As ações promovidas ao longo dos anos de conscientização sobre a doação de órgãos em Cachoeiro tem surtido efeito na população. Comparando o primeiro semestre de 2016 com o de 2017, foi registrado um aumento significativo de 30% nas doações na Santa Casa de Misericórdia. No mesmo período, em todo o país, o aumento foi de 15%, segundo a Associação Brasileira De Transplantes de Órgãos (ABTO).
De acordo com a coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa, a enfermeira Cristiane Bittencourt, apesar do aumento, o número poderia ter sido maior na instituição, já que neste ano, 35% das doações não foram concretizadas. Na maioria dos casos, as causas da não efetivação da doação são: familiares indecisos, desconhecimento do desejo do potencial doador, a família deseja o corpo íntegro e a incompreensão da morte encefálica.
“Ainda existe um grande tabu, o que dificulta a decisão da família. A morte encefálica é a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Isto significa que, como resultado de severa agressão ou ferimento grave, o sangue que vem do corpo e supre o cérebro é bloqueado, causando o óbito”, explica a enfermeira.
Para que a doação ocorra, é necessária uma decisão rápida da família, pois no momento em que ocorre a morte cerebral, os órgãos começam a entrar em falência. Se a doação demorar a acontecer, eles ficam inviáveis, pois o risco de rejeição no transplante aumenta a cada hora em que o órgão fica no corpo do doador morto.
“A doação pode melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas e permitir um tempo maior. Em uma única doação podemos salvar até oito vidas, pois pode ser doado: coração, pulmão, rins, pâncreas e córneas. E outros estados esse número pode ser muito maior, pois possuem outros bancos para armazenar os tecidos”, completa Cristiane.
No próximo mês de setembro, a Santa Casa realizará a campanha que visa reforçar na população do sul do Estado, a importância de conversar com os familiares sobre o desejo de ser um doador de órgãos. Até o final da década de 90, o desejo deveria estar nos documentos como RG e carteira de motorista. No entanto, não é mais assim. Mesmo que pessoa tenha manifestado em vida a vontade de ser um doador, a decisão final é da família.