Geral

Novo período chuvoso expõe velhos problemas e levanta dúvidas sobre eficácia das ações do poder público

Alagamentos, deslizamentos, obstrução de vias e risco de contaminação são alguns dos problemas com os quais a população capixaba voltou a conviver

Foto: Marlon Max / Folha Vitória

O período chuvoso no Espírito Santo trouxe de volta o drama dos alagamentos, deslizamentos de terra, obstrução de vias e o risco de contaminação por doenças. Além disso, levanta questionamentos sobre a eficácia das ações de prefeituras e do Governo do Estado na busca pela resolução dos problemas.

Confira a cobertura completa do Folha Vitória sobre a chuva no Espírito Santo

No interior do estado, segundo o Corpo de Bombeiros, os municípios que mais sofrem são aqueles que não têm uma Defesa Civil bem estruturada. “Às vezes o interior tem alguns municípios que têm a Defesa Civil estruturada, até mesmo porque nós damos treinamento para todas as coordenadorias durante todo o ano. O que ocorre é que alguns municípios dão uma importância maior à prevenção e outros municípios uma importância menor”, explicou o coordenador de comunicação do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Carlos Wagner Borges.

“O que importa é que momentos como esse levem a gente a um sistema de conscientização de que devemos estruturar mais as nossas coordenadorias municipais, porque isso traz uma força maior ao atendimento social no município nos momentos de necessidade”, completou o tenente-coronel.

Na Grande Vitória, um dos grandes problemas com a chuva forte são os alagamentos. Eles se repetem, apesar de algumas ações já feitas pelas prefeituras e o Governo do Estado, como a instalação de estações de bombeamento, galerias para escoamento da chuva e obras de macrodrenagem.

Em Cariacica, o relevo da cidade faz dos deslizamentos de terra uma grande preocupação. De acordo com o prefeito Juninho, o problema foi reduzido com o uso da geomanta, um composto de PVC e argamassa aplicado sobre as encostas. Em outros pontos, a indicação foi construir muros de arrimo, como no bairro Alto Boa Vista.

“Nós tínhamos que decidir qual das duas ações nós iniciaríamos naquele momento. A gente decidiu pela geomanta, estabilização de encostas. Onde não teve geomanta, como aconteceu, por exemplo, agora em março, nessas últimas chuvas, nós colocamos muro de contenção, muro de arrimo, e a gente vem trabalhando cuidando das encostas. A geomanta é o grande sucesso, não só aqui em Cariacica, como algumas cidades do Espírito Santo e também em outras cidades brasileiras”, frisou Juninho.

Além dos deslizamentos, os alagamentos afetam muitos moradores de Cariacica. O prefeito afirma que esses casos se concentram principalmente nas regiões ribeirinhas, em especial às margens dos rios Marinho e Formate.

“Algumas questões históricas, construções irregulares, a questão do próprio lixo, entulhos em locais que estão muito próximos a grandes bacias hidrográficas. E aí entra o rio Formate, que é um grande exemplo disso, o Itanguá, o rio Marinho, o Bubu. Tirando isso, a gente sabe que qualquer ação nesse sentido depende de municípios vizinhos juntos com a gente, e também o Governo do Estado”, ressaltou.

Em Vila Velha, uma das medidas para reduzir os alagamentos foi a construção de estações de bombeamento. Existem três delas, que funcionam normalmente, segundo a prefeitura. Mesmo assim, parte da cidade ficou de novo debaixo d’água nessas últimas chuvas.

Por meio de nota, a prefeitura informou que aguarda investimento do Governo do Estado para a construção de mais 11 estações. A produção da TV Vitória/Record TV entrou em contato com o governo estadual para questionar sobre o investimento, mas até a noite desta segunda-feira (18) ainda não havia retorno.

No município de Serra, a prefeitura diz que está investindo R$ 40 milhões em drenagem e pavimentação, além da dragagem do rio Jacaraípe e de mutirões que já retiraram mais de 100 toneladas de entulho de pontos viciados, material que acabava indo parar nas galerias pluviais.

Já a Prefeitura de Vitória informou que, desde 2013, promove ações para reduzir os efeitos das chuvas e que, durante esse período, foram concluídas 60 obras em áreas de risco de 33 bairros da cidade.

Planejamento

Para além de ações pontuais, realizadas por cada município, especialistas em meio ambiente e urbanismo dizem que planejar a ocupação das cidades é fundamental para evitar que, no futuro, o problema persista e se agrave.

O engenheiro ambiental Antônio Sérgio Mendonça afirma que obras como as que já foram feitas são importantes, assim como as que estão prometidas. No entanto, segundo ele, é preciso fazer muito mais do que isso, não só o poder público, mas também a população.

“Existe uma série de medidas. Por exemplo, em locais em que as pessoas estão ocupando áreas que se inundam periodicamente teria que haver uma forma, por exemplo, de mudar essas pessoas para locais mais protegidos. Às vezes tem novo loteamento que está sendo criado sem nenhuma infraestrutura de drenagem”, destacou.

Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV