a elaborar trabalhos por meio de materiais plásticos ou usar aplicativos e recursos digitais para fazer criações baseadas nas obras da artista.

O segundo desafio foi expor o trabalho dos alunos. Ivana usou uma plataforma virtual e inseriu os as obras: 

“Foi muito legal, e os alunos amaram, pois podiam ver os trabalhos dos colegas, curtir, fazer comentários e o mais interessante, que as criações ficam armazenadas em ambiente virtual de aprendizagem e podem ser acessados por qualquer pessoa, independente da sua localização geográfica. A própria artista Mariana Palma nos mandou mensagem feliz com a iniciativa”.

A plataforma de exposição virtual não vai mais sair das aulas da professora mesmo com o retorno das aulas no laboratório. As ideias fizeram os alunos ficarem mais interessados na matéria: “Mesmo durante a pandemia, com ajuda da tecnologia, fomos a museus nas aulas de arte, foi muito legal. E quero fazer mais vezes”, conta o Pietro Mardegan, do 7 ano.

Ana Carolina Gonçalves, do 3º ano do Ensino Médio, também aprovou o novo modelo. “Ter aulas de arte de forma remota foi desafiador, mas nos trouxe a oportunidade de testar novas ferramentas e modos de usar a criatividade. Estudar sobre o mito de Orfeu permitiu que a gente aprendesse não só sobre mitologia, mas também sobre como expressar o nosso entendimento de algo com materiais simples do dia a dia”.

O desafio na Educação Infantil

A cena é comum em muitas casas: ao mesmo tempo em que a televisão está ligada, a criança mexe no tablet ou no celular. São estímulos e informações diversos ao mesmo tempo.

Atrair a atenção das crianças nas aulas on-line durante a pandemia exigiu uma carga grande de dedicação dos professores. Muitos se fantasiavam, contavam histórias, dançavam, usavam desenhos e vídeos. Com a volta para a escola, não foi muito diferente. 

A criançada se acostumou a ter mais acesso aos meios digitais. O jeito foi tratar de inserir os mais diversos recursos nas aulas.

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Professoras do Colégio Novo Mundo aprendem a usar tecnologia para inovar nas aulas

A professora do grupo 3, do Colégio Novo Mundo, Nária Cristina, dá aula para crianças de três anos e conta que foi difícil no começo das aulas online e os professores se uniram para aprender, conhecer novas ferramentas e inovar. Mas as mudanças trouxeram mais dinamismo:

“A tecnologia monitorada é muito rica para a Educação Infantil. Dá para trabalhar todas as linguagens, como letramento, matemática, musical, corporal e a criança efetiva a aprendizagem com prazer. Ficam todos muito envolvidos e interessados nas aulas”.

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“Inclusão digital é fundamental”, diz diretora

A neuropsicopedagoga e diretora pedagógica da escola Novo Mundo, Elaine Cristina Santana,  explica que a inclusão digital é fundamental e quando utilizada de forma correta, monitorada e assertiva, potencializa saberes, gera novas oportunidades, amplia conhecimentos e dinamiza as propostas educacionais.

“No lugar do quadro, recursos da natureza e materiais impressos, vídeoaulas eram gravadas, a edição das gravações eram realizadas, fundos, cenários e outros recursos digitais passaram a integrar-se aos materiais de rotina da escola. Celular, whatsapp, tablet e computadores garantiram a conexão no contexto educacional e possibilitaram reflexões, mudanças de posturas e muitas aprendizagens”.

Como achar o limite

A velocidade das mudanças é tão grande que o desafio não é só dos professores e escola, muitas famílias também se perdem em meio as novidades tecnológicas.

Mas é importante conhecer para monitorar as crianças e adolescentes. Os joguinhos ou “games” tão comuns nos dispositivos eletrônicos podem ser uma ótima ferramenta de trabalho para os profissionais ou mesmo para dar momentos de tranquilidade aos pais, mas é importante entender que há limites.

A neuropsicopedagoga Patrícia Puppo explica que os jogos podem ser utilizados na educação como ferramenta para estimular funções neurológicas para a aprendizagem, mas é preciso cautela. 

“Os jogos utilizam mecanismos que ativam substâncias no cérebro responsáveis pela motivação. Por isso, quem usa jogos por muito tempo pode ter desinteresse em outras atividades, como esporte, leitura. Eu sugiro às famílias que elas organizem a rotina das crianças com diversas atividades que possam equilibrar esse uso dos eletrônicos.”

Confira no vídeo os limites para as crianças no uso de jogos: