O Brasil enfrenta um paradoxo tocante no que se refere à adoção. De acordo com o Sistema Nacional de Adoção (SNA), existem 33.325 famílias cadastradas e aptas a adotar, enquanto 4.318 crianças e adolescentes esperam por um lar. Essa discrepância numérica evidencia que, para cada criança na fila, há quase oito famílias desejando adotar.
Apesar desse cenário aparentemente favorável, fatores como preferências por características específicas e limitações na idade acabam dificultando a conclusão de muitas adoções.
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Dentro desse contexto, a literatura também busca iluminar as nuances emocionais e sociais da adoção. É o caso de Amor às causas perdidas, de Paola Aleksandra, um romance contemporâneo que une ficção e reflexões profundas sobre temas como acolhimento, adoção consciente e superação de traumas.
A obra convida os leitores a mergulharem na vida de dois personagens complexos: Laura, uma jornalista que foi adotada pelos avós, e Téo, um médico que cresceu em uma família formada por dois pais.
Adoção no Brasil: por que tantas crianças ainda esperam?
Embora o número de famílias interessadas em adotar seja significativamente maior do que o de crianças disponíveis, a realidade é mais complicada. A maioria dos pais adotivos deseja bebês ou crianças pequenas, enquanto grande parte dos menores no sistema já está em faixas etárias mais avançadas. Além disso, questões como grupos de irmãos e condições de saúde específicas também influenciam na dificuldade de encontrar lares para todos.
A adoção, no entanto, não é apenas um ato de amor, mas uma responsabilidade. É um processo que exige preparação emocional e entendimento das necessidades dos filhos adotivos, que muitas vezes carregam histórias de abandono e traumas.
Paola Aleksandra destaca essa complexidade em sua obra, onde os personagens Laura e Téo enfrentam dilemas pessoais que refletem os desafios de se sentir pertencente e amado em contextos de adoção.
Amor às causas perdidas: uma reflexão literária sobre adoção
O romance de Aleksandra é um retrato delicado de como as histórias de adoção moldam vidas. Laura, a protagonista, é uma jornalista que descobre segredos familiares enquanto enfrenta a própria jornada de autoconhecimento. Já Téo, adotado por um casal homoafetivo, oferece uma perspectiva sobre a diversidade e o amor incondicional em contextos familiares não tradicionais.
A obra aborda temas sensíveis como abandono parental, luto, perdão e a busca pelo amor-próprio. A autora utiliza a narrativa como um meio de provocar reflexões sobre a importância da adoção consciente e do acolhimento baseado em respeito e empatia.
“Talvez eu passe a vida toda me achando uma causa perdida […] mas, perdida ou não, ainda sou capaz de sonhar”, diz um trecho marcante do livro. Essa frase sintetiza a essência da obra: a possibilidade de superar traumas e encontrar um propósito, mesmo diante de adversidades.
A importância da adoção consciente
A autora também enfatiza a necessidade de adotar com responsabilidade. Em suas entrevistas, Aleksandra tem reforçado que acolher uma criança não é apenas suprir suas necessidades básicas, mas também oferecer um ambiente emocionalmente seguro e respeitoso.
Esse tipo de adoção é essencial para garantir que o jovem se desenvolva em um ambiente que promova autoestima, pertencimento e amor. “Não é sobre resgatar alguém, mas sobre construir uma família com base na empatia e no afeto”, afirmou a autora em uma de suas entrevistas.
Adoção e diversidade familiar
O personagem Téo é um dos destaques do livro, representando um exemplo de família homoafetiva. Adotado junto com a irmã na infância por dois pais, ele cresceu em um lar amoroso, desafiando preconceitos e estereótipos.
Essa representação é fundamental para ampliar a visão da sociedade sobre a diversidade familiar e reforçar que o amor não tem barreiras de gênero, orientação sexual ou estrutura familiar. Paola Aleksandra utiliza a narrativa de Téo para mostrar como o acolhimento genuíno é capaz de transformar vidas.
Reflexões para o Dia Nacional da Família
No próximo Dia Nacional da Família, celebrado em 8 de dezembro, a obra Amor às causas perdidas surge como uma sugestão significativa de leitura. A data convida à reflexão sobre os laços que realmente definem uma família – mais do que biologia, trata-se de conexão, cuidado e respeito mútuo.
Paola Aleksandra também se coloca à disposição para entrevistas e diálogos sobre o tema, reforçando a relevância de pensar a adoção para além de números, mas como uma prática que transforma vidas.
Por que ler Amor às causas perdidas?
Além de sua relevância social, o romance encanta pelo enredo envolvente e personagens bem construídos. Paola Aleksandra utiliza referências a clássicos como Alice no País das Maravilhas para enriquecer a narrativa, enquanto aborda questões difíceis com leveza e sensibilidade.
Para aqueles que gostam de histórias de superação e romance slow-burn, o livro é um prato cheio. Ele também traz uma mensagem poderosa: todos merecem ser amados, independentemente de seus passados ou circunstâncias.
A autora por trás da história
Paola Aleksandra é conhecida por sua paixão pela literatura e por contar histórias que aquecem o coração. Criadora do canal literário Livros & Fuxicos, ela iniciou sua jornada como escritora em 2017 e já publicou romances de época que conquistaram leitores pelo Brasil.
Amor às causas perdidas é sua estreia na ficção contemporânea, trazendo um olhar sensível e reflexivo sobre questões que impactam famílias e indivíduos.
A adoção é uma experiência de transformação mútua – tanto para as crianças quanto para as famílias que as acolhem. Com histórias como as de Laura e Téo, Paola Aleksandra nos lembra que, por trás de cada adoção, há histórias de superação, resiliência e amor.
Em um país onde milhares de crianças ainda esperam por um lar, livros como Amor às causas perdidas são mais do que entretenimento; são convites à empatia e à ação. Ao lermos e discutirmos obras como essa, podemos contribuir para uma sociedade mais acolhedora, onde cada criança tenha a chance de encontrar uma família que a ame e respeite incondicionalmente.